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Economia da Serra em seus desafios e oportunidades para os próximos anos

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Vista aerea da ArcelorMittal Tubarao. Foto: Mosaico Imagem/ArcelorMittal

Entre as 200 maiores empresas do Espírito Santo em termos de receita operacional líquida (ROL), 32 estão situadas na cidade da Serra. Essa informação consta na 27ª edição do Anuário IEL — 200 Maiores e Melhores Empresas no Espírito Santo. O estudo registrou uma receita total de R$ 183 bilhões no ano de 2022, período analisado, representando um aumento de 10% em relação ao ano de 2021. Embora os dados pareçam muito bons, existe algumas ressalvas a serem feitas.


Concentração de renda

Faixa continental de Vitória pertencia a Serra até 1963, quando foi incorporada para repassar impostos do Porto de Tubarão aos cofres da capital.

Apesar da relevância econômica da Serra, a concentração de renda fiscal no Espírito Santo ainda se mantém predominantemente na capital, Vitória. Dentre as 200 maiores empresas do estado, Vitória abriga 64 delas, o dobro da quantidade localizada na Serra, além de registrar um ROL de R$ 115 milhões, o que representa 62% do total gerado pelo conjunto de empresas analisadas no estudo. É importante destacar, contudo, que muitas dessas empresas, embora operem em diferentes localidades do Espírito Santo, têm suas sedes fiscais em Vitória, razão pela qual os números são atribuídos à capital. O exemplo mais evidente é o da Petrobrás, que lidera a lista e opera em várias cidades do estado, especialmente no litoral sul capixaba, mas possui sede fiscal em Vitória apesar de não extrair uma gota de petróleo na capital.

A Wine, uma empresa de comércio varejista online especializada em vinhos, serve como outro exemplo local. Inicialmente, em 2011, a empresa estabeleceu sua sede no Civit II, na Serra. Contudo, em 2017, a Wine mudou sua sede fiscal para Vitória, mantendo sua estrutura na Serra essencialmente como um centro operacional com tráfego intenso de caminhões e movimentação de cargas e pessoal. Com essa mudança, Vitória passou a arrecadar os impostos de uma empresa que, embora mantenha seu escritório administrativo na capital, realiza suas operações principais na Serra. Não dá para saber quanto a Serra perdeu em impostos anuais com essa decisão da Wine, mas deve ter sido muito, considerando que a empresa é listada na 27ª edição do Anuário IEL como a terceira maior empresa de comércio varejista no Espírito Santo, com uma receita operacional líquida de R$ 505 milhões em 2022.

O Anuário IEL revela na verdade um problema antigo no Espírito Santo, que é a distribuição desigual das arrecadações fiscais e tributárias. Esse problema é ainda mais agressivo com as cidades do interior, onde ocorrem muitas operações de extração e mineração, por exemplo, o que faz com que os impactos dessas atividades sejam sentidos, enquanto a capital acumula as vantagens fiscais como pagamento de impostos e demanda por mão de obra mais qualificada e mais bem remunerada, que retroalimenta a economia de Vitória. Espera-se que esta situação mude, pelo menos parcialmente, com a implementação da Nova Reforma Tributária, apesar das críticas e incertezas que a cercam em vários aspectos, especialmente no que tange a própria Serra (assunto rabiscado abaixo).

Existem diversos exemplos dessa política de predação fiscal por parte de Vitória ao longo da história da Serra. Uma rápida olhada nessa história revela situações como a que ocorreu no século XIX, quando o distrito de São José do Queimado era um dos locais mais importantes do Espírito Santo. Naquela época, a capital, de olho na arrecadação de impostos, incorporou aquele território, retirando-o da Serra, mesmo que toda a dinâmica econômica e cultural estivesse intimamente ligada a ela. Em um exemplo mais foi a incorporação da atual faixa continental de Vitória, que engloba bairros como Goiabeiras, Jardim Camburi e toda a faixa da orla de Camburi. Todo esse território pertencia à Serra até 1963, quando foi repassado a Vitória durante a construção do Porto de Tubarão, pela Vale, e na esteira das construções da UFES e do Aeroporto Eurico Salles, com o objetivo de transferir os impostos para os cofres de Vitória.

Esse tipo de questionamento tem implicações práticas contemporâneas e levanta discussões sobre a justiça fiscal entre municípios. No caso do Porto de Praia Mole, que se situa na divisa entre Serra e Vitória, a situação é especialmente complexa. Apesar de o porto estar fisicamente localizado entre os dois municípios, com as entradas de carga e veículos pesados voltadas para a Serra, o fato de o ISS (Imposto Sobre Serviços) gerado ser direcionado aos cofres de Vitória gera um debate sobre se é justo que a Serra, apesar de arcar com parte do impacto das operações do porto, não receba uma parcela proporcional dos impostos gerados por essas atividades.

De qualquer forma, se tratando de investimento, evidentemente muita coisa se soma, já que Serra e Vitória estão inclusas dentro da mesma região metropolitana e a economia de uma, em tese, ajuda a outra; por isso, esse filtro por cidade pode acabar gerando alguma miopia dependendo da perspectiva pela qual se observa. Exemplo é o investimento bilionário da Vale oriundo do Plano Diretor Ambiental, que está em discussão, e que certamente vai beneficiar uma cadeia econômica que inclui a Serra.


Desafios do Aço

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Crédito: Divulgação

Retomando a análise econômica da Serra, a ArcelorMittal continua a ser o principal impulsionador da economia local. No entanto, o estudo recente aponta para um ‘sinal amarelo’ aceso. A ArcelorMittal, apesar de ter avançado do terceiro para o segundo lugar no ranking de 2022, comparado a 2021, apresentou uma redução na sua receita operacional líquida (ROL). Esse aparente contrassenso ocorreu porque a ROL da Vale, que antes ocupava a segunda posição, sofreu uma queda mais acentuada do que a da siderúrgica. Em termos numéricos, a ArcelorMittal registrou R$ 16,8 bilhões em 2022, um valor 7,95% inferior ao do ano anterior. Por outro lado, a Vale teve uma redução de 28,45% na sua ROL, o que resultou na subida da ArcelorMittal no ranking, apesar da diminuição das suas receitas comparadas a 2021.

Existem várias explicações para a queda na receita da Arcelor, incluindo a invasão de aço chinês no mercado brasileiro. Há uma crise na construção civil na China, associada a novas variantes de Covid-19, que tem gerado uma postura de austeridade no mercado interno chinês. Isso levou a uma drástica redução no consumo de aço no país, e como resultado, parte do excedente tem sido direcionado ao Brasil com preços subsidiados. Estes preços estão muito abaixo dos praticados pela siderurgia nacional, criando uma disputa desleal. A situação deve se agravar nos próximos meses, conforme alertas do Instituto Aço Brasil, que representa o setor siderúrgico do país, que inclusive tem defendido medidas protecionistas. Qualquer variação significativa nos números da ArcelorMittal é motivo de preocupação para a Serra, pois, desde a sua inauguração em 1983 (como CST), a empresa tem sido o motor da economia local.


Incertezas quanto a Reforma Tributária

Reforma Tributária é o maior desafio na pauta economica do Governo Lula. Proposta segue rodeada de incertezas para os municípios. Foto: Cláudio Knebe/Secom

Esse cenário torna-se ainda mais preocupante diante dos impactos da Reforma Tributária. Espera-se que a Serra enfrente uma perda de receita com a implementação da medida. Alguns estimam uma redução de até R$ 300 milhões por ano, o que seria uma catástrofe fiscal se não houver medidas de compensação ou ações para reequilibrar as perdas. Embora esse assunto ainda esteja adormecido na Serra, ele representa uma das maiores ameaças à qualidade dos serviços públicos municipais, como saúde e educação.

Esse é um assunto que ainda vai render muito, já que ainda está sendo objeto de discussão no Parlamento brasileiro e vai afetar a distribuição da arrecadação entre os municípios. A proposta é complexa e já é motivo de debate no Brasil há décadas. Atualmente é o principal desafio da agenda econômica do governo Lula. A proposta busca simplificar o sistema tributário substituindo cinco impostos atuais (ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins) por três novos: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto Seletivo (IS). Essa mudança é crítica para a Serra, uma vez que o ISS e o ICMS são as principais fontes de arrecadação do município.

Outro item que carece de maior atenção é a forma pela qual a cobrança de impostos será feita, isso porque ela deixará de ser feita na origem (ou seja, local de produção) e passará a ser feita no destino (local de consumo). Essa mudança, no contexto de uma economia industrial, logística, produtiva e exportadora como a da Serra, pode fazer com que a receita despenque. Todas essas mudanças, e muitas outras que estão no bojo da Reforma, são diretamente relacionadas a saúde financeira da Serra nos próximos anos. Evidentemente, tais alterações devem ser feitas progressivamente, porém, historicamente falando, as políticas de compensações no que se refere ao Espírito Santo, foram insuficientes no passado.


Sudene e ZPE no Norte – petróleo no Sul

Aracruz vai receber a primeira Zona de Processamento de Exportação (ZPE) privada do Brasil. Uma ZPE foi pensada para a Serra em 1996, mas decisão política errática inviabilizou a medida.

Há diversos desafios que a Serra enfrentará nos próximos anos, sendo importante observar e mensurar os impactos das dinâmicas econômicas em Aracruz e Linhares. Ambas as cidades estão vivenciando um crescimento de novos negócios, impulsionados por projetos portuários e pelas vantagens oferecidas pela Sudene, que incluem a redução de burocracias e a concessão de benefícios fiscais e tributários.

Um fator importante nesse cenário é a implantação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) em Aracruz, um instrumento que não apenas estimula a produção para exportação, mas também oferece benefícios fiscais, cambiais e administrativos diferenciados. Essa ZPE em Aracruz é um marco, considerando que, em 1996, o então prefeito da Serra, João Batista da Motta, tinha planos de instalar uma ZPE no TIMS, em Carapina. Apesar da infraestrutura adequada, uma decisão política errática do governador da época, Vitor Buaiz, redirecionou o projeto para Vila Velha, o que acabou inviabilizando-o. Mesmo com esforços subsequentes de Sergio Vidigal em seu primeiro mandato, a Serra perdeu essa oportunidade; e um ZPE só se concretizou agora em 2023, tendo sido Aracruz a cidade escolhida.

Diante desse panorama, especialmente no que diz respeito a Aracruz, existem incertezas sobre como a economia da Serra responderá. A cidade se beneficiará do crescimento econômico do norte capixaba ou sofrerá com a fuga de investimentos privados? Eis o motivo principal da importância da obra do Contorno de Jacaraípe, que está sendo executada pelo Governo do Estado, além da estrada interligando-o a Santa Cruz.  Estas rodovias podem conectar a Serra a uma das áreas de maior expansão logística e portuária do país, potencialmente influenciando seu desenvolvimento econômico.

A possibilidade de inclusão da Serra na área de atuação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) é um tema que merece reflexão. A Sudene é uma autarquia federal criada para fomentar o desenvolvimento do Nordeste do Brasil e combater as desigualdades regionais. Recentemente, as políticas de estímulo da Sudene foram expandidas para algumas cidades da bacia do Rio Doce e, em 2021, chegaram até Aracruz. É interessante notar que a arrecadação per capita de Aracruz é de aproximadamente R$ 7 mil, quase o dobro da arrecadação da Serra, que é de cerca de R$ 4 mil. A Serra é a cidade capixaba com a maior quantidade de pessoas na linha da pobreza, cerca de 170 mil, segundo dados do IBGE. Embora uma inclusão como essa possa demandar um período de 10 a 15 anos para ser efetivada, iniciar esse debate é um passo que em algum momento precia ser dado.

Direcionando o olhar para o litoral sul capixaba, também surgem algumas questões que a economia da Serra precisa se atentar. Isso porque o petróleo está fazendo chover dinheiro em Itapemirim, Presidente Kennedy e Marataízes. Essas três pequenas cidades já ostentam os maiores orçamentos per capita entre todos os municípios do Espírito Santo, que foram anabolizados com os royalties de petróleo. O crescimento dessas cidades no Índice de Participação dos Municípios (IPM), que é utilizado para calcular quanto cada cidade vai receber na divisão do ICMS, já é explícito. Essa não é uma informação qualquer, considerado que o ICMS é a principal fonte de arrecadação do município.

A Serra lidera o IPM com 14,85% de todo o repasse para 2024, porém, houve uma queda já que no exercício fiscal desse ano de 2023, o índice foi fixado em 15,625%. Na prática, é um resultado que confirma a saúde da economia da Serra, mas também evidencia o avanço de outras economias. O problema disso, é que proporcionalmente gera uma realidade muito desigual, uma vez que essas três cidades do sul, tem tamanho similar a um bairro de porte médio da Serra, porém recebem milhões em royalties além de aumentar sua cota do ICMS, consequentemente, reduzindo a dos demais.

Para ser ilustrativo quanto a discrepância proporcional nessa relação: a cidade de Presidente Kennedy tem pouco mais de 11 mil habitantes, o que equivale em número populacional, ao bairro Barcelona, na Serra. Ocorre que essa pequenina cidade do sul capixaba já recebeu R$ 370 milhões em royalties de petróleo em 2023. Isso não seria necessariamente um problema para a Serra, ocorre que esse volume de investimentos começa a produzir um efeito colateral que é o consequente aumento da cota da parte (IPM) do ICMS, já que suas economias estão aquecidas pelo petróleo. Exemplo real é a cidade de Itapemirim, que em 2023 recebeu 2.2% do IPM, já em 2024 deve receber 3.7%. Pode parecer pouco, mas tratando-se de um rateio de recursos que chega à cifra total de R$ 17 bilhões, é um aumento muito expressivo. Qualquer variação para menos no IPM da Serra significa prejuízos milionários, e nesse sentido competir com cidades que tem benefícios da Sudene e ZPE, ou estão na rota do petróleo, não é nada fácil.


 Investimentos

Se há incertezas quanto a algumas mudanças e contextos das quais a Serra está inclusa, paralelamente não há qualquer dúvida quanto as oportunidades que a cidade pode gerar. Resultado disso é que a Serra está prevista para ser a sexta cidade do Espírito Santo em termos de volume de investimentos públicos e privados nos próximos cinco anos. Esse dado foi divulgado no mês passado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e faz parte da Carteira de Investimentos Anunciados e Concluídos para o período de 2022-2027. O documento indica que o Espírito Santo deverá receber R$ 65,8 bilhões em investimentos, dos quais R$ 5,07 bilhões são oriundos da Serra. O estudo considera empreendimentos com valor individual acima de R$ 1 milhão.

No estado todo, o valor total está distribuído em 981 projetos, que abrangem todos os 78 municípios capixabas. A Serra tem 63 desses projetos, alguns já em fase de execução e outros ainda em estágio de oportunidade. O estudo classifica os investimentos em quatro categorias: Privado Nacional, Público, Capital Misto e Estrangeiro.


Arcelor, motor da economia

ArcelorMittal é a âncora do desenvolimento da Serra desde 1983, quando foi inagurada a antiga CST.

Dentre os investimentos anunciados, a indústria é o setor que mais deve injetar recursos na economia da cidade, representando 54% do total. Mesmo enfrentando as incertezas quanto a invasão do aço chinês no Brasil, a ArcelorMittal continua sendo o motor econômico do município da Serra, responsável pelo maior volume de aportes. Está projetado que a multinacional realize investimentos da ordem de R$ 1,1 bilhão, com a maior parte já em execução.

Esses investimentos provêm do Termo de Compromisso Ambiental (TCA) nº 36/2018, que estabeleceu 114 diretrizes e 131 metas, desdobrando-se em 446 ações com o objetivo de diminuir a poluição emitida pela siderúrgica. Entre as iniciativas estão a instalação de 8 quilômetros de wind fences (barreiras de vento) e a construção de 11 galpões, abrangendo 38 mil metros quadrados de área coberta, além de um galpão inflável para áreas de estocagem não permanente, entre outros. Apesar do foco ambiental dessas ações, elas também injetam uma quantidade volumosa de recursos na economia da Serra, considerando a cadeia de fornecedores, distribuidores e prestadores de serviços envolvidos.

Além disso, a ArcelorMittal tem empreendido outras iniciativas na Serra, destacando-se a construção da bateria de coque número 4. Iniciada em 2020, essa obra já foi considerada concluída pelo IJSN com investimento de R$ 523 milhões. A quarta bateria de coque da empresa é uma instalação grande e complexa, abrigando 49 fornos de coqueificação alinhados. Com uma capacidade de produção anual de 600 mil toneladas de coque, essa nova bateria complementa as outras três unidades originais, projetadas ainda na década de 1980. O projeto se estende por uma área construída de 7 mil metros quadrados e atinge 20 metros de altura em seu ponto mais alto.

Uma bateria de coque, no contexto da siderurgia, consiste em uma série de fornos destinados à conversão de carvão mineral em coque, que é um componente importante no setor, pois atua como agente redutor quanto como fonte de energia nos altos-fornos, (equipamentos fundamentais para a produção de ferro gusa, a base para a fabricação de aço).

Mas a grande expectativa a respeito da ArcelorMittal segue sendo a decisão sobre a implantação de um Laminador de Tiras a Frio (LTF) e galvanização, que vai agregar valor ao seu produto e gerar maior volume de investimentos privados na Serra. A empresa debate esse investimento há alguns anos, e está em fase de estudo. Há uma precisão de uma decisão sobre a execução ou não do Laminador de Tiras a Frio no ano que vem.

Na prática, um laminador de tiras a frio é uma instalação industrial para processar aço. Após ser produzido como uma chapa grossa ou uma bobina de aço quente, o aço é levado ao laminador de tiras a frio, que reduz sua espessura e aumenta seu comprimento. Trata-se de um processo que proporciona melhor acabamento, maior precisão dimensional e propriedades mecânicas aprimoradas ao material, tornando-o adequado para aplicações mais exigentes, como fabricação de automóveis, eletrodomésticos, e estruturas metálicas com requisitos precisos de tolerância e acabamento. Se executado, esse investimento da siderurgia é uma oportunidade para a impulsão de diversos novos negócios locais.


Indústria

Civit II é o principal polo indústrial entre os 10 que estão instalados na Serra. Foto: Divulgação

Já faz alguns anos que a indústria não é o principal setor na composição do PIB da Serra. Essa posição foi assumida pelo setor de serviços, guinado em especial pela logística. Porém, os principais investimentos na Serra, seguem sendo da Indústria.  Entre outros destaques desse segmento, além daqueles já citados da ArcelorMittal, estão as obras da Perfilados Rio Doce (Grupo RDG Aços do Brasil), que está investindo aproximadamente R$ 300 milhões na construção de sua terceira unidade fabril, que funcionará no polo Jacuhy. Com conclusão prevista para o final de 2024, o objetivo do projeto é expandir a variedade de produtos da empresa, focando especialmente na fabricação de tubos de condução, roscas e outros itens. O complexo industrial ocupará uma área de 54 mil metros quadrados, inserida em um terreno de 150 mil metros quadrados. A Perfilados Rio Doce (PRD), que tem sua matriz em Linhares, já opera uma unidade no Civit II, na Serra.

A RDG, proprietária da Perfilados Rio Doce, se consolidou como uma verdadeira potência empresarial do estado. No Anuário IEL, o grupo foi classificado como o segundo maior grupo empresarial do Espírito Santo, com base em critérios específicos. Em 2022, a RDG registrou um lucro líquido de R$ 343 milhões, um número que tende a crescer nos próximos anos, com a inauguração da nova fábrica da Perfilados Rio Doce no polo Jacuhy. Além disso, na lista dos 10 maiores grupos empresariais do estado, encontra-se também a Fibrasa, ocupando a 6ª posição, situada no Civit I e com lucro líquido de R$ 77 milhões; e a Diaço, na 10ª colocação, com um lucro líquido de R$ 34 milhões, localizada na ES-010, em Jardim Limoeiro.

O Civit II, aliás, continua sendo o principal polo industrial da cidade, entre os 10 que estão abrigados na Serra. Uma parcela significativa das empresas que têm realizado investimentos em expansão está situada nesse polo. Um exemplo disso é a Biancogres, que investiu R$ 265 milhões em uma nova linha (a sexta da empresa), de porcelanato digital polido. Este produto se destaca pelo brilho intensificado, resultado do polimento de um esmalte com decoração digital. Para tal, foi construído um forno de 300 metros, o maior do Ocidente. A empresa não consta na lista das 200 maiores do Espírito Santo, publicado o 27º Anuário IEL, até porque o envio dos dados é facultativo; mas certamente, trata-se de uma das maiores empresas do Espírito Santo.

Outro importante investimento é o da Viminas, que está expandindo sua capacidade produtiva com um investimento de R$ 50 milhões focado em inovação e tecnologia destinado ao aprimoramento do parque industrial da empresa, situado no Civit II. A Viminas é reconhecida por fornecer vidros para a construção civil e vem diversificando seu alcance, atendendo agora também a indústria moveleira e se preparando para abastecer a indústria de eletrodomésticos de linha branca. A empresa gerou um ROL de R$ 128 milhões em 2022.


Serviços e Comércio

Atividades supermecadista e logística, duas potências econômicas da Serra.

Esses e outros investimentos na indústria se somam a um poderoso arranjo no setor de serviços e comércio, que sustentam o Produto Interno Bruto (PIB) da Serra. Os últimos dados divulgados a respeito do PIB dos municípios capixabas são do ano de 2020. Nele a Serra está em 2º lugar no Espírito Santo, com R$ 25.08 bilhões, atrás somente de Vitória, com R$ 25.47 bilhões. Levando em conta o Valor Adicionado Bruto (VAB) que cada setor da economia representa, o Serviços é de longe o mais significativo, ainda que não seja o primeiro em termos de investimentos anunciados.

A Serra, de fato, é um importante centro estadual de transportes, armazenagem, gestão de estoques, processamento de pedidos, embalagem e manipulação de materiais, além de outras funções logísticas. Essa centralidade se reflete diretamente no Produto Interno Bruto (PIB) da cidade, que registrou um Valor Adicionado Bruto (VAB) de R$ 11.05 bilhões no setor de Serviços, representando 45% do PIB total. Um exemplo dessa força no segmento é a Apex Log Pitanga, um complexo de galpões desenvolvido pela Apex Partners. Localizado na entrada do bairro Pitanga, esse centro logístico de alto padrão ocupa um terreno de 106 mil m² e quando inaugurado vai oferecer uma área locável de 35 mil m², representando um investimento de R$ 118 milhões por parte de um grupo de empresários.

Recentemente também, o mega galpões localizados no Civit I, na entrada de Porto Canoa, a esquerda de quem vem pela rotatória de Maringá na Norte Sul, foram vendidos a uma bagatela de quase R$ 300 milhões. Quem comprou foi um fundo de investimento chamado Vinci Logística, cuja gestora é a Vinci Partiners, que é ligada a XP Investimentos. O complexo se chama Porto Canoa LOG e possui 93.7 mil m² de área bruta locável, dos quais já se encontram totalmente ocupados. O complexo é composto por dois galpões modulares, dispondo das mais altas especificações técnicas observadas em empreendimentos logísticos AAA (triple A), como pé-direito de 14m, capacidade de carga de 8 toneladas/m², pátio para manobras e áreas de estacionamento internas e externas para carretas e automóveis.

Evidentemente que o Setor de serviços é uma classificação diversa e que agrega muitas outras atividades, como a de construção, por exemplo. Nesse sentido, a Serra abriga empresas como a Pelicano, que faz serviços de manutenção e remodelação de ferrovia, obras rodoviárias, obras industriais, obras portuárias, aeroportuárias, urbanas, barragens, saneamento e drenagem. A empresa atingir uma receita operacional líquida em 2022 de R$ 339 milhões e está entre as 60 maiores empresas do estado. Esse resultado deve ter sido atingido em parte, graças as obras do Contorno do Mestre Álvaro, que é a maior obra em curso no estado, que já está em fase final. A Pelicano é uma das empresas que compõe o consórcio vencedor da licitação.

Serviços de Saúde privada também tem avançado na Serra, já que em 2022 iniciou-se a construção da Unidade Avançada, a primeira erguida com o apoio da Holding Unimed Vitória. Com 15.800 metros quadrados de área construída, a unidade receberá um investimento total de quase R$ 114 milhões. A Unimed Vitória promete um moderno complexo de saúde com capacidade para realizar até 30 mil atendimentos por mês. A unidade está sendo erguida às margens da Rodovia Norte Sul, pouco antes do Terminal de Carapina sentido Vitória. Seguindo o conceito de “Hospital Dia”, serão realizados os procedimentos e tratamentos clínicos nos quais os pacientes não precisam de internação. Além disso, serão oferecidos serviços como Pronto Atendimento adulto e pediátrico.

Porém o comércio é a atividade econômica mais comum no cotidiano da população da Serra, isso porque com o avanço da urbanidade da Serra, os bairros passaram a contar com corredores comerciais a céu aberto. Até a década de 1960, Jacaraípe, Nova Almeida e Serra Sede eram os lugares que concentravam a maior parte dos estabelecimentos comerciais. Porém o processo de industrialização da Serra gerou centralidade urbana no Planalto de Carapina, com foco em Laranjeiras, especialmente no final da década de 1980, quando o Terminal de Laranjeiras, a Avenida Norte Sul e o Dório Silva foram construídos. Com a continuidade do adensamento populacional e obras de infraestrutura nos bairros, como esgotamento sanitário, rede elétrica, asfaltamento, e ordenamento urbano, muitas outras localidades passaram a ter comércio fortes e bem articulados.

Hoje em dia, o comércio a céu aberto se espalhou tanto por comunidades, criando inclusive fenômenos como os registrados em Porto Canoa, Novo Horizonte e José de Anchieta, que possuem um aquecido arranjo comercial interno, que se somou a chegada de estabelecimento no formato de shoppings.

Há novidade também no que tange ao conceito destinado a um público com maior poder aquisitivo. Isso porque está em fase final de construção o empreendimento Aldeia da Serra. Na prática a ideia é implantar um shopping com área total de 120 mil metros quadrados, sendo 20 mil m² de área bruta locável (ABL). O empreendimento vai funcionar atrás do Hospital Meridional, na rua ‘Um A’, paralela à Avenida Eldes. Essa via ganhou maior importância viária após as obras da Rotatória do Ó, já que se tornou saída do anel superior para quem busca acessar a Avenida Norte Sul. Há muita expectativa em torno do Shopping Aldeia da Serra, já que a promessa é abrigar cerca de 100 lojas, incluindo uma variedade de marcas de alto valor agregado, opções de serviços, lojas âncoras tradicionais e um espaço gastronômico. A empresa responsável pela obra não divulga os valores, porém no Painel Investimentos ES, do Instituto Jones dos Santos Neves, conta o investimento de R$ 25 milhões na obra.

Porém, o comércio varejista que ganhou guarita em grande escola na Serra foi o segmento supermercadista. Atualmente a Avenida Eldes Scherrer Souza e suas imediações detém a maior concentração de supermercados, atacarejos e hipermercados do Espírito Santo. Para ilustrar, o Extrabom Supermercados possui 35 lojas no estado, dos quais 11 lojas estão na Serra. Mas não somente isso, o Centro de Distribuição e Administração (CDA) do Grupo Coutinho – dono do Extrabom – fica localizado no Civit I em uma área total de 165 mil m². O Extrabom emprega mais de 6 mil pessoas no Espírito Santo. Na 27ª edição do Anuário IEL — 200 Maiores e Melhores Empresas no Espírito Santo, o Extrabom figura como a maior empresa de comercio varejista do estado, com uma receita operacional líquida de R$ 1.97 bilhões.

O comércio atacadista de autopeças também é um setor de destaque na Serra. De acordo com informações do Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Estado do Espírito Santo (Sincades), apenas 31 dos 78 municípios capixabas possuem empresas atuando neste segmento. No que diz respeito à geração de empregos, em 2021, o setor atacadista de autopeças no Espírito Santo empregava formalmente 4,1 mil pessoas, representando 10,3% do total de empregos no setor atacadista do estado. A Serra é responsável por 1,4 mil dessas vagas, o que equivale a 34% do total estadual. Em termos de quantidade de empresas, a Serra se destaca com 73 estabelecimentos nesse ramo, enquanto Cariacica, que ocupa o segundo lugar, conta com quase a metade desse número, totalizando 38 empresas.


Investimentos públicos

Imagens aéreas do Contorno do Mestre Álvaro, na Serra. Foto: divulgação

Para que a economia da Serra se mantenha estável e com saúde financeira para atender a demanda social escalonar oriunda do contínuo crescimento populacional, os investimentos públicos precisam atuar como vetores de desenvolvimento, potencializado os eixos de negócios e criando outras oportunidades para abrigar os investimentos privados para continuar gerando empregos. Desde a implantação do Porto de Tubarão na década de 1960, a Serra experimenta um crescimento populacional contínuo que impõe desafios diários e cada vez mais complexos.

O Censo de 2022 revelou que em 12 anos, foram 103.319 moradores a mais na Serra, passando de 417.330, em 2010, para 520.649, em 2022, o que significa um aumento de 24,8%. Dados que colocaram a Serra como a 12ª cidade que mais aumentou o número de habitantes no país. Essa realidade contrasta e muito com o Espírito Santo. Para se ter uma ideia, na segunda colocação está Vila Velha, que ganhou 53.136 habitantes, ou seja, praticamente metade se comparado com a Serra. Em Vitória, a diferença é ainda mais acentuada: a capital não alcançou nem 1% de moradores a mais de 2010 a 2022.

O crescimento populacional é resultado das oportunidades que se abrem na Serra, mas também é um fator preocupante na gestão da cidade, que a deixa refém desse mesmo processo, fazendo com que o crescimento econômico da Serra se torne praticamente uma obrigação, tanto para absorver a população em idade ativa, mas também simultaneamente continuar aumentado a arrecadação e  expandir a oferta de serviços públicos, como limpeza urbana, vagas em escolas e creches, atendimentos de saúde e investimos em mobilidade urbana, por exemplo.

E há boas perspectivas nesse sentido, já que a médio e longo prazo, as obras viárias que estão planejadas podem acrescentar economicamente a Serra. Na verdade, a cidade está na eminência de um terceiro ciclo rodoviário. Algumas obras já saíram do papel, como a nova Rotatória do Ó e o Complexo Viário de Carapina, mas os projetos verdadeiros promissores são os Contornos do Mestre Álvaro e de Jacaraípe (ambos em execução), além da terceira ligação entre Serra e Vitória (em fase de projeto).

1º ciclo rodoviário

Quando elevada à condição de cidade, em 1875, a Serra era uma cidade pequena e de difícil acesso. Por terra, não havia muitas soluções transitáveis; a única via carroçável era a estrada geral da costa. Naquele período, os caminhos mais viáveis para se deslocar eram fluviais, por meio do Canal dos Escravos (que existe até hoje) e o Rio Santa Maria da Vitória, através da Freguesia de São José do Queimado.

A primeira grande mudança ocorreu no início da década de 1920, no governo de Nestor Gomes quando a primeira via terrestre minimamente estruturada entre Serra e Vitória foi estabelecida. Os governadores subsequentes, tanto Florentino Ávidos (1924) quanto Aristeu Borges de Aguiar (1928), investiram em melhorias das estradas de rodagem, tanto entre Serra e Vitória, quanto entre Serra e Nova Almeida – que na época não era território serrano. Esse primeiro ciclo rodoviário se encerrou com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder no Brasil e o estabelecimento de um interventor no Espírito Santo.

2º ciclo rodoviário

Daí em diante, a Serra só viu novos investimentos estruturantes em rodovias nas décadas de 70 e 80, um período marcado pela construção do atual traçado da BR-101 e da Avenida Norte Sul; pela pavimentação da ES-010 e pela criação de vias internas, como a Avenida Eldes Scherrer de Souza (ex-Avenida Civit), por exemplo. Esse segundo ciclo rodoviário foi impulsionado pelas políticas de investimento em infraestrutura rodoviária do Regime Militar e pelas articulações, principalmente do ex-prefeito João Batista da Motta, especialmente durante seu primeiro mandato (1982 – 1988). Desde então, não houve investimentos que estabelecessem um novo marco na Serra, embora, isoladamente, tenham ocorrido obras de grande importância, como a Avenida Audifax Barcelos (Serra x Jacaraípe).

Atualmente: 3º ciclo rodoviário

Contudo, a Serra parece estar à beira de um terceiro ciclo de entregas viárias, que, em conjunto, podem dar um novo ímpeto ao desenvolvimento econômico, abrir caminho para novos eixos urbanos e de negócios, além de proporcionar um novo desenho de ocupação na cidade.

O maior deles, que deve ser inaugurado ainda este ano, é o Contorno do Mestre Álvaro, que promete ressignificar o lado oeste do Mestre Álvaro, região que sofreu um processo de desocupação urbana desde o desmonte de São José do Queimado. Após 100 anos, a Serra poderá redescobrir os potenciais da faixa oeste do município, área de exuberantes belezas naturais, que, se bem administrada com o desenvolvimento econômico, pode criar outro corredor de novos negócios, seja no setor agrícola, de logística e serviços, ou mesmo da indústria e do turismo. O investimento, realizado com recursos do Governo Federal, é na ordem de R$ 500 milhões e levou 30 anos para começar ser executado e entregue.

Quando inaugurado, haverá um duplo benefício, pois a BR-101 será transferida para lá, em uma das vias mais modernas do Brasil, enquanto a atual rodovia será municipalizada, repassando a gestão para a Prefeitura da Serra. Isso é uma oportunidade de repensar uma via até então subutilizada pela falta de investimentos federais e também da concessionária responsável, a Eco-101.

Outro contorno, o de Jacaraípe, promete revitalizar o litoral serrano. A obra, executada pelo Governo do Estado, que aportou aproximadamente R$ 145 milhões deve ser entregue até o final do mandato de Renato Casagrande à frente do Palácio Anchieta. Trata-se de outra rodovia na faixa mais a oeste da Serra, que pode acarretar uma nova dinâmica urbana e de ocupação para uma área pouco explorada. O Contorno de Jacaraípe visa desviar o trânsito de caminhões pesados e carros de passagem da Abdo Saad, devolvendo ao litoral sua maior vocação, o turismo.

Além disso, a nova rodovia passará pelo imenso eucaliptal da Suzano (ex-Fibria/ex-Aracruz Celulose), o que pode pressionar a gigante de celulose a vender essas áreas, que não contribuem com empregos, negócios ou biodiversidade para o município. Recentemente, durante a inauguração do Complexo Viário de Carapina, o governador Renato Casagrande disse a este colunista que é intenção do Governo do Estado abrir negociações com a Suzano, visando atuar como um vetor de desenvolvimento para a dinamização daquela região a partir do novo Contorno de Jacaraípe.

Se essa obra se conectar com um projeto ainda em fase inicial de concepção, que é o Contorno de Nova Almeida e Fundão, alcançando Santa Cruz, é possível que parte do crescimento experimentado em Aracruz seja redirecionado a Serra. É um projeto que ainda está rodeado em algumas incertezas sobre sua viabilidade. Ele está avaliado em mais de R$ 1 bilhão, mas se sair, mudará toda a dinâmica rodoviária na ligação entre a Serra e litoral norte.

De qualquer forma, o que há de concreto são os contornos do Mestre Álvaro e de Jacaraípe, ambos já estão em fase avançada de execução, que, em breve, se somarão a outras já entregues, como o Complexo Viário de Carapina (obra do Governo do Estado/R$ 76,5 milhões) e a nova Rotatória do Ó (obra da Prefeitura da Serra/R$ 68 milhões). Além delas, outros investimentos importantes ainda em fases iniciais podem agregar significativamente a este terceiro ciclo de investimentos viários, como o Binário da Norte Sul. Esse projeto vai não só estabelecer um novo modelo de tráfego veicular em Jardim Limoeiro, com mão única na Norte Sul e na Avenida Lourival Nunes, mas também revitalizar uma das regiões mais socialmente complexas da Serra. Esta obra já está em andamento com valor fixado em R$ 80 milhões.

Mas a principal novidade deste ano foi o anúncio do prefeito Sergio Vidigal sobre as intenções de construir uma terceira via ligando Serra a Vitória, paralela à Norte Sul, iniciando no litoral sul, na região de Carapebus, passando por dentro do Complexo de Tubarão e terminando no litoral norte da capital. Esse é um projeto discutido há anos, mas que nunca reuniu condições para sua execução. Desta vez, Vidigal revelou estar em conversas avançadas com a mineradora Vale para que as áreas do traçado da nova rodovia sejam doadas ao município. Já existe um pré-projeto com custo estimado de R$ 120 milhões, e o processo de licitações deve começar em breve. Esse investimento pode reconectar o litoral sul da Serra com Vitória, região que ficou isolada desde os anos 1960 com o início da construção do Porto de Tubarão. Há expectativa de que aconteça um fenômeno similar ao registrado na região da Praia da Costa, em Vila Velha, que, após a inauguração da Terceira Ponte, experimentou um boom imobiliário.

Por fim, há outros projetos em andamento, como a duplicação da Avenida do Civit I (obra já contratada/R$ 98 milhões), que devem contribuir para a redução dos gargalos urbanos. Todos esses investimentos, uma vez concretizados, podem não apenas representar o terceiro ciclo rodoviário da Serra, mas também o maior deles. Na prática, são novas oportunidades que se avizinham, e se o poder público souber gerir e aproveitar esses novos ou aprimorados vetores de desenvolvimento, a Serra pode estar na iminência de outro surto imobiliário e de novos negócios impulsionando a economia local.


Saneamento básico e água na perspectiva da economia

Obra de implantação de de esgoto na Serra. Foto:
Divulgação/MPES

Numa iniciativa em simbiose entre o público e o privado, o saneamento básico por ser também uma das grandes correntes de avanço da economia serrana, seja em decorrência dos altos investimos em obras ou mesmo pelos benefícios redundantes de um meio ambiente saneado e despoluído. A Parceria Público Privada entre a Cesan e a Ambiental Serra tem imposto um ritmo de aportes de capital volumosos na Serra, e a expectativa é de aumentar nos próximos anos. A Ambiental Serra, de propriedade da Aegea, é uma das maiores empresas constituídas no Espírito Santo.

Em 2022 a Cesan ficou na 24ª posição entre a maiores empresas do Espírito Santo, segundo o IEL, com uma receita corrente líquida de R$ 1.04 bilhão. Já a Ambiental Serra, surgiu na posição 89ª, com um ROL de R$ 160 milhões. As duas empresas são as responsáveis pela gestão do esgotamento sanitário na Serra. Segundo dados do IJSN, há a previsão de que até 2027 sejam investidos R$ R$ 370 milhões na ampliação do sistema de esgotamento sanitário do município. Paralelamente, a principal estação de tratamento, localizada em Manguinhos, deve receber R$ 34 milhões para aumentar a qualidade e a capacidade de litros de esgoto tratados e devolvidos ao meio ambiente.

No que tange ao abastecimento de água, que tem sido motivo de preocupação no município, a Cesan prevê fazer um aporte de R$ 101 milhões visando obras de melhorias e ampliação da capacidade de água coletada, tratada e distribuída na ETA V, que fica localizada em Jardim Limoeiro. A estação recebe as águas do rio Santa Maria da Vitória, que abastece a maior parte da população da Serra, e tem sentido efeitos da diminuição de chuvas somado a maior demanda populacional e um quadro de degradação ambiental. O volume do rio tem ficado perto do limite crítico.

Há também outras soluções destinadas a aumentar a oferta de água na Serra. No mês passado a Cesan lançou um edital de leilão para selecionar a empresa responsável pela operacionalização do sistema de água de reuso. Este sistema substituirá o da Estação de Tratamento de Esgoto de Camburi, ajustando o efluente tratado para uso industrial. Embora o projeto se localize em Vitória, a Serra será a principal beneficiada, uma vez que a água de reuso será direcionada para uso nas operações industriais da ArcelorMittal, que é a maior consumidora individual de água da Serra, que consome uma parcela substancial dos recursos hídricos do Rio Santa Maria, o mesmo que abastece a população da Serra e outras localidades.

A medida não só proporcionará uma maior disponibilidade hídrica para o abastecimento público do município, mas também aliviará a demanda da ArcelorMittal, ampliando a capacidade de fornecimento de água para consumo humano e garantindo a segurança de funcionamento da siderúrgica, que é estratégica para a economia da Serra e do Espírito Santo. A previsão é que o projeto entre em operação até 2026. De acordo com Munir Abud, presidente da Cesan, a capacidade máxima do projeto de reuso da água poderá alcançar 300 litros por segundo, um volume significativo que representa mais de 10% do total captado no Rio Santa Maria.

Outro ponto que a estatal deve atacar é o problema crônico de furto e vazamento de água em suas redes – causas primárias de perdas significativas nos sistemas de abastecimento. Também no mês passado, a empresa lançou um edital visando contratar uma organização especializada para lidar com estas questões e outras que tangem a perda de água. Com um investimento total de R$ 121,6 milhões, destinados à Serra e Cariacica, o projeto busca efetivar uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos. O índice de perda de água na Serra está em torno de 51%, como esses investimentos a meta da companhia é de reduzir essa perda em 18% na região da Serra, o que representaria a adição de milhões de metros cúbicos de água à rede de abastecimento público, fortalecendo a capacidade do sistema.

A segurança hídrica e o efetivo saneamento básico, sob perspectiva da economia, significam a vinda de novas empresas e empreendimentos, já é uma condição fundamental para funcionamento, em especial na indústria de transformação e na criação de novos empreendimentos imobiliários. Afeta também a capacidade de aumento do setor turístico, que naturalmente se beneficia de uma condição de balneabilidade nas praias mais saudável e segura. Saneamento básico e segurança hídrica são serviços de ponta que afetam toda uma cadeia de vida em sociedade com grande repercussão no desenvolvimento econômico.

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