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Editorial | Audifax parte para o ataque contra o seu maior aliado político da eleição de 2024

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Audifax
Foto: Lissa de Paula

Movimentando-se pelos bastidores da política da Serra desde janeiro deste ano, o ex-prefeito Audifax Barcelos (sem partido) saiu do backstage, desembainhou a espada e pisou no tabuleiro à luz do sol. Audifax, que não para um dia sequer de andar pela Serra, publicou um vídeo na frente do Hospital Materno Infantil da Serra tocando na ferida que mais tem doído no atual governo do prefeito Sergio Vidigal (PDT): a Saúde.

Em tom de pré-candidato, Audifax passou todos os recibos possíveis de que está indiscutivelmente de volta ao jogo com vistas à prefeitura da Serra e quer centralizar a oposição contra Vidigal em torno de si, entretanto, pode ter dado um tiro no pé. Aqui, iremos reproduzir as palavras do ex-prefeito sem nos furtarmos de fazer considerações editoriais necessárias:

Audifax começou o vídeo afirmando que a “Serra não está bem” e perdeu “protagonismo”; disse também que Vidigal assumiu o compromisso “de melhorar a Saúde”. O ex-prefeito disse que “inaugurou a obra (…) e até o dia de hoje” a Prefeitura “não usa esse equipamento” e classificou como “triste realidade”. Politicamente, a fala de Audifax deixa claro, em absoluto, o recado na perspectiva dele: ‘minha gestão é melhor do que a de Vidigal’. Seguimos:

De fato, Audifax inaugurou o Hospital Materno Infantil, mas o mundo é mais complexo. A obra foi iniciada nos idos de 2014 e, após uma sequência de atrasos, foi entregue seis anos depois, em setembro de 2020, já no período eleitoral (em que ele lançou como sucessor o então candidato Fábio Duarte). No finalzinho do mandato, Audifax pediu que o Hospital fosse estadualizado; e conseguiu. Naquele intervalo, a pandemia endureceu e, em abril de 2021, o Governador Renato Casagrande reinaugurou o Hospital, transformando-o em uma unidade de suporte para tratamento de pacientes com Covid-19. Na época, Casagrande afirmou que a demora em colocar o hospital para funcionar entre o final de 2020 e abril de 2021 se justificaria tanto pelas adaptações realizadas para Covid-19 quanto pelo fato de que, segundo o governador, o “Hospital teria sido entregue com partes inacabadas”.

O tempo passou e a pandemia arrefeceu. Em julho de 2021, o atual prefeito Sergio Vidigal começou a pedir a retomada do hospital para a gestão municipal, sob o argumento de que se estivesse na alçada do Estado, “as mães da Serra teriam seus filhos fora da cidade”, haja vista que a população da Serra dependeria de leitos através da central de regulação de vagas estadual, acarretando na possibilidade de gestantes da Serra serem redirecionadas para unidades hospitalares em outros municípios, assim como ocorre com os pacientes serranos que não conseguem vaga nos hospitais Jayme Santos Neves e Dório Silva.

As negociações entre Estado e Prefeitura avançaram e, no final de 2021, o Hospital foi… digamos ‘re-municipalizado’, sendo ‘rereinaugurado’ em fevereiro de 2022 com o seguinte compromisso: a Prefeitura arcaria com 50% do custeio e o Governo do Estado com o restante dos 50%. Ali, naquele momento, foi a primeira vez que uma gestante efetivamente deu à luz a um recém-nascido serrano naquela unidade hospitalar.

Informações da atual gestão afirmam que, em um ano, foram realizados 4.500 partos. Entretanto, de acordo com o próprio Vidigal, o Governo do Estado ainda não fez nenhum repasse para ajudar no custeio do Materno Infantil. Inclusive, o Tempo Novo já demandou a Secretária de Saúde do Estado para saber se a informação tinha procedência, mas, em regra geral, quando o assunto não agrada ao Governo, o comportamento padrão é a omissão de informação pública, ao simplesmente ignorar a demanda jornalística (automaticamente consentido com a declaração).

Seguimos: Audifax continua na temática do Hospital Materno Infantil – que, sejamos sinceros, desde a eleição de 2016, é amplamente utilizado por todo mundo como narrativa de campanha e pelo andar da carruagem vai continuar sendo para 2024. Audifax diz: “até observo que alguns políticos têm falado sobre essa obra [Hospital Materno Infantil] feita no nosso governo (…) o atual prefeito [Vidigal] assumiu o compromisso de atender não só as mães, mas as nossas crianças, e isso não tem acontecido (…) a classe política tem que se unir para que esse hospital volte a funcionar e possa atender toda a população da nossa cidade”. Audifax não disse isso à toa.

Dentre alguns políticos que fazem cobranças sobre o Hospital Materno Infantil, podemos destacar dois de macroimportância para a geopolítica da eleição de 2024 na Serra: Vandinho Leite [deputado – PSDB/Cidadania], que faz denúncias sobre atrasos de obras e cobra o efetivo funcionamento do Hospital, tanto na gestão do ex-prefeito Audifax (que foi bastante cobrado, diga-se de passagem), quanto na atual gestão de Vidigal. E mais recentemente, o deputado governista Pablo Muribeca (Patriota), que na impossibilidade política de atuar nos hospitais estaduais, dado seu alinhamento com Casagrande, tem concentrado nas UPAs e mais recentemente no Materno Infantil (já que informações dão conta de que o próprio Governo repassou informações de que havia a conversa avançada com Vidigal no sentido de abrir um PS Infantil lá e por esse motivo, o deputado se antecipou para ganhar os holofotes políticos no futuro).

Ou seja, Audifax quer fisgar dois fundamentais aliados, escorado em uma pauta compulsória a ambos, Vandinho e Pablo, sendo que com Vandinho há até um convite de filiação do PSDB destinado a Audifax.

Ao pedir que toda a classe política se una, Audifax está, na verdade, dialogando com a oposição a Vidigal, que é a única parte política que hipoteticamente poderia se unir a ele para fazer com que o Hospital do qual ele se autorreconhece como “pai”, comece a funcionar plenamente. Precisamos também fazer uma última consideração editorial antes de detalhar o cenário político-eleitoral: Audifax não disse nenhuma fake news, apenas meias-verdades, que são conceitos diferentes. Talvez a única ressalva seja a utilização da palavra “volte” para se referir ao funcionamento do Hospital. Em síntese, o Hospital Materno Infantil nunca funcionou antes da assunção da atual gestão, pelo menos no que diz respeito à proposta central desde sua concepção, que é prover a vida. Vamos relembrar: na gestão de Audifax, não houve funcionamento e quando o Estado assumiu, implantou uma central de Covid. Logo, a frase “vamos unir (…) para que o Hospital volte a funcionar” não é adequada, talvez ele quisesse dizer “vamos unir (…) para que o Hospital comece a funcionar plenamente”… Provavelmente um equívoco de terminologia apenas.

Na prática, Audifax deu as informações que são as mais cavalheiras a si mesmo, o que não deixa de ser bem natural das narrativas políticas, até porque, no que pese a pauta ser o Hospital Materno Infantil, as palavras proferidas por Audifax são, antes de tudo, de caráter fundamentalmente político.

Movimento acertado?

De qualquer forma, o vídeo publicado pelo ex-prefeito automaticamente o insere definitivamente como pré-candidato (alguém tinha dúvida?) e acentua ainda mais o processo de antecipação generalizado da eleição na Serra. Mas será que foi um movimento correto? Podemos analisar alguns itens com o objetivo de tentar responder a essa pergunta.

Enquanto o folclórico Pablo Muribeca e seus aliados se utilizam permanentemente de todas as artimanhas possíveis para causar desgaste a Vidigal e, por consequência, Vidigal precisa gastar uma grande quantidade de energia para minimizar ou conter o incendiário deputado, Audifax estava pilotando seu “avião em céu de brigadeiro”. Estava fora do tiroteio político, livre e leve para fazer o que está fazendo desde janeiro: andar.

Todos os dias nas ruas e bairros da Serra, visitando as casas dos moradores, as igrejas… dialogando com lideranças das mais variadas e blefando com meio mundo político que fingia acreditar que ele não é candidato. Daqui em diante, Audifax não tem como nem fingir mais, é candidato até que se prove o contrário e com Audifax e Vidigal na eleição, miseravelmente, 50% do eleitorado tem dono; não há nada na literatura política da Serra que aponte que ambos não façam pelo menos metade dos votos juntos. Se na eleição houver 4,5 ou 6 candidatos para dividir os outros 50%, torna-se uma tarefa muito difícil que um hipotético segundo turno não seja a “rereedição” da tradicionalíssima disputa Audifax vs Vidigal.

Outro fato a se considerar: o adversário de Audifax não é Vidigal e o adversário de Vidigal não é Audifax. Veja: o verdadeiro adversário dos dois é o sentimento de renovação; aquela típica frase que se ouve quando alguém de fora da política começa a falar de política da Serra: “Pô, eles foram bons para a Serra, mas chega de Audifax e Vidigal“, o que é absolutamente natural, já que desde 1996 a escola vidigalista governa a Serra, da qual Audifax foi o aluno prodígio que se revoltou com o professor e quis tomar o giz (e tomou por duas vezes, objetivamente), mas que em termos de modelo de governança não houve ruptura – no que pesa ambos terem tido mandatos bons e outros que suscitaram dúvidas, porém foram projetos desenvolvimentistas de continuidade.

Dá para estimar percentualmente o que significa o ‘chega de Audifax e Vidigal’? Sem nenhuma base científica atualizada, utilizando apenas feeling, a interpretação dos acontecimentos em 2020 e 2022 e a profunda vivência deste jornal com a Serra, vamos pedir licença e arriscar que esse sentimento de renovação esteja na casa dos 30-40% do eleitorado. Se essa imensidão de votos for canalizada integralmente em uma pessoa, tem-se, portanto, a personificação do verdadeiro adversário de Audifax e Vidigal, que é o que se chama de terceira via, que até o momento nunca colou em ninguém.

No entanto, ao que parece, no momento em que Audifax entra na campanha e parte para cima de Vidigal publicamente, Audifax parece não comungar desse olhar, de que politicamente, ambos nunca estiveram tão vulneráveis.

Tirando Vidigal, Audifax e Pablo, que já estão colocados como candidatos, os dois primeiros por razões naturais do processo e o terceiro pela virulência do movimento de antecipação da eleição (a um estado de obsessão), sobram as seguintes forças: o PT (sem liderança na Serra, mas com recall ancorado nacionalmente pelo Lula), PL (Igor Elson/Magno Malta/Bolsonaro), PSDB/Cidadania (Vandinho Leite), Alexandre Xambinho (sem partido orgânico, porém com força de mandato) e Saulinho da Academia (presidente da Câmara da Serra e possivelmente filiado ao PP), além do PSB, que é aliado de Vidigal, mas que o governador Renato Casagrande parece querer minar a todo tempo. Necessário também observar que tipo de movimento fará o Republicanos. O resto, com todo o respeito editorial, tem tudo para ser pião de tabuleiro – a menos que novamente se prove o contrário, o que é absolutamente razoável.

Audifax quer arrebanhar a oposição de Vidigal, mas desconsidera que a oposição a ele é a sua própria rejeição e a de Vidigal, que alimenta o ‘chega de Audifax e Vidigal’ e pode canalizar em alguém dando um upgrade nesse(a) hipotético(a) candidato(a). Ao atacar Vidigal, paradoxalmente Audifax se auto-flagela, atacando seu principal aliado na sobrevivência política na Serra do modelo que governa a cidade desde 1996, já que historicamente um se retroalimenta do outro.

Talvez, essa eleição se divida em três grandes grupos de eleitor (com vários subgrupos): 1 – aquele que vota em Audifax e Vidigal; e 2 – aquele que não vota em Audifax e Vidigal, podendo ser canalizado em um único candidato ou em vários. 3 – quem vai votar ancorado na polarização nacional. Este último pode coexistir com os dois primeiros. O que já foi demonstrado, não em uma, mas em diversas pesquisas qualitativas que o Tempo Novo já teve acesso, é que o eleitor de Audifax e Vidigal gosta dos dois, quando um não pode ser votado, o outro é a segunda opção e vice-versa. A ‘guerra’ entre eles é só deles e da militância. O eleitor que vota neles reconhece os avanços na cidade e os coloca no mesmo balaio.

Se Audifax e Vidigal entrarem em narrativa um contra o outro, é barraco para mais de metro… veja, por exemplo, os primeiros parágrafos desse texto: ao falar sobre o Hospital Materno Infantil, Audifax deixou tantas lacunas diante das diversas tonalidades dos fatos em si, o que dirá em termos de narrativa política de um adversário que o conhece melhor que qualquer outro. Enquanto para atingir os dois, basta a simplicidade da uma frase: ‘chega desses dois’, uma única frase que, se repetida insistentemente por alguém que conseguir personificá-la, tem potencial para levar estimáveis 30-40% do eleitorado. Tiro no próprio pé do ex-prefeito ao querer atingir o seu maior adversário político, Sergio Vidigal, que é também seu maior aliado. O que está em jogo é se vai haver a ruptura do modelo político popular-desenvolvimentista estabelecido nos anos 90 com a derrocada da família Feu Rosa e do ex-prefeito João Baptista da Motta, que deu a base da criação do vidigalismo da qual anos depois se transformou em um isomorfismo ‘Vidigal&Audifax’; ou se vai será estabelecido outro modelo de governança.

Se o grupo de eleitores que votam no modelo Audifax&Vidigal for maior, a tendência muito forte de segundo turno entre os dois, em especial se tiver mais de 5 candidaturas ao total (o que é factível). Se o grupo de eleitores que não querem mais Audifax e Vidigal na prefeitura da Serra for o maior, sairá de lá um nome hegemônico? Ou ficará fragmentado em diversas vias eleitorais, dando sobrevida ao modelo atual? Se houver uma ruptura, que tipo de nova governança será estabelecida? Uma reformista e modernizante? Ou vamos retroceder ao populismo barato que inundou a política brasileira por meio das redes sociais e desvirtuou as verdadeiras pautas estruturantes das quais o Brasil/ES/Serra deveria está efetivamente debatendo?

Veja, a economia da Serra está sob ameaça frente ao avanço industrial e logístico do norte capixaba, liderados por Aracruz e Linhares; que cada vez mais migram investimentos que em tese, viriam para a Serra. Observem o ritmo de crescimento do PIB das duas cidades em comparação proporcional com a Serra, observe a geração de postos de empregos formais no últimos anos, observe o crescimento orçamentário per capita das duas cidades em relação a Serra… Já no litoral sul a Petrobrás vai descarregar bilhões de dólares nos próximos anos. Enquanto a Serra, tem bons projetos, aprovou um novo PDM, temos a expectativa de um novo eixo de desenvolvimento a oeste do Mestre Álvaro através do Contorno, futura BR-101. Mas enfrenta desafios civilizatórios, como a melhora da qualidade de vida, expressa por exemplo na questão da água, ou melhor, a ausência de água, numa cidade que só cresce em população e empresas. Aliás, sobre isso, vale dar uma lida no artigo: Editorial | A maior ameaça à vida e ao desenvolvimento da Serra já está acontecendo    

Foto de arquivo do Jornal Tempo Novo/2004.

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