A repercussão diante da polêmica gerada pela revelação das supostas conversas entre o então juiz (e atual ministro de Bolsonaro) Sérgio Moro e procuradores da Lava Jato continua gerando reações de todos os lados do espectro político brasileiro.
Para comentar a denúncia, divulgada neste fim de semana pelo site jornalístico The Intercept, o TEMPO NOVO está conversando com lideranças locais como o ex-deputado Carlos Manato (leia aqui). Já nesta reportagem, o jornal buscou o deputado federal capixaba Hélder Salomão (PT), que tem sido uma das principais vozes no Congresso em defesa de Lula e da tese do golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff. O parlamentar avalia a denúncia como “gravíssima”, e ainda classifica como “crime” a conduta de Sérgio Moro.
Segundo ele, considerando o que dizem o Código de Processo Civil e a Constituição Federal, a conduta do juiz e dos procuradores da Lava Jato ficam sob suspeição, assim como toda a investigação. “Ele rasgou as leis brasileiras. Quem julga não pode aconselhar ou orientar nenhuma das partes do processo. E ele [o juiz Moro] aconselhou o procurador de como ele deveria proceder. Nesse caso, o processo está maculado”, avaliou.
Na opinião do deputado, a Lava Jato, na forma como foi conduzida, interferiu diretamente no processo eleitoral de 2018. “Ficou claro que o julgamento de Lula foi político e que foi para interferir no processo eleitoral. E que era preciso fazer toda uma articulação para condenar sem provas. Inclusive, o resultado das eleições fica comprometido. Talvez este seja o maior escândalo da história da nossa República”, disparou Hélder.
Hélder cobra, ainda, providências do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) no sentido de investigar as condutas do juiz e dos procuradores, os quais, segundo o deputado, “exorbitaram suas atribuições e competências”. “O Brasil perde seu status de Estado Democrático de Direito, e as consequências disso são trágicas para a população”, vislumbra Hélder.
Segundo a reportagem do The Intercept, divulgada neste domingo (9), Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol trocaram mensagens de texto que revelam que o então juiz federal teria sugerido ao procurador que trocasse a ordem de fases da Lava Jato, cobrou agilidade em novas operações, deu conselhos e pistas informais de investigação, além de ter antecipado uma decisão; também teria criticado e sugerido recursos ao Ministério Público.