Dois partidos que vinham moribundos na Serra deixaram a inércia e resolveram fazer política, o principal combustível de uma legenda. O PMDB tinha uma situação melhor do que o PSDB porque tem um assento na Câmara, o vereador Luiz Carlos Moreira. Pouco para o tamanho e tradição da sigla.
O PSDB estava pior. Nenhum dos presidentes que por lá passou nos últimos anos conseguiu levar o partido à frente; ora por divergências internas, ora pelo fato da sigla também ser nanica no estado.
O PMDB foi o primeiro a sair da apatia. O secretário de Desenvolvimento Urbano, Silas Maza se filiou e a administração municipal abriu espaço no primeiro escalão para o partido, que hoje também ocupa a Secretaria de Trabalho Emprego e Renda com Romário de Castro.
O desafio agora é formar uma chapa competitiva para disputar a eleição de vereador.
Os tucanos também resolveram sair do sono profundo e o hoje viraram o principal assunto das rodas políticas, muito pelas filiações controversas que fizeram, mas também pelo fato de que o PSDB está disposto a ser um importante coadjuvante na eleição municipal de 2016.
Das filiações controversas, três chamam a atenção: a da ex-prefeita da Serra, Madalena Santana, que ficou 27 anos filiada ao PSB; o do ex-secretário de Defesa Social, também da Serra, Joel Lyrio, e do Auditor Fiscal, José Maria de Abreu Júnior. Todos eles da relação pessoal do deputado federal Sérgio Vidigal (PDT).
O fato chamou a atenção do mercado político que já os apelidaram de ‘araçari’, ave que vive na mata Atlântica do Sul e Sudeste do Brasil, comumente confundida com o tucano – símbolo do PSDB – por conta da plumagem e tamanho do bico.
O tempo é curto e não dá para escolher quadros mais alinhados com o partido. Quem chega vai entrando, lá na frente vê como fica: se o partido vai ter candidato próprio a prefeito ou se vai coligar com Vidigal, indicando o vice. Caso coligue, o vice pode ser um tucano autêntico, que está difícil; ou um araçari – como Madalena, Joel Lyrio, Juninho ou Vandinho Leite – que está com um pé na legenda.
A batuta de Hartung no duelo Audifax x Vidigal
Dois fatos emblemáticos aconteceram dias atrás: a nomeação de José Maria de Abreu Júnior, o Juninho, para a presidência do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf); e a sua filiação ao PSDB.
Juninho era homem de confiança do ex-prefeito João Baptista da Motta na gestão 1993/ 1996. Viveu alguns invernos hibernando para fugir das garras do sucessor de Motta, Sérgio Vidigal.
No período mais conturbado da última gestão de Vidigal (2009/2012), Abreu foi nomeado secretário de Finanças, faltando cerca de um ano e meio de administração. Àquela altura, a crise já se fazia sentir. Não tinha como fazer milagres e o jeito foi encerrar o período em situação adversa.
Já dentro do núcleo de confiança de Vidigal, Juninho foi nomeado secretário de Finanças em Aracruz, cujo prefeito é Marcelo Coelho (PDT). Apesar dos laços de amizade entre Juninho e Marcelo, no mercado político, a nomeação foi creditada a Sérgio Vidigal.
Juninho comandou as finanças de Aracruz por dois anos e três meses. A interlocutores, ele diz que a sua nomeação foi um ato espontâneo do governador Paulo Hartung (PMDB). Mas na boca miúda há quem afirme que Marcelo Coelho entrou rota de colisão com Juninho. Vidigal viu o mal estar e teria intercedido junto à Hartung, para acomodar Abreu no Governo.
A filiação de Juninho ao PSDB foi preciso porque o cargo está na cota dos tucanos. Como o vice-governador Cesar Colnago (PSDB) e Vidigal (PDT) estão bem afinados, a filiação acabou bem digerida em ambas as legendas.
Paulo Hartung não só observa. Rege os movimentos dessa orquestra. No PMDB os sinais indicam que o governador mandou colocar o pé no freio e esperar como fica a relação Audifax x PSB. No PSDB os sinais são de que ele mandou afrouxar a corda a favor de Vidigal.
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