Uma empresa sediada na Serra – que presta serviços ligados à iluminação pública – está sendo acusada de invadir o sistema de armazenamento de dados em nuvem (Google Drive) da concorrente, com sede em Vitória, a fim de obter as planilhas de licitação e ofertar condições mais vantajosas nos processos. De acordo com a vítima, o esquema criminoso gerou prejuízo de R$ 60 milhões em 12 licitações que perdeu.
Segundo informações apuradas pela reportagem, a Polícia Civil foi procurada pela empresa vítima da fraude no ano passado. O proprietário relatou que achava estranha a situação que vinha ocorrendo: não conseguia mais vencer processos licitatórios e sempre ficava em 2° lugar, enquanto a empresa acusada ganhava em 1°.
Além disso, a vítima também havia identificado um tablet em nome da empresa concorrente logado à sua conta do Google Drive. Após isso, a polícia pediu à Justiça um mandado de busca e apreensão, que foi cumprido nesta terça-feira (22), através da deflagração da ‘Operação Natal Luz’. Tudo foi comandado pela Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC).
Durante a operação, esse mesmo dispositivo relatado pela vítima foi apreendido. O aparelho, segundo o titular da DRCC, Breno Andrade, foi localizado em cima da mesa do gerente da empresa investigada, na Serra, durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão.
São investigadas espionagem empresarial em pelo menos 12 licitações municipais, em cidades das Regiões Sul, Norte e na Grande Vitória. O prejuízo alegado é da ordem de R$ 60 milhões. As empresas envolvidas não tiveram seus nomes divulgados pela Polícia Civil.
Também foi expedido outro mandado de busca e apreensão na casa do proprietário da empresa acusada, em Vitória, mas ele já não residia no local. Segundo o delegado, as investigações ainda não chegaram ao fim. A PC ainda investiga, por exemplo, se um funcionário da empresa vítima teria vazado as informações que permitiram o acesso ao material.
Por fim, o delegado acrescentou que a empresa investigada também tinha acesso a todas as informações da concorrente, inclusive dados sobre funcionários e processos correndo na Justiça. A empresa envolvida nas irregularidades também é investigada pela Polícia Civil por lavagem de dinheiro.
Até o momento, ninguém foi preso.