Até que ponto uma cólica menstrual deve ser considerada normal? E se essa dor for muito intensa e vier acompanhada de exaustão, fadiga, dores durante as relações sexuais ou desconfortos para evacuar ou urinar?
Muitas mulheres ainda não identificam esses sinais como indícios de um problema mais sério e acabam convivendo por anos com todos esses desconfortos, muitas vezes, classificados como “coisas de mulher”. Tais manifestações, contudo, podem sinalizar uma doença muito recorrente no universo feminino: a endometriose.
Este mês é todo dedicado à campanha mundial “Março Amarelo”, focado na conscientização da endometriose. Segundo a Organização Mundial de Saúde, essa condição afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva no Brasil. Apesar da alta incidência, a endometriose pode demorar de 7 a 10 anos para ser diagnosticada.
Segundo a médica ginecologista Larissa Galvão, especializada em diagnóstico por imagem da endometriose, a descoberta tardia ocorre, em boa parte das vezes, porque os sintomas são ignorados. “Muitas mulheres pensam que sentir cólicas fortes é normal, em outros casos a paciente passa por vários médicos antes de descobrir a doença. Por isso, é importante ir a um especialista para ouvir todas as queixas e orientar a paciente a fazer todos os exames necessários”, explicou.
O outro agravante da endometriose é que essa condição é também uma das causas da infertilidade feminina. A médica Larissa Galvão ressaltou que, quanto antes essa enfermidade for diagnosticada, melhores serão os resultados dos tratamentos.
“Apesar da endometriose não ter cura, existem tratamentos eficazes que ajudam a melhorar os sintomas e a qualidade de vida. Mas é muito importante que a doença seja diagnosticada no início, pois o prognóstico é melhor”.
DIAGNÓSTICO
A médica explicou que investigação da endometriose começa com o exame clínico feito pelo ginecologista a partir das queixas relatadas pela paciente, mas há outros procedimentos que ajudam detectar a doença.
“Entre os exames destaca-se o ultrassom transvaginal com preparo intestinal, exame considerado de primeira linha, capaz de detectar lesões no peritônio, vagina, ovários, bexiga, ureter e intestino”, esclareceu Larissa.
O tratamento varia de acordo com cada caso e a gravidade da doença, podendo ser cirúrgico ou conservador, com mudança do estilo de vida, prática de exercício físico, dieta adequada e medicamentos.