Yuri Scardini
Desde o início do ano e mais intensamente após abril, Audifax enfrenta uma oposição de 16 vereadores que controlam a Mesa Diretora e as principais comissões da Câmara. Várias acusações foram desferidas de ambos os lados e oposicionistas passaram a abrir frentes de investigação inócuas e travar matérias de interesse da Prefeitura. Depois de meses de desgastes mútuos e intensa disputa nos bastidores – que se enveredou para intermináveis guerras judiciais -, essa briga foi dando sinais de esfriamento nas últimas semanas.
Na segunda passada (08), um fato marcou a política local. Trata-se do encontro público entre o prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede), e líderes da oposição, entre eles o presidente da Câmara, Rodrigo Caldeira (Rede). O objetivo formal foi sancionar um projeto de doação de área para o Ibama. Na primeira leitura, o mercado interpretou o movimento como o fim da crise institucional no município; no entanto, passados quatro dias, pairam dúvidas sobre a solidez dessa dita “trégua”.
A oposição perdeu força, e isso é consenso, até mesmo entre os próprios envolvidos; mas, não obstante, continua viva. Após o encontro e as trocas de afagos entre Caldeira e Audifax, um clima de euforia foi sentido, que em pouco tempo transmutou-se em incertezas. Isso se explica por um personagem central nessa trama: o vereador Aílton Rodrigues (PSC).
Embora tenha sido um dos interlocutores da retomada do diálogo entre Executivo e Legislativo, Aílton, curiosamente, não foi à reunião citada acima. A ausência pode ser explicada por uma sombra que emergiu aos 45 do segundo tempo e com poder de aglutinar aqueles que insistem em permanecer num movimento sistemático de oposição: trata-se do deputado Sérgio Vidigal (PDT).
Na verdade, não está claro o tamanho da influência de Vidigal nesse grupo e nem mesmo se ele tenta reagrupar a oposição. O fato é que Vidigal teria ligado para Aílton na iminência de um acordo de paz com Audifax, fazendo com que o vereador recuasse e, por tabela, lançasse dúvidas no grupo de oposição (cerca de oito parlamentares). Já o restante ficou à deriva, uma vez que o articulador teria se retirado.
Vidigal é candidato em 2020. Audifax é sua antítese. Se o prefeito alcançar seus objetivos, com R$ 300 milhões em empréstimos, ele vai transformar a cidade num canteiro de obras a céu aberto até o ano que vem (já está em curso); caso ainda haja uma facilidade política com a Câmara, Audifax pode chegar com forte densidade eleitoral para tirar votos de Vidigal e levar para seu sucessor. Por isso, o pedetista pode ter entrado no circuito para reorganizar a oposição por meio de Aílton. Por hora, o mercado político segue atento e esperando os próximos lances.
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