Gabriel Almeida
Quem nunca passou pela avenida Central de Laranjeiras e ficou com a mão cheia de panfletos? São folhetos de compra de ouro, consórcios de moto, consultório odontológico, farmácias, empréstimos de dinheiro e até serviços de videntes. Na última terça (06), mais de 20 entregadores de panfletos trabalhavam no trecho mais movimentado da avenida que fica no coração do principal polo comercial de varejo da Serra.
Para muitos pedestres que recebem os impressos pode ser até um incomodo, mas para quem entrega é uma oportunidade de driblar o desemprego e sustentar a família. É o caso da Sônia da Silva que já está entregando panfletos há mais de 15 anos e recebe pouco mais de um salario mínimo por mês. “Antes de entregar panfletos em Laranjeiras eu trabalhava em um Posto de Saúde de Cariacica, mas como fiquei desempregada vim morar na Serra e sem nenhuma outra opção comecei a panfletar”, conta Sônia.
Sônia ainda disse que consegue sustentar sua casa com o dinheiro que ela recebe entregando os panfletos. “O serviço não é ruim, mas muitas pessoas são sem educação e viram a cara para nós ou tratam a gente mal. Mas não sabem que estamos apenas garantindo o sustento da nossa família”, explica.
Já a Vamilane Lorenzoni, é novata na atividade. Ela é formada em administração e começou a entrega panfletos a pouco mais de um mês por não conseguir emprego na sua área. “Sou formada em administração, mas estou desempregada há quase um ano. Fui demitida, recebi o seguro desemprego, mas agora que acabou e vim panfletar para tentar garantir o sustento da casa”, revela.
Vamilane ainda disse que quer voltar a trabalhar na sua área. “Estou esperando aparecer uma nova oportunidade dentro da minha área. Enquanto não aparece estou trabalhando três vezes por semana aqui na avenida Central”, explica.
E falando de quem recebe os panfletos, Marinete Souza, é uma das pessoas que costumam circular por Laranjeiras e admite que já tratou mal os entregadores. “Vou admitir: já virei a cara, fingi que não vi que eles estavam entregando o papel. Mas ninguém gosta de sair de Laranjeiras com mais de 10 panfletos nas mãos”, pondera.