Thiago Albuquerque
Com a epidemia de sífilis no país, vem aumentando a preocupação com a disseminação da doença transmitida através da relação sexual. Ainda não há número disponível de casos este ano na cidade, mas em 2015 foram contabilizadas 676 pessoas com sífilis na Serra.
De acordo com dados da Vigilância Epidemiológica da Prefeitura, cerca de 99 casos foram de bebês que nasceram com a doença porque as mães estavam contaminadas, 235 em gestantes e 342 casos de sífilis adquirida.
Com essa situação, a Prefeitura da Serra lembra através da sua assessoria de imprensa, que oferece o tratamento de sífilis em todas as unidades de saúde do município e no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), que fica em Rosário de Fátima, na Rua Homero Pimentel Lopes, de segunda a sexta, das 7 às 17h.
A Secretaria de Estado, por sua vez, informa que está fazendo uma campanha para pedir a população que faça o teste de sífilis. De 2013 a 2015 os casos da doença em gestantes aumentaram 43,5% no Estado e a sífilis congênita, transmissão de mãe para filho, cresceu 68,5%, no mesmo período. Já a taxa de incidência de sífilis congênita ficou em 10,5 para cada mil nascidos vivos, em 2015, no Espírito Santo. Quase o dobro da média do país, que foi de 6,5 para cada mil ano passado.
“Estou tratando da doença que contrai após transar sem camisinha há 5 meses. Agora, corro atrás para me cuidar. Poderia ter sido pior, uma Aids por exemplo. Nunca mais vou deixar de me prevenir, conta A. S., morador de Laranjeiras.
Doença pode levar paciente à morte
O clínico geral Leonardo Abou Kamel Machado, explica que a sífilis é uma DST (doença sexualmente transmissível) causada pela bactéria Treponema pallidum. “A sífilis é dividida em três estágios: o primeiro é o surgimento de uma lesão na área genital, podendo ocorrer em outras partes do corpo; o segundo estágio surge algumas semanas depois, onde acontece a febre, dor de cabeça, enjoo, vários nódulos pelo corpo e o principal a lesão vermelha por todo o corpo”, detalha.
“A terceira é a fase latente e geralmente acontece em pacientes que não foram tratados nas duas primeiras etapas. Mas vale lembrar que mesmo tratando as duas primeiras, não há garantia de que os sintomas da fase mais grave não aconteçam. Essa fase, se não tratar, pode atingir o coração, sistema nervoso e causar até a morte”, alerta.
Leonardo diz que a atenção com as gestantes tem que ser ainda maior. “A sífilis congênita tem que ser tratada o mais rápido possível, pois pode causar aborto, morte pré-natal e sequelas na formação do bebê”, enumera.
A doença é diagnosticada pelo exame VDRL, e ainda pode confirmar com o exame FTA-ABS, são os dois exames que conseguem ter a confirmação. “O tratamento é à base de Penicilina. Existe outro tratamento que é a Eritromicina, mas é pouco recomendado por ser menos eficiente. Esse problema que estamos passando pela falta de penicilina pelo SUS e por todo o Brasil, está influenciando muito no combate da doença, cujo tratamento depende do estágio em que a pessoa está”, conclui.