Por Conceição Nascimento e Bruno Lyra
Nascido em Colatina, o médico Paulo Foletto (PSB) acumula em sua trajetória mandatos de vereador (entre 1993/1996) na cidade. Em 2002 elegeu-se deputado estadual, sendo reeleito em 2006. Foi eleito deputado federal em 2010, com 99.312 votos e reeleito em 2014 com 88.110 votos. Em conversa com o jornal Tempo Novo, avalia o resultado das eleições e fala sobre sua relação com a Serra.
Como avalia o resultado das eleições em 2014?
Se o PT tivesse perdido as eleições seria melhor, com Marina Silva eleita. Nem FHC, nem Lula, nem Dilma olharam para o ES. Eu vivo em Brasília, e para eles o Espírito Santo sobrevive sozinho, o que não é verdade. Precisamos do Governo federal para ajudar na estrutura, porque o Espírito Santo está abandonado. Os portos precisam de mais atenção, porque somos fortes no comércio exterior.
O fato de o governador eleito Paulo Hartung (PMDB) ter apoiado Aécio Neves (PSDB) pode dificultar a relação com o governo petista de Dilma Rousseff?
Não muda nada. Nós já tivemos o PT mais estruturado no Estado e não mudou em nada o cenário para o Espírito Santo. Precisamos que o Governo Federal tenha mais visão em relação ao Estado. A bancada capixaba está mais unida na fala do que na prática.
Tem alguma pretensão para assumir a coordenação de bancada?
Eu fui coordenador de bancada há dois anos, e a minha ideia é que se troque o coordenador de bancada, sou favorável do rodízio.
Casagrande teve uma boa avaliação enquanto governador, mas o resultado das urnas não foi o esperado. Como avalia esse fenômeno?
Da mesma maneira que há quatro anos, Renato Casagrande sucedeu o antigo governador. Estamos vendo brigas, e as equipes se engalfinhando. A equipe do Hartung tem quatro anos para ver o que foi feito no governo anterior, e parar de ficar criticando sem ainda tomar posse. Nenhuma obra foi deixada de lado pelo governador Casagrande. Não vejo nenhum problema nos governos de Renato e Paulo Hartung, e ambos mostraram que podem governar o Estado. O PSB poderia ter sido melhor, nosso projeto era reeleger a bancada federal, e por falta de votos não fizemos deputado federal. A derrota do Renato não estava prevista, o PSB precisa rever suas metas e ver o que deu errado.
Na sua avaliação, qual foi o erro?
Eu acho que o governador dividiu muito com forças politicas que o abandonaram. O PT saiu na última hora, por um problema interno. Tivemos de fazer um arranjo que teve pouca densidade eleitoral e perdemos a eleição.
Alguns militantes do PSB adotaram durante a campanha uma postura interpretada como infidelidade partidária…
Isso é da politica. Poucos na política têm firmeza e postura para ficar do mesmo lado. Mas algumas pessoas foram covardes e desleais com Casagrande.
E qual será a posição do PSB com o governo Paulo Hartung?
Vai ser um governo vigilante. Temos que defender o legado de Casagrande; vamos acompanhar o governo. Nossos prefeitos precisam conversar com o novo governador.
Imagino que os prefeitos vão ter de dialogar. Ele precisa do governo para resolver os problemas da cidade.
Qual futuro do PSB no Estado, na Serra e qual o papel do prefeito da Serra, Audifax Barcelos, neste processo?
Audifax já provou que tem força eleitoral. É uma liderança com capacidade para qualquer cargo. Contamos muito com ele para o redirecionamento do partido. O PSB capixaba vai lutar para fazer vereador, reorganizar campanha de prefeito.
Casagrande pode concorrer a algum cargo eletivo em 2016?
Em 2016 haverá eleições para vereador e prefeito. Com a quantidade de mandatos que Renato teve só teria a prefeitura de Vitória como disputa interessante. Acho eu que tem pouco espaço para Renato disputar 2016. Já em 2018 ele pode disputar para senador ou governador.
Como avalia a polarização entre o ex-prefeito Sérgio Vidigal e o atual, Audifax Barcelos, na Serra?
A briga política não tem problema. O ruim é quando isso vai até execuções de obras e na administração do município. Se a briga sair do campo politico e descer para a administração é ruim. Mas temos novas lideranças surgindo, e o povo vai cansar dessa dobradinha.
Uma ação na Justiça Eleitoral pode resultar em nova configuração de eleitos para deputado federal, com a saída de Marcus Vicente (PP) e chegada de Vandinho Leite (PSB). O senhor acompanha esse processo?
Não tenho informação nenhuma. Fiquei sabendo de um candidato que pode perder os votos. Mas não tenho outras informações.
O fato do Vandinho não ser histórico no PSB traz algum desconforto?
O PSB tem essa história, é muito ligado ao Renato. Mas tem muita gente ali que é bananeira que já deu cacho. Tem de renovar também. Vandinho é jovem, mostrou um bom trabalho junto à Secretaria de Esporte. É bem articulado. Ele teve menos votos do que eu imaginava. O eleitor mudou entre duas e três vezes ao longo do processo.
Em relação às emendas de sua autoria enviadas para a Serra…
Este ano temos R$ 1 milhão destinado para a Serra. O valor foi enviado para obras de drenagem e pavimentação de ruas em Porto Canoa. Em 2015 vamos destinar R$ 1 milhão, a pedido do deputado estadual eleito Bruno Lamas ao prefeito Audifax. 700 mil para obra de Pavimentação, 300 mil para saúde. Vamos investir no recapeamento de Castelândia, reforma e ampliação na unidade de saúde de Chácara Parreiral.
O que pensa sobre a privatização da BR 101?
Existe uma planilha prévia para determinar valor de arrecadação para viabilizar obras. Esse momento não é saudável entre Serra e Eco 101. Tivemos reunião onde discutimos bocas de lobo que estavam obstruídas, canteiros e iluminação, e a Eco 101 informa que não é responsabilidade dela, mas da prefeitura. Normalmente as concessionárias têm bom relacionamento, e o Tribunal de Contas já liberou a concessão. Essa relação com a ECO 101 vai ser de paciência, pois eles vão precisar ter boa relação com a Serra.
Obra do Trevo de Cidade do Pomar segue lenta…
É falta de compromisso da empresa que venceu a licitação. Já cobramos do Dnit e eles falam que já fizeram de tudo para entrega da obra.
Para onde vai o aeroporto de cargas?
Eu acho que a Serra deveria ter não um aeroporto de carga, mas um aeroporto. Tem que sair daqui o nosso aeroporto para carga e de passageiro. Os aeroportos estão saindo do centro das grandes cidades.
Porto de águas profundas vai para Vila Velha?
Estudo técnico diz que Vila Velha é o melhor lugar para isso. A Serra não tem condições para isso, do ponto de vista ambiental e da mobilidade urbana. O que eu sei é que o projeto está em curso, mas teve um atraso. Obra publica no Brasil e assim. Já era para estar em curso.
Como é sua relação com a Serra?
Nos aproximamos muito da politica da Serra nesta eleição. Vamos fazer parceria com o deputado Bruno Lamas e com o prefeito Audifax Barcelos para que o povo serrano tenha minha ajuda. A Serra é o município do futuro capixaba e ainda tem muita área para indústrias e desenvolvimento comercial e econômico.