Com o objetivo de restaurar e resgatar a cultura do município, uma escola estadual da Serra inovou e está pintando toda sua fachada com elementos que revivem a história e a cultura da Serra. O trabalho de resgate do sentimento de pertencimento da comunidade escolar e defesa da preservação do prédio escolar está sendo realizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Serra Sede.
O diretor da instituição de ensino, Sebastião Lima, conversou com o Tempo Novo e contou que a ideia foi dar uma cara nova para a fachada da escola tendo viés pedagógico.
As pinturas feitas pelo artista Ronaldo Lopes Santana, dialogam com o projeto desenvolvido sobre Consciência Negra realizado na EEFM Serra Sede, ente os elementos de destaque está a Insurreição do Queimado, maior revolta de escravos, ocorrida no Espírito Santo. “As práticas culturais relacionadas a cultura negra estão muito presentes na Serra, a maior parte da nossa população é negra e os festejos aqui são muito significativos, por isso usamos imagens ligadas a esse tema”.
As imagens pintadas e elementos tem a ver com a Festa de São Benedito e também aniversário da cidade, além da festa de Nossa Senhora da Conceição, todas celebradas no mês de dezembro. “Prédios históricos do município, movimento de Insurreição do Queimado, por isso que os bois estão presentes na pintura, pois eles puxam o tronco e, isso tem a ver com a fincada do mastro de Nossa Senhora da Conceição, que é o primeiro rito das festividades, com a retirada da madeira do meio do mato e posteriormente com a puxada do tronco com gado e cavalaria”.
As bandas de congo que tocam nos festejos folclóricos, também ganharam espaço na arte: instrumentos do congo, vestimentas de baianas, as bandeiras/estandarte, a banda Estrela dos Artistas, todos foram eternizados nas pinturas.
“Também fizemos questão de pintar a igreja do Sítio Histórico do Queimado juntamente com a imagem de Chico Prego. Também tem os instrumentos utilizados pelas bandas de congo, principalmente os tambores e as casacas”.
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Passeando pela pintura da fachada, é possível conferir ainda a imagem do Palermo que é o navio que percorre a cidade puxada por cordas e faz referência ao navio negreiro que naufragou, além de mostrar a intervenção de São Benedito para salvar os escravos transportados.
“Este projeto foi debatido com líderes de turmas e pensado no Conselho de Escola. Fizemos tudo juntamente com os estudantes e com os profissionais da nossa unidade e as sugestões das imagens utilizadas vieram de diversas tratativas”, detalhou Sebastião.
As pinturas regulares nas paredes externas começaram em outubro. Logo em seguida, começaram as pinturas artísticas e de resgate cultural que ainda não foram finalizadas. “Nossa previsão é de que até o final deste mês terminemos este trabalho de resgate”.