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De Jardim Limoeiro, o escritor Jean Nay Araújo Faria busca inspiração em grandes nomes da literatura brasileira para escrever suas poesias e contos. Mas, desta vez, o estímulo, veio em meio a uma grande perda: a morte de sua mãe.
A mãe de Jean, Palmira Araújo, tinha 74 anos e faleceu no último sábado (10). O poema intitulado ‘Mãe’ fala de saudade, amor materno.
Além desse, o poeta serrano possui cem contos escritos e 300 poesias. Jean tem 40 anos e conta que sua vontade de escrever surgiu quando ainda era pequeno. “Minha mãe sempre me deu força para que eu escrevesse e nada mais justo do que fazer esta singela homenagem a ela”.
Segundo Jean sua mãe era professora de português e foi por meio dela que veio a vontade de escrever. “Eu li todos os livros da biblioteca dela e foi esta leitura que me inspirou a criar meus textos e inclusive investir na confecção do primeiro trabalho”, declara.
Jean também possui dois blogspots: lojadaentropia.blogspot.com.br e muitoalemdagramatica.blogspot.com.br.
Mãe
As plantas secas esvoaçam com rudeza
As calças sujas recordam mais que tudo
Desenhado nas sombras que dançam lânguidas
Sobre a poeira enegrecida de óleo queimado
As miragens delineiam contornos da face enrugada
Longe de casa o cabelo cinza se acentua como nunca
Meu silvo surdo de desculpas sob a lua é um presente fugidio
E me assaltas o espírito tão quebradiço
Tanto te esqueci e blasfemei, grito e não escutas?
Já corri demais para escapar do jugo e não tenho perdoado a menor falta
Mas a estrada abre os braços e não hesito em te apagar
Do altar, neste seio
Beijo mãos estranhas e peço a benção
O gosto não é o mesmo e meus pecados se avolumam
Numa caixa de papelão
De beber água quente já não lembro seu nome
E a mochila está pesada
Turva a visão e penso novamente que é manhã e cedo,
Sentindo seus dedos delicados no rosto marcado de beijos falseados
Ei, quero feijão e galinha com quiabo
Sei que não tens mais colo
E praguejas arrastando-se a passos lentos pelos cantos
E vivendo de pequenos passados.
A quentura endureceu meus pés, sem candura calejei as mãos
Vagando como escravo liberto e sem rumo
O trabalho é sem vontade e o bolso enchi de merda
Pobres sinfonias assaltando o querer
Carregando pedras à túmulos de desconhecidos
Em postos de gasolina e bordéis imundos procuro traços
Em meretrizes envelhecidas
Ei, quero voltar e beijar sua face e com dignidade, pedir a bênção.