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Esforço louvável e preço alto

Eci Scardini

É louvável o esforço que o prefeito Audifax Barcelos (Rede) faz para conter gastos e assim garantir o pagamento de salários dos servidores em dia. Afinal, entre efetivos, comissionados, temporários e terceirizados é possível que passem dos 15 mi; são muitas famílias que dependem diretamente dos salários para pagarem suas contas e colocarem comida dentro de casa.

Depois de alterar o horário de expediente dos setores administrativos da Prefeitura, que passou a funcionar de 12 às 18 horas, agora foi baixado um ‘decretão’ cortando na própria carne. Nada mais de shows, diárias, passagens aéreas, aquisição de novos equipamentos; redução dos gastos com telefone, água, energia, material de limpeza, de expediente, entre uma série de outras medidas drásticas para que não aumente o desequilíbrio orçamentário do Município e não entre em desacordo com a lei complementar 110/2000, que é a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Exceto as áreas de saúde e educação, que tem maior proteção constitucional, o resultado negativo desse arrocho começa a ser sentido, e se acentuará mais ainda com o decorrer do tempo. Já falta papel ofício (Chamex) para a impressão de licenças e até de boletos para pagamentos de taxas. Provavelmente, daqui a pouco será o cafezinho que estará escasso e quem sabe, papel higiênico.

O prefeito anunciou em novembro que cortaria 200 cargos comissionados, mas até a semana passada não passava de 50. Mesmo assim, os 200 anunciados não serão suficientes e já se fala internamente em 300. É um drama, pois além de paralisar setores importantes da administração, esses cortes tratam um problema político sério para Audifax: a maioria desses cortes atingirão pessoas indicadas por vereadores que dão sustentação política ao prefeito na Câmara.

Se a relação executivo x legislativo já anda às turvas, a tendência é de piorar com esses cortes e com a não nomeação de novos comissionados para atender aos vereadores e partidos que chegam.           

Falta de diálogo espanta investimentos

            Apesar de todo o esforço do prefeito Audifax para garantir o funcionamento da máquina administrativa, ele padece de uma carência: não sabe lidar e não tem paciência para ouvir e tratar com os setores produtivos da cidade e ainda, dependendo do público, dizer que governa para os pobres. Mas não pode esquecer que quem paga a conta é o ‘rico’, leia-se: setor produtivo.

Nos últimos as queixas empresariais se tornaram recorrentes e a Serra pegou a fama de que na cidade tudo é difícil: licenciamentos, aprovações de projetos, excesso de burocracia, excesso de fiscalização, falta de diálogo com o chefe do executivo, entre outras tantas reclamações.

O resultado disso é que a Serra não vem mais atraindo indústrias e plantas logísticas expressivas. E já perdeu algumas e ainda está na iminência de perder outras para o norte do ES, que tem benefícios da Sudene.

             Enquanto perde expressivas plantas empresarias, a cidade ganha dezenas de lojas populares. Basta circular pelas avenidas Central (Laranjeiras), Getúlio Vargas (Serra-Sede), Brasília (Porto Canoa) e Abdo Saad (Jacaraípe) para ver a proliferação dessas lojas, que dão a falsa sensação de crescimento da cidade.

A Serra está perdendo o que levou décadas para conquistar. E não recebe praticamente mais nada significativo. O pouco que está para vir se arrasta há anos e ainda deve demorar.

             João Baptista da Motta, quando prefeito da Serra, ao ouvir dizer que uma empresa queria vir para o Estado pegava um avião e ia à sede da mesma, fazendo todo o possível para trazê-la para a cidade. Quando ouvia falar que uma empresa queria ir embora da Serra, ia pessoalmente nela, várias vezes se preciso fosse, para impedir que isso acontecesse.

Gabriel Almeida

Jornalista do Tempo Novo há mais de oito anos, Gabriel Almeida escreve para diversas editorias do jornal. Além disso, assina duas importantes colunas: o Serra Empregos, destinado a divulgação de oportunidades; e o Pronto, Flagrei, que mostra o cotidiano da Serra através das lentes do morador.

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