Categories: Meio Ambiente

Esgoto e sal podem estar exterminando peixes na Juara, dizem pescadores

 

As margens da lagoa estão repletas de peixes mortos em decomposição. Foto: Divulgação

Bruno Lyra

A mortantade de peixes do tipo tilápia na lagoa Juara em Jacaraípe está inviabilizando a piscicultura nos tanques-rede da Associação de Pescadores local, colocando em risco a renda de centenas de pessoas.  O problema teria começado há cerca de dois meses e se agravado nos últimos dias. Nas margens da lagoa, peixes mortos em decomposição são o triste retrato das condições ambientais da principal lagoa do município.

A Associação de Pescadores da Juara é a responsável pelo projeto de piscicultura. Segundo o presidente da entidade, Deraldo Balestrero, a obra de dragagem e aprofundamento do canal do rio Jacaraípe fez com que mais água salgada chegasse à lagoa. A desconfiança é a de que a salinização da Juara seja um dos motivos da mortandade, já que tilápia é peixe típico de água doce. “Peixes de mangue, como robalo e tainha estão bem. Inclusive estão aparecendo outros tipos de animais na Juara, como siri e peixe xixarro, que precisam de água salgada. Esses também não estão morrendo”, conta.

Deraldo observa também que, além do sal, outra situação piorou na lagoa: a concentração de esgoto. Isto porque a Prefeitura dragou o córrego das Laranjeiras para evitar enchentes na região. Mas, ao fazer isto, retirou a vegetação aquática que ajudava a filtrar um pouco a sujeira vinda no córrego. “Isso numa situação em que temos pouca água doce, por causa da seca prolongada”, lembra.

Segundo o pescador, as tilápias apresentam feridas. “Só nos tanques rede estão morrendo cerca de 300 peixes todo dia. Estamos buscando tilápias em Linhares para vender. Os ribeirinhos estão em pé de guerra, querendo pegar os peixes mortos e despejar na sede da Prefeitura”, disse.

Só na atividade de piscicultura, são 33 associados “Fora os 40 diaristas que atuam na atividade, e os cerca de 30 empregos gerados nos restaurantes próximos à lagoa e os ambulantes que trabalham no final de semana”, enumera.

 

Piscicultor nos bons tempos da criação de tilápia. Foto: Arquivo TN/ Bruno Lyra 03 – 09 – 13

Peixes soltos também são fonte de renda

Mas a geração de renda na Juara vai além da criação de tilápias. É que a espécie, que não é nativa, também é encontrada solta e em grande quantidade na lagoa. E de acordo com o pescador Jovani Soprani, cerca de 100 famílias dependem da pesca dessas tilápias soltas. Jovani inclusive está articulando uma entidade específica para representar esses profissionais, já que os pscicultores possuem sua associação.

“A grande maioria dos peixes mortos é de tilápia, até porque essa espécie hoje é predominante. Mas tem aparecido tucunarés e traíras, que também são de água doce. Os de água salgada não estão morrendo. Mas são necessária análises laboratoriais para saber exatamente o que está causando essa mortandade. Já pedimos ajuda à Prefeitura, Iema (Instituto Estadual de Meio Ambiente), Cesan e as empresas de saneamento, mas até agora nada. Ninguém está pescando na lagoa neste momento, são 100 famílias sem ter de onde tirar o sustento”,  desabafa Jovani.

 

Município e Estado farão estudo para saber causa

A assessoria de imprensa da Prefeitura da Serra disse que o município fará analises da água e dos peixes para identificar possíveis causas da mortandade. Falou também que a influência da água do mar na lagoa já era algo que estava previsto no Estudo de Impacto Ambiental da obra de dragagem e alargamento do rio Jacaraípe, tocada pela Prefeitura.

Informou ainda que a espécie predominante daquele ambiente, Tilápia do Nilo, suporta grandes variações da acidez e salinidade, além de sobreviver em ambientes com pouco oxigênio e excesso de matéria orgânica, como é o caso da Juara, que hoje recebe forte carga de esgoto, tratado ou não.

Tanto as tilápias criadas em tanques – rede como as que ficam solta na lagoa vem apresentando esses ferimentos. Foto: Divulgação

A assessoria acrescentou que é provável que o baixo nível de água, em função da falta de chuva, e lançamentos irregulares de esgoto domésticos possam estar causando alguma influência, concentrando os poluentes na lagoa. E concluiu dizendo que o retorno da comunicação entre lagoa e mar espera-se que outras espécies consigam, também, alcançar a lagoa, gerando competição com as tilápias.

O Iema também se manifestou via assessoria de imprensa, dizendo que técnicos do órgão foram à lagoa, constataram a morte de peixes e que as causas serão investigadas.

 

Redação Jornal Tempo Novo

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