Falta de chuva e poluição por esgoto são as causas da mortandade de peixes que atingiu a lagoa Juara na última quinta-feira (14). A conclusão é da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), cujos fiscais estiveram na lagoa para acompanhar a situação no final da semana passada.
Segundo a assessoria de imprensa da Semma, a mortandade ocorreu tanto em espécies de peixes de água doce quanto os de água salgada. A Juara é ligada ao mar pelo canal do Rio Jacaraípe e, segundo pescadores e ambientalistas, passou a receber mais água salgada após a obra municipal de alargamento e aprofundamento nos cerca de 10 km do canal que a liga a Praça Encontro das Águas. A obra foi feita para diminuir enchentes na região.
Em nota a Semma destaca a falta de chuvas, o que reduziu o nível da lagoa. Fato que, acrescenta a Secretaria, “Resulta na redução da concentração do oxigênio dissolvido na água. Outro ponto observado é que há áreas com concentração relevante de algas, o que demonstra que há excesso de matéria orgânica na água, o que também está relacionado com a redução de oxigênio”.
Embora a Semma não explicite, o grande volume de matéria orgânica na Juara decorre do lançamento de esgoto doméstico, segundo pescadores e ambientalistas que atuam na lagoa. A sujeira vem dos córregos Doutor Róbson e Jacaré, que drenam esgoto não tratado da região da Serra Sede e bairros. E também do córrego das Laranjeiras, que leva o esgoto da Grande Jacaraípe.
Outro ponto questionado por ativistas e pescadores é a qualidade do tratamento do esgoto na estação de Jacaraípe, considerada obsoleta por ter sido inaugurada na década de 1980, quando a população da região era bem menor. Após tratado, o esgoto dessa estação é lançado, com aspecto muito esverdeado no rio Jacaraípe. E sobe até a Juara nas marés altas.
A água verde é indicador de um dos problemas citados na avaliação da Semma, a proliferação excessiva de algas por conta da presença de muita matéria orgânica, o que ‘rouba’ o oxigênio da água e gera morte de peixes.
Há também indagações quanto ao excesso de sal do mar na Juara após a dragagem do rio Jacaraípe em 2014. Sobre esse ponto, a Secretaria não se pronunciou. A Secretaria também não informou a quantidade de peixes mortos.
Responsável pólo esgoto do município em Parceria Público Privada (PPP) firmada em janeiro de 2015 com a Ambiental Serra, a Cesan disse que os moradores que têm acesso a rede devem fazer a interligação para assegurar a destinação correta de efluentes, evitando o lançamento indevido. Onde não há rede disponível, o morador deve dar uma solução individual para tratamento de esgoto, a fossa séptica.
Sobre os questionamento em relação a eficiência da ETE Jacaraípe, disse atende aos padrões legais mas prevê a construção de uma nova estação na região nos próximos quatro anos.