Bruno Lyra
Localizada às margens da ES 010 entre Manguinhos e Vila Nova, a lagoa Maringá voltou a ser tomada por vegetação aquática nas últimas semanas. De acordo com especialistas, o problema é provocado pelo descarte de esgoto sem tratamento ou mal tratado. E há pelo menos uma década vem atingindo o manancial, fato que força o município a gastar para retirar mecanicamente a vegetação usando barcos e máquinas, para assim liberar o espelho d’água.
Da lagoa desce o córrego que cai na praia de Manguinhos. A Maringá é formada por nascentes que vêm dos bairros Laranjeiras II, Alterosas, Nova Zelândia e Vila Nova de Colares. E recebe esgoto tratado pela Ambiental Serra/Cesan da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Civit II, que por sua vez, já foi alvo de diversas autuações e multas aplicadas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) ao longo dos últimos anos. As autuações aconteceram porque a Semma diz ter analisado a água e constatado que a remoção dos poluentes estava abaixo do que determinada por lei.
E recentemente a Semma encontrou falha na operação da ETE Civit II. Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, foi flagrado o não funcionamento de aeradores, equipamento que injeta oxigênio na água e aumenta a eficiência da remoção de poluentes do esgoto. A assessoria acrescentou que a Ambiental Serra/Cesan foi notificada, respondeu dentro do prazo e que a resposta estava sendo analisada.
Doutor em Biologia Vegetal, Ian Drumond disse que as plantas que crescem sobre o espelho d’água da lagoa são macrófitas. Ian explica que tais plantas indicam a presença de grandes quantidades de nutrientes na água, especialmente fosfatos e nitratos, substâncias que podem ter origem em efluentes variados, incluindo esgoto. Tratado ou não.
“O ideal é identificar as fontes de contaminação para corrigir os lançamentos indevidos e iniciar a recuperação que pode ser realizada com as próprias macrófitas”, aponta.
Através da assessoria de imprensa, a Ambiental Serra/Cesan afirmou que o tratamento do esgoto na Estação Civit II está em conformidade com a lei. Disse também que atualmente, 76,5% das residências da bacia da Maringá possuem rede de esgoto disponível, e o restante será contemplado de acordo com o cronograma de universalização do sistema.
Acrescentou ainda que, “conforme a Lei Estadual 7.499 / 2003, onde há rede de esgoto implantada o morador deve fazer a ligação a esta rede. Onde não há rede disponível é responsabilidade do proprietário implantar fossas sépticas nos imóveis, e limpá-la periodicamente”.