A tarde da quarta-feira (10) foi emblemática para a cultura capixaba e da Serra. É que o Centro Cultural Eliziário Rangel, foi palco de uma reunião que resultou na união de dezenove espaços culturais independentes da Região Metropolitana de Vitória. Ali, foi formado o Coletivo de Espaços Independentes que promovem atividades culturais de importância pública e que não tem aporte financeiro de estado ou iniciativa privada.
Participação do coletivo os serranos do Centro Cultural Eliziário Rangel, de São Diogo, Espaço Ecoternura e Atelier Arte de Viver, da Vila das Artes, em Jacaraípe. Da turma, fazem parte ainda o pessoal da Árvore Casa das Artes, Stael Magesck Centro Artístico, Clã Arte Studio, Grupo Vira Lata de Teatro, Centro Flutuante, Casa Cultural Emparede, Contemporânea, Centro Cultural Tambor de Congo, Instituto Aprender Cultura, Folgazões Companhia de Artes Cênicas, Cine Teatro Ribalta, Má Companhia, Guava, Marbarú e Centro Cultural Villa dos Lobos.
“A ideia do coletivo é pensar juntos o cenário cultural capixaba e estratégias de sobrevivência em tempos sombrios. Já estamos nos reunindo desde março e ontem (11) tivemos uma reunião, aqui no Eliziário, com o secretário, a subsecretária e o diretor da pasta de espaços culturais da Secretaria de Estado da Cultura. Na ocasião, entregamos uma carta ao secretário Fabrício Noronha, reivindicando o reconhecimento desses espaços como equipamentos importantes no fomento de arte e cultura no ES. Estavam presentes onze espaços, desde a Barra do Jucu (Centro Cultural Tambor de Congo) a Jacaraípe (Vila das Artes) passando por Cariacica (Instituto Aprender Cultura) e demais espaços espalhados pela região metropolitana. Foi um encontro histórico e certamente pode e muito mudar o cenário cultural capixaba”, conta Antônio Victor, do Eliziário Rangel.
Confira a carta que foi apresentada a Secult – Secretaria de Estado da Cultura
Caro Secretário,
Somos um Coletivo formado por dezenove Espaços Independentes de Arte e Cultura. Espaços estes que tem em comum atividades artísticas e culturais permanentes de interesse público, possuem sedes e estão localizados na capital e ou na região metropolitana.
Nossos espaços têm uma programação ativa com os territórios que ocupam, formando público e garantindo acesso aos produtos artísticos à populações que o poder estatal não atinge e, em alguns casos, a única política pública de Estado que chega a esses territórios é a polícia.
Em todos os lugares em que estamos é o fazer artístico fomentado por nós que possibilita um respirar outro, isto é, um suspiro da realidade metropolitana marcada, sobretudo, pela violência e escassez de atividades de entretenimento, artísticas e culturais. É por meio da atuação dos nossos espaços que, em muitas localidades, exercem uma ação pública de garantia de direito ao acesso aos bens artísticos e culturais, fazendo que a vida jamais se amesquinhe. Assim, nossos espaços de arte e cultura transversalizam com outros saberes, como educação, direitos humanos, meio ambiente, esporte, assistência social, saúde, turismo e geração de trabalho e renda.
Temos clareza da importância que nossos espaços atingem com suas ações não somente os territórios onde estão inseridos, mas também toda a região metropolitana. É através dos nossos espaços que é possível acolher parte da demanda dos quatro cantos da Grande Vitória e outros municípios e estados e, em alguns casos, de fora do país. Contribuímos, assim, no processo de fortalecimento das atividades que já existem nos dias de hoje, visibilizando-as, além de criamos ações únicas na Grande Vitória, movimentando, assim, o setor da economia criativa. Gostaríamos que a Secretaria de Cultura do Estado do Espírito Santo, reconhecesse a existência e a demanda desses espaços culturais bem como a importância das ações por nós realizadas como uma ação política de interesse público que vai ao encontro das ações das políticas públicas desenvolvidas pelo Estado.
Há uma rede que se potencializa entre nós do Coletivo de Espaços Culturais Independentes. Em um levantamento informal, mapeamos que as nossas redes sociais, somadas, atingem uma média de 61.000 pessoas virtualmente, para além do público que regularmente frequenta esses espaços. É primordial, desse modo, tecer uma aproximação com o Estado para garantir as necessidades fundamentais de manutenção da sobrevivência dos espaços independentes potencializando, assim, o cenário artístico e cultural capixaba. Nossas maiores demandas de manutenção são contas fixas como água, luz, telefone, aluguel do espaço, limpeza, contabilidade e impostos. Entendemos que o apoio à manutenção irá impactar diretamente na garantia e ampliação do acesso do público em geral aos bens culturais que circulam nos nossos espaços.
Nossos espaços acolhem e desenvolvem atividades que são tão plurais e diversas quanto é a própria vida. Em nossos portfólios há ações permanentes desde às artes cênicas passando pelo audiovisual, moda, direitos humanos, meio ambiente, esportes, literatura, artes plásticas e visuais, artesanato, música, entre outros. Pontuamos, por fim, que nenhum dos espaços independentes contam com qualquer tipo de apoio, seja do setor público ou privado. Destarte, propomos que seja criada uma política de aproximação do Estado por intermédio da Secretaria de Cultura junto à esses espaços independentes em formato de Fórum Permanente. Dito isso, questionamos junto à Secretaria de Cultura quais políticas públicas para esse setor existem e qual a viabilidade concreta de efetivar uma parceria emergencial para com os espaços culturais independentes.
Assinam as instituições do Coletivo De Espaços Independentes,
Centro Cultural Eliziário Rangel
Árvore Casa das Artes
Stael Magesck Centro Artístico
Clã Arte Studio
Grupo Vira Lata de Teatro.
Centro Flutuante
Casa Cultural Emparede Contemporânea
Centro Cultural Tambor de Congo
Espaço Ecoternura (Vila das Artes)
Atelier Arte de Viver (Vila das Artes)
Instituto Aprender Cultura
Folgazões Companhia de Artes Cênicas
Cine Teatro Ribalta
Má Companhia