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Esquadrão da morte e epidemia de violência

 

Por Thiago Andrade

Para compreender o impacto da criminalidade violenta que se espalhou de norte a sul do Estado no período de crise da segurança pública, é fundamental analisar a evolução dos homicídios, em especial, do ano anterior. Em 2016, de 01 de janeiro até o dia 20 de fevereiro, foram registrados 185 homicídios em todo Estado. De acordo com os dados repassados pelo Sindicato dos Policiais Civis divulgados até segunda, dia 20, em 17 dias de crise de segurança, foram 177 assassinatos em todo solo capixaba. No período mais acentuado crise, perdemos o direito de ir e vir. Experimentamos múltiplas formas de violência e esquecemos, inclusive, o surto de febre amarela que ronda o Estado.

A epidemia foi de assassinatos e começou após a deflagração do movimento organizado por familiares dos militares estaduais, impedindo que a Polícia Militar realizasse o patrulhamento ostensivo. Além do elevado número de homicídios, foram registrados diversos crimes, como furtos e roubos, inclusive com alguns resultando em morte, além de incêndios em ônibus que circulam na Grande Vitória.

Neste contexto, surgiram várias especulações sobre a participação de policiais militares e outros agentes da segurança pública envolvidos nesses homicídios, trazendo à tona a ideia da existência do famigerado “esquadrão da morte”, que ganhou notoriedade no Espírito Santo e em outros estados, depois que as mortes à bala passaram a ser vistas como uma maneira de se manter o controle.

No entanto, com o passar dos anos, ficou evidente que os homicídios utilizando esse modus operandi, em vez de controlarem o crime, acabavam provocando novos assassinatos, em círculos ininterruptos de violência. Ora, se por um lado eliminavam suspeitos, consolidavam o medo da morte e estimulavam o desejo de vingança. Estudos apontam que o esquadrão da morte representou o início da epidemia de assassinatos, por colocar em prática uma nova forma de controle social, bem como de lidar com homicídios em sociedade.

De acordo com a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, há denúncias que apontam o envolvimento de agentes da segurança pública nos homicídios registrados no período da crise. Após a sucessão de mortes, a Secretaria de Segurança Pública divulgou a criação de uma Força Tarefa para apuração dos assassinatos, visando identificar autoria e motivação. Que os autores sejam responsabilizados.

Ainda sofrendo com a insegurança, cidades estão cancelando os eventos carnavalescos, mesmo nos locais onde a folia era uma tradição. Um prejuízo incalculável para diversos setores da economia. No geral, a população capixaba ainda não retomou todas as suas atividades. As marcas da crueldade ainda estão recentes, sequelas que vão além da violência física. A pergunta é: até quando?

Mestre em Segurança Pública e Professor Universitário

Gabriel Almeida

Jornalista do Tempo Novo há mais de oito anos, Gabriel Almeida escreve para diversas editorias do jornal. Além disso, assina duas importantes colunas: o Serra Empregos, destinado a divulgação de oportunidades; e o Pronto, Flagrei, que mostra o cotidiano da Serra através das lentes do morador.

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