O PMDB descobriu a melhor coisa do mundo: ser governo sem ser governo. É um fato talvez até inédito e de difícil compreensão em países mais avançados e de democracias mais consolidadas. Não se pode afirmar que o partido seja um parasita, porque ele não vive à custa alheia. Ele está mais para sanguessuga.
No Congresso Nacional há dois PMDB’s: um de oposição e outro maior que é situação; um bate e o outro assopra. Um ganha os louros de ser oposição e o outro as benesses de ser governo e tem sido assim desde o primeiro mandato de presidente da República de Fernando Henrique Cardoso (1995). E lá se vão 20 anos. Nem FHC, nem Lula (PT) nos dois mandatos e nem Dilma Roussef (PT), no seu primeiro conseguiram governar sem o PMDB. Está nítido que nesse segundo mandato não será diferente.
O PMDB é vice-presidente da República no primeiro e nesse segundo mandato de Dilma Roussef, com Michel Temer. Ocupa a presidência do Senado, com Renan Calheiros e a presidência da Câmara, com Eduardo Cunha. Temer tem controle sobre uma parte dos parlamentares, Renan sobre outra, o polêmico Eduardo Cunha sobre a maioria dos deputados peemedebistas, uma parte de senadores e também de deputados que não se submetem ao controle dos dois primeiros.
Isso engessa bastante a presidente Dilma e seus articuladores políticos uma vez que não sabem com quem conversar. Tem que negociar e ceder às exigências dos três. Caso contrário o Congresso Nacional não vota nada e não aprova nada. Isso custa caro porque são muitos cargos, muitos favores e muitas benesses. O PMDB fica com o bônus de ser governo e se esquiva de atrair para si o ônus de ser governo.
O partido tem a cara de pau de levar ao ar um programa de tevê, onde se coloca como o arauto dos grandes feitos nacionais, como o paladino do estadismo nacional e o guardião da moralidade. Pura fachada; por trás de muitos daqueles personagens estão verdadeiras raposas, que sugam até a última gota de sangue em negociações políticas, tudo em nome do Brasil.
Fingindo de morto pra dar bote no coveiro
Coloca-se somente na conta do PT os desmandos na Petrobras, a roubalheira estabelecida na maior empresa brasileira; mas o PMDB através de operadores seus, comprovado pelos órgãos de investigações e pelas deleções premiadas tem uma participação tão danosa como a do PT. Entretanto, a pecha de partido corrupto cola mais no Partido dos Trabalhadores do que no peemedebista.
O PMDB é governo não só por ter o vice-presidente da República, mas também pelos espaços que ocupa na estrutura de Governo. São quatro ministérios: Agricultura, Minas e Energia, Pesca e Aquicultura, Turismo; duas secretarias especiais com status de ministérios: Aviação Civil e Portos. E centenas de cargos espalhados por empresas estatais como a combalida Petrobras, Furnas, outras empresas geradoras e distribuidoras de energia espalhadas pelo país, Funasa, Departamento Nacional de Produção Mineral, Infraero, entre outros, que dão ao partido capilaridade nos estados e capacidade de fazer negócios.
A crise econômica, financeira, hídrica, elétrica, o déficit na balança comercial, a violência, o descrédito internacional, a corrupção e todas as mazelas que afligem o país não devem ser creditadas somente ao PT; devem ser divididas com o PMDB e também com outros partidos menores como o PR, PP, PSD, afinal todos estão juntos, no Palácio do Planalto, tomando decisões que influenciam diretamente na vida de cada cidadão e de cada empresa estabelecida no Brasil.
O PMDB dá uma de morto para dar o bote no coveiro. É um partido que tem em seus quadros pessoas como José Sarney, Renan Calheiros, Jader Barbalho, entre outros que não trazem boas recordações para o povo brasileiro.
O PT erra quando se vê indo para o cadafalso e para não ir sozinho puxa o PSDB. Deveriam também puxar o PMDB, afinal, hoje os tucanos são inimigos declarados e pior do que ser combatido pelo inimigo é ter falsos aliados.