Categories: Meio Ambiente

Estado não maneja saguis de terreno do Aristóbulo e moradores temem mortes de animais

A limpeza do terreno já foi concluída. Foto: Gabriel Almeida

O destino incerto de macacos saguis, que habitavam no terreno da escola estadual Aristóbulo Barbosa Leão (ABL), está trazendo preocupações para moradores de Parque Residencial Laranjeiras na Serra. Com o início da limpeza do espaço onde está sendo construído o novo prédio do colégio, os animais, que antes eram alimentados por populares sumiram da região e os moradores temem mortes dos “bichinhos”. Além deles, há suspeita de que o terreno abrigava outras espécies de animais.

Os saguis começaram a habitar no espaço após o terreno ficar seis anos abandonado. Durante esse tempo, uma grande vegetação cresceu no ambiente. Agora, com o início das novas obras da escola, o espaço começou a ser limpo e grande parte dessa vegetação foi retirada. A construtora responsável pela obra é a RG Empreendimentos e Engenharia Eireli, que não realizou o manejo dos bichos e até a semana passada, não tinha nem entrado em contato com órgãos responsáveis para que isso acontecesse.

O TEMPO NOVO recebeu as reclamações dos moradores de Laranjeiras. Uma delas é a Lilian Souto, que alimentava os saguis, e fiou preocupada com o destino dos animais. “Do meu escritório ouvi as obras e fiquei aflita por não saber o destino dos macaquinhos. A pergunta que não quer calar: será que os órgãos competentes apareceram lá pra retirar os macaquinhos que viviam ou ainda vivem lá? Ou estes animaizinhos foram entregue a própria sorte?”, indaga a moradora.

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Para a moradora do bairro, Fabiana Ramos, a preocupação com o destino dos animais também é grande. “Sempre quando eu passava para ir trabalhar eu via eles nos galhos. Já cheguei ver uns 5 juntos. Agora eles sumiram”, destacou a popular. Pelas redes sociais, Roberto Gomes também reclamou. “Aquela área virou uma mata, árvores cresceram durante esses anos de abandono por parte (do governo atual e do anterior).”

E continuou: “ao meu entender caberia sim uma avaliação dos órgãos ambientais antes da retomada desta obra que é símbolo da falta de vergonha destes dois governadores. Era de conhecimento de todos que famílias de saguis e até macacos de médio porte estavam vivendo no local”, disse Roberto.

O que dizem a Prefeitura da Serra e o Governo do Estado?

A reportagem acionou a Secretaria de Meio Ambiente da Serra para saber se houve algum chamado por parte dos responsáveis pela obra para o manejo dos animais. Por meio de nota, a Semma afirmou que a responsabilidade de elaboração e da implementação do plano é da empresa executora e do responsável pela obra. “Mesmo em área urbana é indispensável a realização de um plano de resgate de fauna”, finalizou em nota.

Já o Governo do Estado, através do Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES) – responsável pela obra, informou que não remanejou os saguis. Disse ainda que já foi executada a limpeza do terreno removendo matos e árvores não nativas da Mata Atlântica, mas os animais não foram retirados.

Prometeu ainda que empresa contratada para a execução da obra vai acionar a Vigilância Ambiental para receber a orientação de como proceder com os animais que ainda estiverem no local.

Entenda um pouco mais dos callithrix geoffroyis (saguis)

Foto: underworld / Shutterstock.com

A reportagem conversou com alguns biólogos para falar sobre os saguis. De acordo com eles, o Estado ou a prefeitura deveriam ter feito o manejo dos animais, pois eles podem acabar sendo atropelados ou morrerem eletrocutados nas fiações da região. Os profissionais também pediram para que a população não tente contato direto com os animais.

O TEMPO NOVO também conversou com Cláudio Manga, que é biólogo. Segundo ele, os saguis sempre andam em grupos e por esse motivo é ainda maior o risco para eles. “Se um passar correndo perto dos carros, todos vão juntos. Temos que ter muito cuidados com eles em áreas urbanas. Existe essa preocupação”, destacou.

Cláudio ainda disse que o terreno do ABL estava sendo um local perfeito para eles viverem, por isso havia muitos. “Ali no ABL ele tinha abrigo, tinha alimentação ao redor e tinha parceiros, pois formam um grupinho. Então a vida para eles era extremamente confortável. Agora, sem o cuidado necessário, eles viram vítimas de carros e outros acidentes”, afirmou.

Para finalizar, Manga disse que a população não deve alimentar os saguis com comidas de humanos. “Não se deve alimentar esse tipo de animal. Não deve dar comida de panela, doce, pães e biscoitos. Eles tem uma dieta muito particular, mas acabam comendo essas coisas que as pessoas dão por conveniência, facilidade. Não há problema nenhum em dar frutas, como bananas. Outras coisas fazem muito mal para eles”, alertou.

Gabriel Almeida

Jornalista do Tempo Novo há mais de oito anos, Gabriel Almeida escreve para diversas editorias do jornal. Além disso, assina duas importantes colunas: o Serra Empregos, destinado a divulgação de oportunidades; e o Pronto, Flagrei, que mostra o cotidiano da Serra através das lentes do morador.

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