Em meio à pandemia causada pelo coronavírus e as reclamações de terminais e ônibus do Transcol lotados de passageiros, o governador Renato Casagrande (PSB) inaugurou na manhã desta quinta-feira (23) a nova Central de Controle Operacional (CCO), instalada na sede da Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do ES (Ceturb-ES). A promessa é que o espaço vai trazer mais agilidade nas ações operacionais, segurança para os usuários, controle na formação de filas com distanciamento e ferramentas para auxiliar nas pesquisas de demanda nos terminais.
De acordo com o governador, a nova central recebe imagens das câmeras espalhadas nos terminais de integração, em tempo real. Dessa forma, será possível observar toda a operação do sistema e realizar as interferências necessárias para cada tipo de situação identificada, como, por exemplo, liberar carros extras para atender à demanda de uma determinada linha. Além disso, foram instalados aparelhos sonoros que podem emitir alertas para que os passageiros mantenham o distanciamento social.
Casagrande afirmou que o investimento é de extrema importância. “O novo equipamento permite que a Ceturb veja, em tempo real, tudo o que acontece nos terminais. Podemos detectar aglomeração, depredação e as imagens ficam guardadas por 60 dias para que seja usada em uma investigação policial, caso seja necessário. Temos como enviar mensagens de informação e acionar fiscais, por exemplo. Essa Central vai de encontro ao que buscamos, que é tomar decisões com planejamento e levando segurança aos nossos usuários”, disse.
O secretário de Estado de Mobilidade e Infraestrutura, Fábio Damasceno, comentou que a nova central vai auxiliar a gestão do transporte tanto do ponto de vista técnico como operacional. “Temos em tempo real e em uma mesma plataforma as informações de tudo o que acontece nos terminais. Com isso, a Ceturb-ES pode aprimorar o planejamento da operação. Também é uma ferramenta estratégica para a tomada de decisão, principalmente em situações de crise. Além disso, a Central complementa a fiscalização, pois não só vamos fiscalizar a operação, como também a atuação dos próprios fiscais”, explicou.
De acordo com o Governo do Estado, cada terminal de integração – inclusive os terminais de Laranjeiras, Carapina e Jacaraípe – tem, pelo menos, dez câmeras PTZ (Pan Tilt Zoom) móveis, com movimentos de 360 graus, que capturam imagens e zoom em alta fidelidade, capazes de identificar detalhes da operação e de ocorrências nos terminais rodoviários. As imagens ficarão armazenadas tanto na CCO quanto em cada terminal de integração.
O sistema conta, ainda, com botões de pânico, que, posteriormente, poderão ser distribuídos aos vigilantes dos terminais que, ao verificarem alguma anormalidade, podem acionar o sinal que será emitido na central de operações. Em casos de crimes ou situações de insegurança, os operadores da CCO também poderão acionar as autoridades policiais ou fazer a intervenção por meio do sistema de áudio.
O Estado ainda prometeu instalar outras 40 câmeras fixas devem ser instaladas nos terminais a partir de agosto. Sete dessas já estão instaladas e em fase de teste. As câmeras fixas estão atreladas a um software capaz de analisar as imagens e produzir relatórios gerenciais, como o de aglomeração, que vai auxiliar no controle do fluxo de pessoas nos terminais.
Evitar aglomerações, principalmente em ambiente fechados, é uma das principais recomendações das autoridades para frear a proliferação do coronavírus. Mas para o trabalhador que depende do transporte público isso é uma missão quase impossível. Passageiros do sistema Transcol estão reclamando da superlotação dos coletivos que circulam pela Grande Vitória. De acordo com eles, conseguir um ônibus vazio em pleno horário de pico é muito difícil. O problema também ocorre nos terminais.
Ao TEMPO NOVO, os usuários do Transcol relataram a rotina de quem depende dos coletivos e afirmaram que o medo de se contaminar por conta da quantidade de pessoas num mesmo ambiente fechado é grande. De Alterosas, o serrano Rafael Meyrelles, precisa enfrentar o problema todos os dias. De acordo com ele, mesmo após fazer várias denúncias para a Ceturb, a situação não muda.
“Os ônibus estão lotados. É um absurdo. Todo dia utilizo as linhas do Terminal de Jacaraípe e de Laranjeiras para Carapina e em horário de pico não dá nem para se mexer dentro do coletivo. Para piorar, os motoristas param em todos os pontos possíveis, mesmo com o carro lotado. Meu maior medo é contaminar meus familiares”, afirmou Rafael.
Já Flávia da Silva Alves, mora em Cariacica, mas precisa utilizar os terminais da Serra. Segundo a babá, desde o início da pandemia nada mudou: ônibus sempre cheios. “Eles falam para esperar se o ônibus estiver cheio e pegar o próximo. O problema é que o próximo vem ainda pior. Nos terminais também, a situação é a mesma. Como evitar aglomeração? Nós temos que trabalhar.”
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