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“Eventos climáticos extremos vão acontecer com mais frequência”

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Hugo disse que a população tem que cobrar dos gestores municipais e estaduais políticas para amenizar secas e enchentes. Foto: Divulgação
Hugo disse que a população tem que cobrar dos gestores municipais e estaduais políticas para amenizar secas e enchentes. Foto: Divulgação

Yuri Scardini

Hugo Ramos é um dos meteorologistas responsáveis pelo serviço de previsão do tempo do Instituto de Pesquisa e Extensão Rural do ES (Incaper). Nesta entrevista ele fala sobre a seca prolongada, chuvas violentas, impactos da poluição no clima da Grande Vitória além do sistema de previsão e alerta de extremos climáticos.     
[TN] Como funciona o sistema de informações meteorológicas do Incaper?      
[HUGO RAMOS] Ele reúne toda base de informações de parceiros públicos como Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Centro Nacional de Monitoramento de Alerta e Desastre (Cemadem), além de prefeituras e até da Cesan. Além disso, há 30 estações meteorológicas espalhadas pelo ES que coletam informações de chuva, temperatura, vento, pressão atmosférica, umidade relativa, dados de radiação. Há ainda o apoio de 66 pluviômetros. Essas informações são cruzadas e transformadas em dados fornecidos para a sociedade, inclusive no site do Incaper.

Qual é o grau de acerto nas previsões? É possível melhorá-lo?  
A média mundial é de 97% de acerto para um prazo de 24h. No ES estamos com média de previsão acima de 90% de 24h até 72h. A partir do terceiro dia essa previsibilidade diminui porque a atmosfera é um meio caótico. Por isso sempre solicitamos à população que acompanhe as atualizações da previsão em nosso site.

Essa é a pior seca da história do ES desde que se começaram os registros?
Ela está entre as mais intensas. Só não posso qualificar que seja a pior seca, pois ainda não chegou ao final esta estiagem.

Quanto choveu na Grande Vitória em 2014, 2016 e nesse primeiro bimestre de 2016?
A média anual de Vitória (Serra não tem estação meteorológica) fica em torno de 1,3 mil milímetros (mm). Em 2014, foram 1.149, 5 mm. Em 2015 tivemos 806 mm. Em 2016 tivemos em janeiro uma zona de convergência do Atlântico Sul que trouxe chuva por dez dias, acumulando 221 mm. Já em fevereiro choveu só 12mm.

Por que uma seca tão longa no ES? Culpa do efeito El Nino?  
A culpa é da atuação de uma massa de ar seco que associada a um sistema de alta pressão atmosférica dificulta a formação de nuvens de chuva, então por isso é que em grande parte dos meses tivemos ai chuvas abaixo da média. A literatura diz que o El Nino, que é o aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico na região da América do Sul, não tem um padrão regular no ES, podendo gerar chuvas intensas ou a estiagem prolongada. Mas provoca aumento da temperatura.

No caso da Grande Vitória, quanto ficaram as mínimas e as máximas? E qual seria a média histórica?
A média histórica das máximas é de 31,70 C. Neste verão, que ainda não acabou, a média está na faixa de 32,5. A média das mínimas, subiu de 22,80 C para 23,90 C. O El Nino foi identificado em meados de 2015, mas em 2014 também houve aumento da temperatura e pouca chuva no verão.

Um estudo da Fundação Osvaldo Cruz aponta tendência de redução de chuvas em 30% no ES e aquecimento de até 30C entre 2040 e 2070…
Não tivemos acesso total ao estudo, mas a equipe já está acompanhando. Normalmente quando faz esse cenário de longo prazo, os pesquisadores se ancoram às tendências climáticas a partir dos relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em Inglês) da ONU.

Há alguma relação entre o aquecimento global e a seca do ES?
Há de fato uma tendência de aquecimento global, como está sendo observado pelos pesquisadores do IPCC. No ES ainda não dá para falar que há uma relação direta é preciso observar e pesquisar mais. No entanto tivemos, recentemente, ocorrência de extremos. Muita chuva em dezembro de 2013 e estiagem prolongada depois.  Estamos acompanhando.

Em 30 de agosto de 2014, houve uma superchuva na Serra. O que aconteceu? Esses eventos vão ficar mais comuns?
Foi um evento localizado, uma formação de área de instabilidade organizada por sistemas locais que a potencializou. Só a análise de componentes atmosféricos daquela ocasião para perceber se vai ocorrer de novo naquela magnitude. Em relação aos padrões climáticos, o que os pesquisadores das mudanças climáticas falam é que a tendência é que esses eventos passarão a acontecer com mais frequência.

A atmosfera da Grande Vitória é carregada de pó de minério, carvão e gases da siderurgia. Isso influencia nas chuvas e temperaturas?
A presença desse material particulado tem influência na formação das nuvens, pois quanto maior a quantidade de partículas microscópicas é mais fácil agregar o vapor d’água e favorecer a formação de chuva. Se isto, agregado a fatores de maior amplitude como as frentes frias, gera ou não mais intensidade das chuvas é preciso investigar. Temos também, principalmente nos meses secos, aquele material disperso da atividade siderúrgica, dos carros, das construções paralisados sobre as cidades, que acabam alterando o microclima.

E a presença de prédios, asfalto, veículos fábricas e poucas áreas verdes?
Afeta o padrão local sim. A impermeabilização do solo impede a evaporação da água que forma nuvens. E a água poluída dos rios perde a capacidade de evaporação. As chuvas locais tendem a reduzir e a temperatura a aumentar por conta da urbanização, mas o mar ameniza isso na Grande Vitória.

Os municípios da Grande Vitória, em especial a Serra, têm tido políticas públicas para lidar com esses eventos climáticos extremos?
A população tem que se unir para cobrar dos agentes públicos políticas para reduzir os danos com excesso de chuva, estiagem, altas temperaturas. Isso vai contribuir para que nossos políticos eleitos, por nós ou não, possam estar sempre atentos a esse tipo de demanda.

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