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Eventos como o de jazz, motoclube e gastronomia fortalecem turismo

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Berenice foi secretária de Turismo da Serra e diz que a atividade é viável no município por conta dos atrativos naturais, culturais e históricos. Foto: Divulgação
Berenice foi secretária de Turismo da Serra e diz que a atividade é viável no município por conta dos atrativos naturais, culturais e históricos. Foto: Divulgação

Desde a década de 1990, o turismo de lazer nas praias da Serra vem enfrentando declínio, principalmente em Jacaraípe. Dois especialistas, um do trading turístico de Guarapari, principal destino de praia do ES, e outro que já esteve na gestão pública da Serra, lançam seus olhares sobre a situação. Confira a entrevista com a ex-secretária de Turismo da Serra no três mandatos do ex-prefeito Sérgio Vidigal, Berenice de Albuquerque Tavares, e com o empresário Edy Soares Rodrigues, da Associação de Hotéis e Turismo de Guarapari.

 O que levou à queda do turismo de lazer nas praias da Serra, especialmente em Jacaraípe?

Um pouco por conta da própria administração pública. A Serra também foi virando uma cidade industrial. Jacaraípe cresceu, muitos bairros com diferentes perfis surgiram e aumentou o problema da violência. Por outro lado, Manguinhos conseguiu preservar um pouco mais os seus atrativos.

Até o início dos anos 1990 Jacaraípe rivalizada com outros balneários, como Guarapari. O que fazer para recuperar essa força?  A administração pública tem que abraçar projetos para desenvolver o turismo, apostar no marketing. Já o setor privado, hotéis, pousadas e restaurantes, investir em melhor atendimento é imprescindível. Na época que estivemos à frente da Setur (Secretaria Municipal de Turismo Cultura Esporte e Lazer) fizemos vários levantamentos de fluxos turísticos no município, onde apontávamos essas necessidades.

A Serra é uma cidade com muitos problemas. É viável apostar no turismo aqui?  

A Serra tem uma potencialidade grande e tem o 2º PIB do Estado. Tem história, tradições como o congo, a gastronomia, belezas naturais como as lagoas, praias, o Mestre Álvaro. Construções antigas como a Igreja de Reis Magos, Nossa Senhora da Conceição, sítio do Queimado. Quando o turista vem, ele não quer ficar dentro de um hotel ou pousada, ele quer sair. E a Serra tem coisas a oferecer, mas é preciso que as entidades culturais, as do setor turístico, as associações de moradores, os conselhos, além do poder público para fortalecer esses potenciais e estimular a visitação.

No início da década de 2000 o litoral da cidade foi incluído na Rota do Sol e da Moqueca…

Foi uma ciosa importante. Mas é preciso uma integração com outros municípios para que isto funcione efetivamente. Hoje a Conventions Bureau está trabalhando a região metropolitana, a Prefeitura tem que participar efetivamente disso. Temos que aproveitar o turista de negócio quem vem à Serra em eventos, como os que vêm à feira de rochas ou a MecShow (Metalmecânica) e trazê-lo também para o lazer.

Eventos como o festival de Jazz e o de Gastronomia em Manguinhos ou de Motoclubes em Jacaraípe são um bom caminho?

Sim, tem tudo a ver. Eu me lembro que encontro de motoclubes em Jacaraípe lotava hotéis e pousadas em toda a orla. Tinha gente de todo país, faltava lugar, alguns tinham que se hospedar em Vitória. O festival de Jazz começou quando eu estava na prefeitura. Esse e o de Gastronomia valem muito a pena, precisam continuar a ser fomentados.

Os projetos de infraestrutura da orla também podem ajudar?

Sem dúvida, deixei alguns deles quando saí da Prefeitura, não sei se deram continuidade. Vi que a atual gestão de Audifax apresentou um para urbanizar a orla na região de Carapebus, o que é bom.

“Até os anos 1980, Jacaraípe rivalizava com Guarapari na atração de turistas.”

Como Guarapari consegue manter vivo o turismo de lazer?

Temos um turismo muito sazonal, temos o desafio de torna-lo mais regular, pois a sazonalidade não é muito legal, cria uma situação ilusória. Nossa população é de 110 mil moradores, mas no Reivellon e Carnaval recebemos 800 mil visitantes, por vezes chega a um milhão. Guarapari ficou famosa no Brasil como cidade saúde, das areias pretas. E apesar do problema que a gente enfrenta com o poder público, nós empresários somos unidos, participamos de um trabalho de marketing junto com SENAC, Associação Brasileira da Indústrias de Hotéis.

Empresários do setor na Serra reclamam do sumiço de turistas, principalmente em Jacaraípe. Na sua visão, porque caiu?  

Para os capixabas tradicionais, Guarapari e Meaípe estão mais próximos e são destinos considerados mais elegantes do que Jacaraípe. É indubitável que a crise econômica também afeta, principalmente o turista sazonal, que só vai de vez em quando, portanto é preciso repensar conceitos.  Até os anos 1980, Jacaraípe rivalizava com Guarapari na atração de turistas.

O que a cidade pode fazer para voltar a atrair gente para suas praias?

A cidade deve trabalhar a fidelização de clientes, ouvir o que ele precisa. E focar o marketing para turistas de cidades mais próximas, como as do interior do ES e algumas de Minas Gerais. É preciso dizer para os seus vizinhos que você é um lugar interessante para ir. Manguinhos e Jacaraípe são lugares lindos que não são menos qualificados que Guarapari, só que neste vemos uma classe empresarial cada vez mais unida. Por exemplo, temos uma articulação para viabilizar o aeroporto de Guarapari para voos domésticos, já que o de Vitória está sobrecarregado.

     

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