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“Falar de quem não pode se defender, é igual a adulto bater em criança”

Vidigal diz que a Guarda Municipal não deve ser militarizada como propõe a atual gestão, mas um tipo de policiamento comunitário. Foto: Joatan Alves

Yuri Scardini

O jornal Tempo Novo inicia a partir desta semana sua série de entrevistas  com os candidatos a prefeito da Serra. O primeiro a ser ouvido é Sérgio Vidigal, deputado federal mais votado em 2014 e postulante ao terceiro mandato de prefeito da cidade. Nesta entrevista ele fala sobre suas propostas caso seja eleito.

[TN] Quais são suas principais propostas de governo?
[Sérgio Vidigal] Criamos três eixos. O primeiro em Gestão e Transparência, que trata de reduzir o tamanho do Estado para aumentar os investimentos e manter custeios imprescindíveis, como oferta de vagas em escola e medicamento. Precisamos também melhorar o ranking de transparência. No último ano a Serra ficou em 25º colocado na transparência no Estado. Outro pilar se refere ao Desenvolvimento Sustentável. Precisamos atrair novos investimentos e criar ambiente para o empresário investir, trabalhar com concessão e PPP’s, além de reduzir a burocracia pública e investir na qualificação profissional. Não podemos também esquecer do empreendedorismo, temos que incentivar e trabalhar para que os serranos tomem atitudes empreendedoras na cidade. O terceiro eixo, se chama Acolhendo Pessoas, considero que seja o mais importante. Temos o desafio de oferecer vagas para todos os alunos de 0 a 3 anos de idade. Vamos retomar o programa sobre Educação e Valores Humanos, trabalhar com turnos diversos, buscar equipamentos públicos, trabalhar com o terceiro setor, assim o aluno fica na escola e no outro período faz atividades esportivas e culturais.

Como contornar a crise hídrica que parece ser algo permanente do ES?
Temos que fazer ações de recuperação dos mananciais e de energias renováveis, e não as que dependam da água, mas energia solar, por exemplo. A Serra superou alguns estágios, e não podemos trazer indústrias que tragam impacto ambiental. No passado, a Serra era cidade dormitório, e agora não. Quanto menos impacto ambiental, maior será os incentivos tributários do munícipio.

A Lagoa Juara está tomada por esgoto, quais suas propostas para recuperá-la?
Tratar o esgoto que ainda cai em seu entorno tem que ser uma ação prioritária. O que mais contamina é o esgotamento sanitário. Tivemos uma conversa recentemente com a Cesan para que ela pudesse antecipar a cobertura do esgotamento sanitário nessa região, para preservar à lagoa Juara. Tínhamos um projeto de urbanização do entorno da Juara, é importante para a preservação.

Em que medida suas propostas para a cidade diferem dos outros candidatos?
Ainda não tive acesso a dos outros, mas posso garantir que nossas propostas serão um desafio. Existe toda uma cultura no setor público, precisamos de mais participação do terceiro setor, promover as PPP’s, por exemplo, a proposta de trazer um aeroporto para a Serra, temos que buscar participação privada. Não temos muitas alternativas senão implementar outros meios de gestão, buscar qualidade de serviço e custo baixo reduzindo o custo da  máquina. Foram criadas muitas secretarias, aumentando o tamanho da máquina sem trazer resultados. Precisamos integrar as ações da gestão. Por exemplo, quando o empresário chega à pasta de Desenvolvimento Econômico, ele é transferido para que a pasta de Meio Ambiente resolva a parte ambiental, depois vai para a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, depois a de Saúde para pegar alvará da vigilância sanitária. Temos que criar um modelo para o Desenvolvimento Econômico no sentido de solucionar todas essas demandas. Hoje temos municípios que competem conosco, como Cariacica, Viana e Linhares, ou buscamos eficiência e desburocratização, ou não vamos conseguir contornar essa situação de crise.

A Guarda Municipal foi motivo de muita polêmica este ano, caso seja eleito, como o senhor vai conduzir este projeto?
Primeiro quero falar que sou favorável à guarda municipal, mas ela não pode ser o único instrumento que vai combater a violência, não podemos perder o foco nas políticas sociais. Não podemos militarizar nossa guarda. Tem que ser comunitária e de contato com a população, para tomar conta do patrimônio e ocupar nossas praças. Essa questão é de maior responsabilidade do governo, temos que cobrar do estado soluções para a violência.

Como a internação do prefeito Audifax Barcelos interfere as eleições de maneira geral?
Eu sempre tenho dito que acima da política, eu sou um médico e cristão. Primeiro a solidariedade, pedimos a Deus que ele se recupere. Mas no que tangue as eleições, acabou interferindo sim. Aguardamos um bom período e colocamos a campanha na rua quase ao mesmo tempo que a turma do prefeito Audifax, mas a ausência dele não permite que se possa fazer um debate ampliado da gestão da cidade, e isso não é bom. Falar de quem não pode se defender, é igual a adulto bater em criança.

Como o senhor avalia as terceiras vias que se colocaram na disputa?
É difícil fazer avaliação, fora o Venturini que é um servidor público de carreira, os outros já participaram da minha gestão. O Givaldo foi meu Secretário, o Gideão participou da nossa gestão. Não temos de buscar nomes novos e sim, novos projetos. Quando alguém está doente, você não vai buscar um médico que você não conhece, você vai buscar um experiente. Temos de tomar cuidado, e avaliar a capacidade de gestão de cada um.

Em qual medida se dá o apoio de Hartung ao seu nome?
Acredito que contra mim, pelo menos ele não vai ficar. Espero dele que após eleição da Serra, ele enxergue a cidade como uma locomotiva e que faça os investimentos que a cidade precisa. Não temos como fazer sozinhos as obras de mobilidade urbana, por exemplo. Além disso, temos que voltar a debater a Região Metropolitana e as concessões que sejam para Grande Vitória.

Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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