Seria cômico se não fosse trágico. O munícipio da Serra, com todo o seu potencial hídrico formado por rios e lagos, está sofrendo com falta de água para a população. E a situação se expande por todo o Espírito Santo.
Não é de agora que a falta de recursos hídricos é uma constante na história do ES. Principalmente no norte, a situação vem se agravando ao longo dos últimos 30 anos, pelo menos.
Também não é exclusividade do Brasil. Ao redor do mundo há exemplos de distúrbios hídricos, seja a falta ou o excesso de água. E a saída tem sido o planejamento, a longo prazo, e investimento em tecnologias, no prazo curto.
A experiência portuguesa em relação ao tema, por exemplo, remete o ano de 1884, quando é publicado o primeiro Plano de Organização dos Serviços Hidrográficos de Portugal. Nesse, haviam uma série de considerações acerca de reflorestamentos e ordenamentos do território, entre outras ações. De lá pra cá, uma série de ferramentas políticas foram implementadas e houve mudança de cultura na utilização da água. Atualmente na cidade do Porto já é possível – e incentivado – o consumo para beber água da torneira.
Infelizmente atravessamos uma fase que nos coloca do outro lado desse exemplo. Chegamos ao fundo do poço – e não encontramos água…. Hoje, ações de planejamento hídrico são bem-vindas, mas é necessário investimento em tecnologia no curto prazo. Dessalinização de água oceânica e prospecção de água subterrânea são alternativas que merecem ser consideradas. Sabe-se que o custo é altíssimo, mas dada a situação temos que analisar as possibilidades. Além disso, projetos de reuso de água residencial devem ser estimulados a partir de políticas públicas fiscais.