As ruínas do sítio histórico de São José do Queimado estão sem vigilância. O TEMPO NOVO esteve no local na manhã da última quarta-feira (09) e constatou a situação. Responsável pelo sítio histórico, a Prefeitura da Serra prometeu contratar vigilância, mas não deu previsão de quando.
As ruínas da Igreja passaram por obra bancada pelo Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Espírito Santo (Sincades), feitas sob supervisão da Prefeitura da Serra e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). E foram entregues no último dia 17 de agosto. As melhorias incluíram a instalação de placas metálicas para sustentação da parede, reboco à moda do século XIX, patamar para visualização do interior da nave, nichos com material arqueológico, placas informativas e paisagismo no entorno.
A falta de vigilância preocupa historiadores e ativistas. Três deles estiveram também na última quarta-feira no sítio histórico. “A restauração é bonita, bem feita e elaborada. Mas não tem segurança. E aí agente questiona: não poderão vir depredadores? Seria interessante que fosse providenciado logo vigilância para o local”, frisa o historiador Clério Borges.
Mais do que a preocupação com a falta de vigilância o professor e historiador Michel Dal Col diz que é necessário fazer uma gestão de visitações no sítio histórico, com pessoas preparadas para orientar o público. “A ideia é a de quem quem chegasse lá tivesse uma acolhida e pudesse ter orientação e acompanhamento”, opina.
Quem também alerta para o risco de danos ao Queimado é o ativista ambiental Bismarck ‘Jardineiro’ Ferreira. Ele passa com frequência no local em andanças que promove para amantes do trekking em meio à natureza.
“Desde que foi inaugurada a restauração não foi colocada vigilância. E da mesma forma que vão ao sítio pessoas cuidadosas também vão depredadores”, alerta Bismarck. A reportagem constatou que uma das estruturas metálicas instaladas na nave da igreja já estava riscada.
Em nota envida à reportagem no final da tarde de ontem (09), a Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Esporte e Lazer (Setur) informou que está no ‘planejamento administrativo’ do órgão a instalação de vigilância. Mas não disse quando.
História
Próspero núcleo urbano capixaba no século XIX, a vila de São José do Queimado entrou em declínio com o fim da navegação no rio Santa Maria no século XX, até ser definitivamente despovoada. Sobraram ruínas da igreja e do cemitério.
Em março de 1849 a vila foi palco da mais importante revolta contra a escravidão no ES: A Insurreição do Queimado. Morto em praça pública por ser um dos líderes da rebelião, Chico Prego foi homenageado com uma estátua existente na Serra – Sede. São José do Queimado tem valor histórico e também para a luta contra a injustiça racial no Brasil.