Uma família de Corujas-buraqueiras está chamando atenção de quem vai a UPA de Castelândia, na Serra. Isto porque, cinco aves da espécie Athene cunicularia, nome científico das corujas, fez da entrada do Unidade de Pronto Atendimento sua casa.
O registro foi feito pela moradora de Vila Nova de Colares, Liliane Santos, que ficou encantada com o quinteto de buraqueiras. “São lindas demais! Mas não cheguei muito perto porque elas são bem bravinhas. Mas não perdi a oportunidade e tirei muitas fotos. Afinal, não é todo dia que vemos uma cena como esta”, disse Liliane.
O TEMPO NOVO procurou Cláudio Santiago, que é biólogo, para saber mais sobre a espécie que falou que as buraqueiras são muito comuns em praias. “Neste caso, é uma família inteira, pai, mãe e filhotes. Vivem numa toca, que elas costumam habitar durante muito tempo. Elas são muito comuns em praias, restingas. Mas já vi buraqueiras em tudo quanto é canto, no interior, em Tocantins, em Minas Gerais”, destaca o biólogo, acrescentando que elas também fazem ninho em pasto, cupinzeiro e também podem se apossar da toca de outros bichos.
“Sempre vão estar macho, fêmea e filhotes. Normalmente a partir de março, meio de ano é a época da reprodução delas. Uma média de seis a oito ovos, mas é raro ver famílias muito grandes. Geralmente, é isso aí mesmo. O macho se vira pra buscar alimento e a fêmea toma conta do ninho”.
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Segundo Cláudio, as Corujas-buraqueiras são exímias predadoras. “É uma predadorazinha bem bacana. É uma espécie que se vira bem. Comem insetos, pequenos lagartos, ratinhos, morcegos menores, ela vai predar tranquilamente. São predadoras bastante eficazes”, conta.
Cláudio disse que o maior risco para as corujas é o ser humano. “Perda do habitat, o ninho com ovo ou com filhotes por muitas vezes é soterrado, algum carro passa em cima ou alguém que não sabe pisa. Elas sofrem muito com isso”.
Além disso, a Athene cunicularia é bastante territorialista. “Perto do ninho dela, que elas estão sempre policiando. Se tiver com filhote, não é bom se aproximar, porque ela vai começar a gritar e vai dar uns rasantes na cabeça da pessoa, dar unhada. Calçadão de praia é muito comum acontecer, a pessoa passa correndo ou de bicicleta, elas vão vigiar mesmo. Elas espantam até animais. São muito territorialistas”.
Sobre dar alimentar a estas aves, o biólogo disse que não existe essa necessidade. “São corujas. Não tem necessidade de tentar dar comida, pegar. Definitivamente ela não precisa, ela é eficiente caçadora. Ela vai dar conta do recado. Apreciem, leiam mais, tirem fotos, contemplem. Temos muitas corujas urbanas e que as pessoas infelizmente não veem, ou porque ficam camufladas ou não conhecem o pio. Mas deixem os bichinhos quietos no canto deles. Se for necessário ajuda, procure os órgãos ambientais responsáveis para fazer o manejo. Mudar ninho de coruja de lugar é extremamente complexo”.
Os predadores da coruja em área urbana, seriam o Carcará ou Caracara e outras corujas. “O Carcara nem vem ao caso mais, porque ele foi pro interior, difícil vê-lo em área urbana em dias atuais. Tem uma outra coruja que se alimenta da buraqueira, que é a Murucututu. E tem um outro tipo de gavião que também não é muito comum aqui no litoral que também é um predador desta ave”.
Confira alguns cliques de Liliane Santos ⬇️