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Famílias carentes cobram 2ª parcela de R$ 300 prometida pela Prefeitura da Serra como auxílio

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Segundo dados de 2019, 72 mil famílias vivem em extrema pobreza na Serra. Foto: Gabriel Almeida / Arquivo do TN

Sobrevivendo com pouco menos de R$ 89 por mês, 2.600 famílias da Serra – que estão em estado de vulnerabilidade social – cobram o pagamento da segunda parcela do auxílio emergencial fornecido pela Prefeitura da Serra. A gestão do prefeito Audifax Barcelos (Rede) prometeu em agosto deste ano, que forneceria mais uma vez o benefício de R$ 300 para alguns moradores, mas o valor ainda não foi creditado no cartão alimentação. Quem precisa da ajuda financeira aguarda ansiosamente, já que a fome e outras necessidades básicas não esperam.

Conforme noticiado pelo TEMPO NOVO, a primeira parcela, no valor de R$ 300, foi liberada em julho. No início, o Município havia anunciado que seria uma cota única, mas um mês depois decidiu ampliar a ajuda, que no total, será de R$ 600. Esse valor é adicionado numa espécie de cartão alimentação, onde os beneficiários podem utilizar apenas para compra de itens de alimentação e higiene. Segundo informações divulgadas pela prefeitura, não houve abertura de cadastro à população. Sendo assim, o próprio Município decidiu quem teria direito.

Moradoras da Serra, que são beneficiadas pelo auxílio, conversaram com a reportagem. Todas decidiram não se identificar, por medo de represálias e também para evitar constrangimentos por conta da situação que vivem. Uma delas afirmou que estava contando com a liberação, mas até agora não recebeu o valor. Desempregada, ela não recebe nenhum outro benefício do Governo Federal e nem da própria prefeitura.

“Eu cuido do meu pai que está acamado e chegou há pouco tempo do hospital. Além disso, estou desempregada. Eles prometeram o auxílio, mas não foi pago. Já liguei até para o Cras [Centro de Referência de Assistência Social], mas não souberam me dizer quando o ticket será recarregado. Na época, chegou a divulgar na televisão. Esse valor iria me ajudar muito”, afirmou a popular.

Outra moradora, que afirma não possuir nenhum tipo de renda e sobrevive com doações, cobra a promessa. “Para que eles divulgam uma coisa que não irão cumprir? A prefeitura deve falar as coisas quando já tem uma data para fazer. Estamos quase passando fome e nada desse auxílio sair. No momento estou sem emprego e meu esposo também. Vivemos de doações dos outros”, reclamou.

Novo cronograma

A assessoria de imprensa da Prefeitura da Serra disse à reportagem que deve divulgar, na próxima segunda-feira (21), o novo cronograma para o pagamento da segunda parcela do auxílio. No entanto, o Município não informou onde essas informações serão disponibilizadas.

Auxílio de R$ 500

Em julho deste ano, vereadores criaram uma lei que instituía o auxilio emergencial da cidade de R$ 500 para aproximadamente 42 mil famílias do município. A medida gerou um grande imbróglio entre a gestão de Audifax e a Câmara da Serra. Por conta de uma decisão judicial, a Prefeitura da Serra não será obrigada a pagar o benefício.

Isso porque também em julho, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) concedeu uma decisão liminar – provisória – para suspender a lei criada pela Câmara. A medida iria criar um custo de R$ 63 milhões para a Prefeitura da Serra e esse foi o motivo principal para os desembargadores considerarem a lei inconstitucional.

De acordo com eles, a iniciativa não poderia partir do Legislativo, já que os vereadores não indicaram de onde o Poder Executivo iria tirar os recursos para cobrir o benefício. Através dessa nova decisão, a Prefeitura da Serra não terá que pagar o auxílio emergencial. Vale destacar que o prefeito Audifax Barcelos (Rede) já tinha vetado o projeto com a mesma justificativa utilizada pelos desembargadores.

Em uma estimativa, o valor do impacto de R$ 63 milhões corresponde a duas vezes o orçamento da Secretaria de Defesa Social do município para todo o ano de 2020.

Mais de 70 mil famílias vivem em extrema pobreza na Serra

Em setembro de 2019, o número de serranos que viviam na extrema pobreza, ganhando até R$146,90 por mês, havia crescido 15% em menos de dois anos na cidade, enquanto a população total só cresceu 1% no mesmo recorte de tempo. Os dados, na ocasião, são do ‘Perfil da Pobreza no Espírito Santo: Famílias Inscritas no CadÚnico’, do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).

+ Extrema pobreza avança e já atinge 70 mil moradores da Serra

Na Serra, até março de 2019, 72.660 pessoas viviam na extrema pobreza, com menos de R$146,90 por mês. Esse número foi 15% maior que o estudo anterior, no qual 63.092 serranos viviam com renda equivalente em dezembro de 2017. Considerando pobres e extremamente pobres, são 125.791 moradores da Serra que recebem menos de R$ 425,22/mês. Atualmente, o município possui 507.598 habitantes.

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