A cada 11 minutos, uma mulher é estuprada no Brasil. É que apontou o 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado em 2016. Só em 2015, foram mais de 45 mil mulheres adicionadas a essa estatística. Crianças e adolescentes também estão incluídas neste triste cenário. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que 70% das vítimas de crime sexual no Brasil são dessa faixa etária. No quadro de agressores, 24% deles são os próprios pais ou padrastos dos abusados. Outros 32% são amigos ou conhecidos.
Pensando na problemática, o projeto Quebrando o Silêncio enfatiza a violência sexual, especificamente o estupro, como objeto de discussão. O projeto, promovido pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, conta com a publicação de uma revista distribuída gratuitamente para milhões de pessoas, em português e espanhol, em que a temática é apresentada sob diferentes ângulos com diferentes especialistas, além de um site atualizado com informações úteis, notícias e materiais de divulgação. Outras ações de conscientização, junto à sociedade, como fóruns, debates públicos, passeatas e sessões em câmaras legislativas costumam ocorrer e se intensificar no mês de agosto.
No Espírito Santo, milhares de capixabas irão às ruas através de passeatas e carreatas. Cartazes, banners, bandeiras, balões, fanfarras e apitos serão utilizados para chamar a atenção das comunidades para o problema. Serão distribuídas revistas informativas específicas para adultos, outra para o público teen e até revista em quadrinho, que aborda de forma leve o tema para crianças.
Em Serra Sede, mulheres andarão nas ruas de preto, com marcas de violência e correntes. Eles estarão encenando a situação de muitas mulheres que são vítimas. Logo atrás, cerca de 400 pessoas estarão em passeata pelas ruas do bairro com balões de gás vermelho, materiais informativos, apitos e carro de som. Em determinado momento, farão um círculo de apoio ao redor das mulheres “vítimas”, que irão se livrar dos itens abusivos e vestir branco. Balões de gás com mensagens de conscientização e conforto serão soltos. A ação está prevista para iniciar às 10h30,deste sabado (26) próximo ao UPA do bairro.
Já em Jacaraípe, a passeata começa cedo, às 8h. Cerca de 300 adultos, jovens e crianças passarão por ruas do bairro com banda fanfarra, apitos e materiais informativos. Cartazes e faixas foram confeccionados sobre as temáticas da pornografia, pedofilia, violência contra mulheres, alcoolismo, drogas e bullyng. Também haverá balões nas cores vermelho e amarelo (temas do projeto).
Em Novo Horizonte, também na Serra, haverá passeata às 14h30, que passará pela Avenida principal do bairro. Bandeiras, banners, cartazes, bexigas e uma banda de fanfarra serão utilizados. Materiais também serão distribuídos. Mulheres vão estar caracterizadas de vítimas, com marcas pelo rosto.
A coordenadora sul-americana do Quebrando o Silêncio, Marli Peyerl, explica que a intenção da campanha desse ano é alertar, principalmente, mulheres jovens solteiras e mães sobre a relação dos estupros e abusos sexuais na infância com o uso de drogas, os efeitos disso emocionalmente e espiritualmente e como é possível criar meios de proteção no lar. “Nosso trabalho educacional consiste em mobilizar nossa rede de igrejas, escolas e voluntários para ajudar a conscientizar pessoas sobre os riscos enormes que o estupro provoca na vida das pessoas. Sem falar que, evidentemente, trata-se de crime e precisa ser denunciado como tal. Nossa campanha é um permanente alerta para que as pessoas não sufoquem o grito de dor que sentem por conta de algum tipo de abuso sexual”, afirma.
Sobre o Quebrando o Silêncio — O projeto Quebrando o Silêncio existe há 12 anos e é mantido pela Igreja Adventista do Sétimo Dia. Tem o objetivo de ajudar a diminuir a violência doméstica praticada contra mulheres, crianças e idosos. O projeto produz duas revistas informativas (uma voltada aos adultos com artigos e orientações e outra em linguagem infanto-juvenil) e um site (www.quebrandoosilencio.org).
Como denunciar — Por meio do telefone 100, é possível denunciar violência de qualquer tipo. O serviço funciona das 8 às 22 horas, inclusive finais de semana e feriados. É possível enviar e-mail pelo disquedenuncia@sdh.gov.br
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