Bruno Lyra / Thiago Albuquerque
A febre amarela é uma ameaça cada vez mais real para a população da Serra. É que além do intenso fluxo de pessoas que vêm da zona da mata e vale do rio Doce em Minas Gerais, locais que são epicentro do atual surto da doença, há pelo menos cinco pessoas com suspeita da febre internadas no Hospital Dório Silva, que junto com o Himaba de Vila Velha foi designado pelo Governo do Estado para atender pacientes com sintoma da patogenia.
E mais. Nos últimos dias foram encontrados macacos mortos na zona rural de Fundão, município vizinho à Serra. Nas últimas semanas especialistas vêm alertando para o fato de todo o Espírito Santo ser vulnerável à doença, tanto pela proximidade com o epicentro, como pelo fato de não haver vacinação em massa da população.
Até a última quinta (26), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que o estado já havia recebido cerca de 1 milhão de doses da vacina. Mas as doses estão sendo aplicadas prioritariamente nos municípios próximos à divisa com Minas Gerais e em cidades de interior onde há casos suspeitos ou ainda onde houve registros de morte de macacos, animal que está sendo dizimado pela febre, apesar de não ser o transmissor. Papel que cabe aos mosquitos haemagogus e sabethes, mas há possibilidade também de ser transmitida pelo temido Aedes Aegypti. Por isto o risco também nas cidades, apesar da febre estar associado às zonas rurais.
Vacinas também têm chegado para as cidades da Grande Vitória, inclusive para a Serra. Mas em doses insuficientes para toda a população, o que tem gerado filas enormes nas unidades de saúde. Nesses locais a ordem da Sesa é que sejam vacinadas apenas quem for viajar para as regiões onde o surto está confirmado.
De acordo com a Sesa, até a tarde de ontem (26) havia um caso confirmado e 33 sob investigação, incluindo três mortes. Há duas semanas, o deputado federal Evair de Melo (PV) vem defendendo a vacinação em massa no ES, indo de encontro ao que é defendido por especialistas, como o virologista da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, Maurício Lacerda Nogueira e o infectologista que atua na rede de saúde privada na Serra, Leonardo Machado.
Prefeitura e Estado não sabem dizer quantas pessoas vacinaram na cidade
Questionados sobre quantas pessoas foram vacinadas até agora na Serra, as secretarias Municipal e Estadual de Saúde não souberam informar. A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual, disse que recebe as doses do Ministério da Saúde e as repassas na Regional de Saúde para os municípios, sendo que só os mesmo podem informar o quanto retiram.
Já a assessoria da Prefeitura diz que ainda não contabilizou quantas doses aplicou nos postos de saúde. Enquanto isso, chegam pessoas com sintomas da doença no Dório Silva. Sob a condição do anonimato, um servidor do hospital disse que os pacientes vieram de cidades onde há o surto.
Esse profissional afirmou que alguns desses pacientes não estão com isolamento adequado, com mosquiteiro e cortinado. Já assessoria da Secretaria de Estado da Saúde disse que os hospitais foram orientados a fazer o isolamento.
