A interrupção do trecho da EFVM (Estrada de Ferro Vitória-Minas) entre Sabará e Barão de Cocais, em Minas Gerais, por conta do risco de rompimento de mais uma barragem da Vale, deve agravar o impacto na produção da mineradora em Tubarão e gerar demissões. Isso porque é pela ferrovia que vem o minério de ferro para o Espírito Santo, que exporta parte do produto bruto e transforma em pelotas a outra parte para atender demanda da produção de aço. Antes do fechamento da ferrovia, a exportação de finos de minério por Tubarão já havia recuado 8,3% e a produção de pelotas 14,7% no trimestre.
Funcionário da Vale em Tubarão há mais de três décadas falou, sob condição de não ter o nome divulgado, que o fechamento da ferrovia deve agravar o quadro. “Já tivemos redução na produção desde a tragédia em Brumadinho e, às vezes, sabemos de uma ou outra demissão, tanto da Vale quanto de contratadas. O fechamento da ferrovia pode reduzir ainda mais, pois parte do minério vem de lá. Sorte que a empresa ainda tem outros pontos que fornecem minério”, pondera.
Além da Vale, outra gigante, a ArcelorMittal Tubarão, também é impactada. A Arcelor é a maior empresa instalada na Serra e tem a Vale como principal fornecedora das pelotas de minério, matéria-prima para a produção do aço. Além de ativar toda uma cadeia de prestadoras de serviço, fornecedoras e clientes do setor metalmecânico instaladas na cidade.
Um funcionário da Arcelor, também sob condição do anonimato, disse que os estoques de pelotas de ferro da Vale já estão baixos e que a situação se agravou no final de abril. Afirmou que o fluxo de produção no setor onde trabalha já recuou de 10 a 12% e que o fechamento de trecho da Vitória-Minas é uma preocupação a mais. “Na usina, já se discute a possibilidade de o Auto-Forno II não retornar a produção após uma reforma programada para este ano”, afirma.
O trecho da ferrovia entre Sabará e Barão de Cocais foi interrompido na última segunda (20) para o transporte de cargas por tempo indeterminado. A rota de passageiros foi interrompida desde o dia (19). A ação foi determinada pela Agência Nacional de Mineração (ANM) diante de risco iminente de ruptura de talude da cava da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), que pode deflagrar rompimento de barragem de rejeitos e atingir a ferrovia.
Mineradora diz que estuda alternativas para transporte de minério de ferro
A assessoria de imprensa da Vale foi questionada sobre os impactos que o fechamento do trecho da ferrovia causariam ao estado. Informou que, sobre o transporte de cargas, a empresa está avaliando alternativas para minimizar os impactos decorrentes dessa paralisação. Disse, ainda, que o transporte de passageiros tem sido feito com o uso de ônibus no trecho interditado, sem custo adicional.
Já a assessoria de imprensa da ArcelorMittal Tubarão disse mantém sua produção e atendimento aos clientes sem intercorrências. Acrescenta que tanto a reforma do Alto-Forno II quanto a da máquina do Lingotamento Contínuo 2 serão realizadas neste ano e que, juntas, vão gerar 1.100 vagas de emprego, prioritariamente para mão de obra do município da Serra.
Só a Vale gera 10,2 mil empregos (próprios e terceirizados) com as atividades no Complexo de Tubarão. Já a ArcelorMittal gera mais de cinco mil empregos diretos, entre terceirizados e próprios.
Desde o rompimento da barragem em Brumadinho (MG), no final de janeiro, e a consequente paralisação de outras cavas, por determinação dos órgãos de controle ou iniciativa da própria Vale, a exportação de finos de minério por Tubarão caiu 8,3% e a produção de pelotas de minério recuou 14,7% no Complexo. Os percentuais referem-se à comparação entre os três primeiros meses de 2019 e o último trimestre de 2018, e não consideram a paralisação de trecho da Vitória-Minas na última segunda (20). Os dados são de relatório da Vale.
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