Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o surto mundial de covid-19 como pandemia. Desde então, o novo coronavírus já atingiu a marca de mais de 124 milhões de pessoas contaminadas. Só no Espírito Santo, já são mais de 366 mil casos confirmados.
Mesmo afetando a todos, os dados mostram que a pandemia atinge de forma mais crítica as populações vulneráveis. De acordo com números do Painel Covid-19, da Secretaria de Estado da Saúde, a taxa de letalidade desse vírus no Espírito Santo é de 1,9% para a população geral. Mas quando a taxa é analisada por grupos, esse número tem variações. No caso das pessoas com deficiência, a taxa de letalidade sobe vertiginosamente para 4,7%, com 280 óbitos para os mais de 6 mil casos confirmados. Assim, o risco de uma pessoa com deficiência que contrair covid-19 morrer é 150% maior do que a média geral. Ou seja, o novo coronavírus mata mais quando atinge as pessoas com deficiência em relação a população geral.
É com base nesses dados que a Federação das Apaes do Estado do Espírito Santo (Feapaes-ES) destaca a necessidade de um olhar diferenciado à esse grupo minoritário. “Temos chamado a atenção desde o início que a pandemia afeta de forma diferente as diversas parcelas da população, sendo especialmente mais dramática para as minorias socialmente vulneráveis. Agora, é possível ver de forma clara, através desses números, como as pessoas com deficiência são afetadas de forma diferente e mais crítica. Por isso, é importante que sejam adotadas medidas que protejam essas pessoas. As Apaes e coirmãs estão fazendo a sua parte de forma muita ativa nesse período”, afirma Vanderson Pedruzzi Gaburo, presidente da Feapaes-ES.
A condição de deficiência em si não é um fator de risco, mas sim as questões associadas, como presença de comorbidades, baixa imunidade, dificuldades com isolamento social, fatores socioeconômicos e acesso a serviços de saúde, entre outros.
A luta da Feapaes-ES, juntamente com outras entidades, em prol da pessoa com deficiência durante a pandemia já rendeu frutos. Em fevereiro deste ano, o Ministério da Saúde passou a incluir todas as pessoas com deficiência no grupo prioritário de vacinação. Antes, apenas pessoas com deficiência permanente severa faziam parte desse grupo. Porém, ainda é necessário que se cumpra a Lei Brasileira de Inclusão e que se tenha a construção de medidas, por parte do Pode Público, que sejam direcionadas a esse público mais vulnerável.