Por Bruno Lyra
Parte das águas que a Fíbria usa em sua fábrica de celulose em Barra do Riacho, Aracruz, vem do rio Doce, que agora está contaminado pela lama de rejeitos de minério das barragens da Samarco (Vale + BHP Billiton). E mesmo com o cenário da falta de previsão de quando a água do rio estará novamente em boas condições, a Fíbria afirma que a produção não está sendo afetada. Pelo menos por enquanto.
Segundo a assessoria de imprensa da empresa, o sistema de captação no Doce através do canal Caboclo Bernardo construído em 1998, foi fechado assim que a lama chegou a região de Linhares, no último dia 21. “A Fíbria seguiu a recomendação do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Aracruz (ES) e da Agência Nacional de Águas (ANA). A medida irá durar até que os órgãos competentes recomendem a abertura das comportas”, diz a assessoria.
O canal transpõe água do Doce para a bacia do rio Riacho, um manancial de pequeno porte que fica entre os limites de Linhares e Aracruz. A assessoria da Fíbria informou que a empresa tem autorização da ANA para captar até 5 mil litros por segundo no canal Caboclo Bernardo. O volume corresponde a quase todo consumo de água residencial, comercial e industrial na Grande Vitória.
A empresa diz que parte desse volume captado vai para as comunidades rurais da região, mas não detalha quanto. Também não revela a quantidade de água que consome em sua fábrica, ressaltando que a água do Doce é fonte complementar. Diz ainda que têm alternativas a situações de contingência, incluindo um sistema próprio de represas, acrescentando que a produção de celulose na fábrica de Aracruz segue normal.
A Fíbria é uma das principais indústrias instaladas no Espírito Santo. Gera seis mil empregos diretos e mais de 10 mil indiretos. Além da fábrica de celulose em Aracruz, a empresa mantém plantios de eucalipto em vários municípios do ES, incluindo a Serra, onde possui cerca de 5 mil hectares de terra – o que dá quase 10% da área territorial da cidade.