Os últimos dias para os serranos com problemas respiratórios têm sido complicados. Isto porque, além do habitual pó preto da siderurgia, poluição do trânsito e de pedreiras, o calor, a falta de chuvas e os ventos fortes agravam os incêndios e espalham ainda mais a fumaça. O resultado é o agravamento de crises alérgicas e maior procura por atendimento médico.
É o caso da moradora de Solar de Anchieta, Luciene Santos. Ela e seu filho sofrem de rinite alérgica. “Eu e meu filho já sofremos com a poluição e qualquer coisa é motivo para nossa rinite atacar. Mas esses últimos dias eu fiquei bem ruim por conta de uma fumaça que tomou conta do ar aqui da comunidade. Pensei que iria melhorar logo, mas toda semana é um incêndio diferente. Tive até que ir a unidade de saúde aqui do bairro. Isso sem falar dos próprios moradores que às vezes colocam fogo em algum local”, conta.
A moradora de Laranjeiras Velha, Cleiane Rocha, também sofreu nas últimas semanas. “Eu não sei de onde vem tanta fumaça nos últimos dias. Eu sempre tive alergia e fumaça me faz espirrar muito e acabo passando mal. Já tem umas duas semanas que quase todo dia tem fumaça aqui no bairro. Se continuar desta forma vou acabar indo parar em um hospital”, afirma.
A Presidente da Sociedade de Pneumologia do Espírito Santo, Ciléia Martins, diz que tem observado um aumento em problemas respiratórios, principalmente com o calor e incêndios. “A gente tem observado que nos últimos tempos tem aumentado esses casos. Vem a questão de um incêndio de vegetações e também o da Petrobras que continha vários produtos a base de enxofre e ferro, que são estruturas que pioram qualquer respiração. As pessoas que estão mais próximas a essas áreas podem piorar ainda mais”, explica.
A médica ainda disse que crianças e idosos são os mais afetados. “As crianças, por exemplo, ficam mais suscetíveis, o que gera muito mais infecções respiratórias e altos índices de internação. Também gera crises de asma, sinusite e pneumonia. Dependendo da gravidade a pessoa pode ir até parar na UTI ou ir a óbito dependendo da situação clínica”, revelaa médica, que também citou os gastos de pacientes na rede privada e aumento de custos no SUS para tratar quem não tem plano de saúde.
Alimentação saudável e limpeza evitam doenças
Se não dá para correr de tanta poluição, há medidas que o morador pode adotar para amenizar os efeitos dentro de casa. Segundo a Presidente da Sociedade de Pneumologia do Espírito Santo, Ciléia Martins, uma das dicas é manter janelas abertas mesmo com a presença do pó preto ou qualquer poluição ambiental.
“Isso evita infecções e pioras clínicas. O morador deve limpar a casa com um litro de água, uma colher de sopa de vinagre e duas de bicarbonato. Não passar a vassoura a seco, primeiro deve se umidificar o ambiente. Depois se usa vassoura ou mesmo aspirador de pó. Também deve -usar ar condicionado, ao invés de ventilador. Mas com uma vasilha com água no ambiente”, frisa.
Ciléia destaca também a importância da boa alimentação e hidratação. “Procurar sempre se hidratar o máximo que puder e usar bastantes frutas líquidas como melão, melancia e água de coco. Isso favorece então a lubrificação pulmonar. Comer verduras, ovos, carnes e legumes melhoram a capacidade imunológica e com isso a pessoa tem mais força para evitar as doenças, principalmente os quadros alérgicos os quadros asmáticos”, conclui.