Por Ayanne Karoline
Os capixabas já estão sentindo na prática os efeitos da lama com rejeitos da extração de minério que vazou das barragens da Samarco em Mariana. O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) reviu a previsão e informou agora a pouco que a Baixo Guandu, primeira cidade capixaba no caminho da lama, será atingida na madrugada desta terça-feira (10). Depois dela, a lama seguirá para Colatina e Linhares, as últimas antes do rio Doce cair no oceano Atlântico.
Segundo o morador de Colatina, Werlen Gon, várias casas já estão sem água. Escolas e faculdade suspenderam as aulas e pessoas correm para estocar água. “Tem comerciantes vendendo o galão de 20 litros por R$35, que sempre custou R$9”, comentou.
A empresária Roberta Aygne está em Vitória para fazer um curso, mas mora em Baixo Guandu. Sabendo da situação de emergência, está mandando pelo marido dez galões de água mineral para irmã que também mora na cidade. “Ela me avisou por mensagem no wathsapp da falta de água até para comprar. Estou enviando nesta segunda (09) para que ela não fique sem”, disse.
Apesar da correria dos moradores, a Prefeitura de Colatina, informou que o abastecimento está normal. Segundo o órgão, houve um problema no bairro Honório Fraga, que não tem ligação com a lama, mas já foi resolvido. A assessoria de imprensa informou que o alto consumo da população, devido ao armazenamento que já está sendo feito, pode ser a causa da falta de água em algumas regiões. Segundo a Prefeitura, quando a lama das barragens chegar, o abastecimento será totalmente suspenso.
Em Linhares foi feita uma barragem para impedir que as águas do Doce atinjam o rio Pequeno, onde é feita a captação para o município. Mas localidades como Regência, na foz do rio, que já está sem abastecimento regular por conta da seca que levou à salinização do rio Doce, deve experimentar dias ainda mais difíceis.
Em Baixo Guandu o abastecimento será suspenso assim que a lama chegar e o prefeito Neto Barros (PC do B) já adiantou que irá processar a Samarco por danos “ambientais, morais e sociais”.
Efeitos da lama
Segundo boletim emitido pelo CPRM nesta segunda-feira, às 14h, a onda de cheia não irá causar enchentes nos municípios que estão localizados nas margens do rio Doce e atingirá Baixo Guandu, Colatina e Linhares, nesta sequência.
A empresa
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Samarco informou que a expansão da mancha que avança no Rio Doce está sendo permanentemente monitorada pela empresa. Informou ainda que está tomando todas as providências possíveis para mitigar os impactos ambientais gerados e, em caso de necessidade, auxiliar prefeituras e as comunidades em eventuais ocorrências. “A coleta de amostras de água nos trechos impactados já foi iniciada e terá continuidade até a normalização da situação. É importante mencionar que a empresa está, no momento, concentrando seus esforços no atendimento às pessoas atingidas”, diz a nota.
A Samarco é controlada pela mineradora australiana BHP Billiton e pela brasileira Vale.