Bruno Lyra
Domingo (17) é o dia D para o governo da presidente Dilma Roussef (PT). E a julgar pela movimentação no Congresso Nacional, a hipótese do impeachment ser aprovado é cada vez maior. Isto se o Supremo Tribunal Federal (STF) não intervir no processo que estava sendo analisado na corte na tarde ontem (14), após o fechamento desta edição.
O cenário do vice – presidente Michel Temer (PMDB) assumir a presidência da república é cada vez mais nítido. Se isto acontecer, o que muda para a Serra? Será que a cidade terá mais atenção do governo federal do que teve na era petista?
A despeito de ser a mais industrializada cidade do ES, há muito a Serra não recebe investimentos estruturantes da União. Pelo contrário. Somos uma das cidades mais prejudicadas com o fim do Fundap; o Contorno do Mestre Álvaro que não sai; um modelo de concessão da BR 101 que até agora só penalizou os usuários com pedágio e sem a duplicação; a saída do centro de distribuição do Petrobrás do TIMS para Macaé no Rio de Janeiro.
Recentemente o prefeito Audifax reclamou que nem 10% dos recursos da União previstos para serem repassados os municípios não estavam chegando. É claro que a era petista trouxe benefícios, principalmente nos programas sociais como Bolsa Família, financiamento de cursos universitários para a população mais carente, Minha Casa Minha Vida, entre outros. Mas são ações gerais que beneficiaram indistintamente todos os lugares do país.
Nada específico para ajudar a Serra, que a reboque de seu crescimento urbano – industrial virou um dos lugares mais violentos do mundo e com enorme demanda por intervenções estruturais.
Se o eventual governo Temer conseguir sobreviver até 2018 – haja vista que não é descartada uma cassação da chapa Dilma/Temer pela Justiça – enfrentará imensa dificuldade financeira. Ainda que haja possibilidade de boa articulação com lideranças capixabas como o governador Paulo Hartung (PMDB) e a senadora Rose de Freitas (PMDB) e até o recém convertido ao tucanato, senador Ricardo Ferraço (PSDB), não dá para esperar muita coisa para o ES, que historicamente fica em segundo plano na federação.
Mais ainda porque essas lideranças não terem muita ligação com a Serra. E tem outra variável aí: se forem apeados do poder, o PT e seus aliados não devem deixar o futuro governo Temer em paz. Sem contar o imprevisível desfecho da operação Lava Jato, que tem os caciques peemedebistas – Temer, o presidente da Câmara Eduardo Cunha e o do Senado Renan Calheiros na linha de tiro.
Nesse cenário a esperança da cidade de que um novo governo consiga reverter o caos político e o colapso fiscal que contaminam a economia ainda parece distante e não deve acontecer antes de 2018. Quadro difícil somado à redução do crescimento da China, que impacta a siderurgia e o comercio exterior, atividades tão caras à economia da Serra.
Por hora, nosso vigoroso parque industrial e de serviços segue com poucas condições de se reerguer e reverter o quadro de demissões, fechamento de empresas e queda vertiginosa da arrecadação municipal.
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