Bruno Lyra
O Governo Estadual promete divulgar na semana que vem o tipo de produto químico que a Vale lançou do Complexo de Tubarão na Praia Mole entre os últimos dias 1º e 5º de dezembro, durante as fortes chuvas que caíram na região.
Segundo a assessoria de imprensa do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), será divulgado um relatório da fiscalização do órgão, que coletou amostras do material logo que foi constatado o lançamento há 15 dias.
O relatório e o resultado deverão orientar o cálculo da multa que o Iema deve aplicar à mineradora. O órgão, que é responsável pela licença da Vale, já havia adiantado que o resíduo contém minério de ferro, betonita e calcário. Mas a análise em laboratório deve revelar resultado mais preciso e proporções da presença dos elementos químicos.
O caso é alvo de inquérito da Polícia Federal (PF), que também coletou amostras do material. A assessoria de imprensa da PF, disse que não há prazo para a conclusão do inquérito, que foi aberto a pedido do Ministério Público Federal.
O ponto de lançamento fica perto do confuso limite entre Serra e Vitória. Moradores e ambientalistas de Carapebus, vizinha à Praia Mole, dizem que o líquido de cor grená-alaranjado – semelhante ao tom que ficou o rio Doce após o desastre da Samarco (Vale+BHP) – também chegou ao balneário serrano. Até foto com drone fizeram da situação e temem impactos negativos no surf, no turismo e na pesca.
No entanto o secretário de Meio Ambiente da Serra, Marcos Franco, disse que fiscais do município monitoraram Carapebus e não constataram a denúncia. Dias após o lançamento, peixes apareceram mortos um pouco mais ao norte, entre as praias de Bicanga e Manguinhos.
“O que houve é que, por causa das chuvas, abriram indevidamente a barra das lagoas do Baú e Carapebus. A água turva foi isso. E também desceram peixes de água doce para o mar, que depois acabaram morrendo”, falou.
Marcos falou ainda que notificou a Vale para informar a composição química e o volume do que lançou em Praia Mole. A empresa teria dito que nos três primeiros dias lançou 74 milhões de litros de rejeitos e que o material está dentro do padrão de acidez e quantidade de sólidos em suspensão permitidos.
A reportagem entrou contato com a assessoria de imprensa da Vale, que não respondeu aos questionamentos.
Mancha escura aparece na Praia de Camburi
No último domingo (10) uma mancha escura apareceu na Praia de Camburi em Vitória. Internautas registaram com fotos. Questionado se não poderia estar associado ao descarte a Vale, o Iema disse que não. Através de sua assessoria afirmou que a sujeira pode ter vindo do e Canal da Passagem, receptor das águas do rio Santa Maria, que por sua vez está período de cheia.
Também questionada sobre a mesma situação, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Vitória (Semmam) deu outra explicação. Afirmou que o mar agitado dos últimos dias pode ter revolvido material orgânico do fundo, como algas, por exemplo, e ter gerado a mancha.
