A greve dos funcionários que trabalham nos caminhões de coleta de lixo em diversas cidades capixabas, incluindo a Serra, já está causando prejuízos ao serviço de limpeza da cidade. Nesta sexta-feira (13), o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Espírito Santo (Sindirodoviários), juntamente com os funcionários, impediram a saída dos veículos que circulam nos bairros recolhendo os resíduos das residências de moradores.
O presidente do Sindirodoviários, Marcos Alexandre (Marquinho Jiló), conversou com o TEMPO NOVO e confirmou a paralisação total dos caminhões de lixo. Entretanto, ele afirmou que o sindicato cumpre a determinação judicial de manter 70% dos veículos de limpeza na rua. “Nenhum carro que coleta lixo nos bairros saiu da empresa hoje. Mas estamos cumprindo a determinação e mantendo outros veículos na rua”, disse.
Marcos ainda informou que a Guarda Municipal da Serra, juntamente com representantes da prefeitura, foram até a empresa para tentar “forçar” a saída dos funcionários, o que não aconteceu. De acordo com ele, os motoristas cruzaram os braços na entrada e decidiram continuar com a manifestação.
Um dos funcionários que participam da greve também conversou com a reportagem. Ele confirmou que a categoria está dentro da empresa em paralisação. “Não tem coleta de lixo hoje na Serra. O sindicato não permitiu a saída dos caminhões e estão na porta. A Guarda Municipal também veio aqui e tentou resolver, mas sem sucesso“.
Conforme já informado anteriormente, o Sindirodoviários – que representa a categoria – realizou uma assembleia onde os trabalhadores da coleta de lixo de 28 cidades do Espírito Santo não aceitaram a proposta de reajuste oferecida pelas empresas e deliberaram pela paralisação.
Vale destacar que, na Serra, quem presta os serviços de limpeza é a Corpus Saneamento e Obras. A empresa ganhou uma nova licitação feita pela prefeitura neste ano. Sendo assim, os coletores de lixo são funcionários da Corpus, através de contrato firmado com a Prefeitura da Serra.
Proposta de reajuste negada
A reportagem apurou que o Sindicato Estadual das Empresas de Limpeza Urbana do Espírito Santo (Selures) ofereceu uma proposta de 2.46% de reajuste – o que não foi aceito pelos funcionários da limpeza.
Com isso, o Sindirodoviários decidiu manter 30% da frota dos veículos para atendimento essencial aos moradores. Além dos caminhões de lixo, a Corpus possui outros veículos na frota: coleta de entulho, fiscalização, caminhões caçambas, entre outros maquinários.
Entretanto, as empresas entraram com uma medida judicial junto ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT-ES), “visando à manutenção do serviço de coleta, de caráter essencial à sociedade”. O TRT determinou a manutenção de 70% das atividades em toda base de abrangência do Sindirodoviários, sob pena de multa de R$ 50 mil reais por dia em caso de descumprimento.
A reportagem acionou a empresa que enviou uma nota em nome do sindicato patronal. O texto diz que o Selures “reconhece o importante papel dos profissionais para a manutenção da ordem pública, ainda mais em tempos de aumento dos casos de Coronavírus”.
Pontua ainda que o sindicato sempre esteve aberto ao diálogo, buscando tratativas transparentes e justas, tanto que atendeu a todos os pleitos realizados inicialmente pelo Sindirodoviários, inclusive garantindo a reposição integral dos índices da inflação de acordo com a data-base de Maio 2020.