Um grupo de 12 vereadores optou por votar contra a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a poluição do ar na Serra, com ênfase no pó preto e gases emitidos pelas empresas ArcelorMittal e Vale. Na sessão desta quarta-feira (08) o plenário rejeitou, por 12 X 8 votos, a criação da CPI cujo requerimento foi de Nacib Haddad (PDT).
A sessão foi agitada e chegou a ser interrompida por alguns minutos para que os vereadores decidissem se votavam ou não a CPI. O líder do prefeito Audifax Barcelos (PSB), Luiz Carlos Moreira (PMDB), pediu que o requerimento fosse submetido à aprovação na semana seguinte, mas não obteve êxito por parte dos pares.
Sob a alegação de obscuridade na escolha dos componentes da CPI, os vereadores governistas liderados pelo vereador Carlos Augusto Lorezoni (PP), votaram contra a instalação da CPI do Pó Preto por 12 votos a 8. Na hora da votação houve bate-boca entre o grupo da presidenta Neidia Pimentel (Sem Partido) e do vereador Lorenzoni. Além disso, teve vereador pedindo retificação do voto.
Augusto Lorenzoni explicou o recuo dizendo que a Assembleia Legislativa (Ales) já está fazendo uma investigação acerca do tema. “Essa Casa é um parlamento, lugar de “parlar”, falar. Não vamos aprovar projetos sem discussão”, disse, acrescentando que seu grupo queria participar com membros na Comissão, mas temia ficar de fora.
“O pó preto é um problema de mais de 30 anos. Nada irá mudar se a abertura da CPI for adiada. Ninguém vai morrer”, disse Marcos Tongo (SDD) que também votou contra.
Os vereadores Jorjão da Silva (SDD), Toninho Silva (DEM) e José Raimundo (PSL) chegaram a assinar o requerimento de abertura da CPI, mas na hora da votar, recuaram. “Eu assinei a abertura, mas não sou obrigado a votar favorável”, declarou Jorjão.
A Procuradoria da Câmara chegou a emitir parecer favorável à abertura da CPI mencionando a Constituição Federal que defende o direito da minoria de investigar qualquer assunto, independente da aprovação em Plenário. “Mas resolveram levar para votação e deu nessa situação”, ponderou Nacib
“Esse recuo foi uma cachorrada e fruto de manobra para derrubar a CPI”
Nacib Haddad, que era cotado a ser o presidente da Comissão, ficou furioso e classificou de “cachorrada” o recuo. “Essa atitude é contra o povo da Serra que sofre com a poluição e a Casa não pode deixar de enfrentar a situação. Vou provar que houve uma manobra para evitar a CPI”, ameaçou o edil, que chegou a afirmar que houve ingerência do Prefeito Audifax sobre a votação.
Já o presidente da Comissão de Meio Ambiente, Auredir Pimentel (PDT), bastante irritado, considerou absurda a decisão dos colegas de derrubar a CPI. “Já está na hora de Lorenzoni e seu grupo entenderem que a eleição da Mesa Diretora passou e que precisamos seguir com os trabalhos”.
A presidenta Nedia rebateu as acusações de que a escolha dos membros tenha sido feita de maneira obscura. Segundo ela, todos os vereadores foram convocados para uma reunião na semana passada para discutir a CPI e o assunto estava em discussão.
“Todos assinaram o documento da convocação, exceto Luis Carlos Moreira (PMDB) por motivo de saúde. Mas vamos avaliar os caminhos legais para retomar a criação da CPI, que é de interesse de toda população por ser problema para a saúde e o meio ambiente”, acrescentou.
A reportagem entrou em contato o prefeito Audifax Barcelos (PSB), através da sua assessoria, que informou que ele não comentaria a questão.
Assembléia e Câmara de Vitória investigam poluição
Enquanto na Serra a CPI do Pó Preto foi sepultada, na Assembleia Legislativa (Ales) e Câmara de Vitória seguem a todo “vapor”.
Na manhã desta quarta-feira (08), o presidente da Arcelor Mittal, Benjamim Filho, e o gerente-geral de Meio Ambiente da empresa, Guilherme Correa Abreu, foram interrogados pelos deputados estaduais.
Já na Câmara de Vitória, os trabalhos dos vereadores de investigação sobre os prejuízos da emissão do pó preto contaram com a presença de representantes das Secretarias de Saúde e Meio Ambiente que fizeram palestra do tema.