Conceição Nascimento
A cinco meses das eleições, a instalação de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) na Câmara da Serra pode acirrar ainda mais o clima de polarização que ronda o Legislativo serrano, onde existe um cabo de força entre parlamentares aliados do prefeito Audifax Barcelos (Rede) e do deputado federal Sérgio Vidigal (PDT), ex-prefeito da cidade. Os dois devem se enfrentar mais uma vez nas urnas em dois de outubro.
O vereador Basílio da Saúde (Pros) liderou a coleta de assinaturas para a instalação da CPI da Saúde, que vai ao desencontro dos interesses do prefeito Audifax. Essa CPI tem por objetivo investigar denúncias de atrasos no pagamento da Prefeitura às empresas prestadoras de serviços no segmento de Saúde; falta de medicamentos nas Unidades de Saúde; possíveis contratos superfaturados e o atendimento pediátrico sendo realizado por profissionais não especializados na rede pública municipal. Basílio é relator da Comissão e um dos aliados de primeira hora do prefeitável Sérgio Vidigal.
“Temos 90 dias, podendo prorrogar por mais 60. Vamos encaminhar o relatório ao Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES) para que o órgão possa se manifestar e adotar medidas judiciais. Nosso papel é apurar, com o poder de investigação que temos, relatar e encaminhar”, disse Basílio.
Na outra ponta, aliados do prefeito instauraram a CPI do IPS, cujo objetivo foi investigar o investimento na gestão do ex-prefeito Sérgio Vidigal de R$ 40 milhões do Instituto de Previdência dos Servidores (IPS) em um banco (BVA) que viria a falir dias depois. A comissão é presidida pelo vereador Guto Lorenzoni (PP), que é um dos vereadores de confiança de Audifax.
“Encaminhamos todo o material ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas. Agora, com a citação do BVA e do fundo de aplicações Elo nas investigações da Operação Lava Jato, temos indícios de fraude e estudamos a possibilidade de criar nova CPI, com novo front”, observou Lorenzoni.
Porém há vereadores que preferem não participar da guerra de CPIs. É o caso de Gilmar Carlos (PT), que não assinou para a criação de nenhuma das duas CPI’s. “Querem usar este instrumento para tirar ganho político. Não assinei porque é mais uma briga política do que preocupação com a saúde”, avaliou o petista.