Bruno Lyra
No contexto da preocupação mundial sobre doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti, o secretário de Saúde da Serra, Luiz Carlos Reblin, fala das ações de combate aos focos do mosquito e das ações locais de assistência às pessoas com sintomas de dengue, zika e chikungunya. Comenta os casos de microcefalia e ainda outros desafios da saúde pública na Serra.
Há quantos casos de dengue, zika, chikungunya?
Até a 8ª semana de 2016, tivemos 69 casos suspeitos de zika, 1207 de dengue e nenhum de chikungunya. Há um aumento nas notificações de dengue, embora nossa curva semanal comece a indicar uma diminuição, mas isso vai depender da quantidade de chuva que virá. Mas, no Brasil, os casos de dengue estão ficando mais graves e há muitos óbitos.
E a microcefalia em bebês?
O Brasil já relata esses casos como relacionados à zika, que também pode causar outros problemas na visão, audição do bebê mesmo quando não há microcefalia. Há um caso de microcefalia em bebê cuja mãe veio de Guarapari. Tem 13 casos suspeitos em bebês recém-nascidos e outros 13 de gestantes com sintomas de zika que estão sendo monitorados.
O que o morador deve fazer se tiver sintomas das doenças transmitidas pelo Aedes?
Procurar uma unidade de saúde e relatar os sintomas. Se for gestante, há um protocolo específico para monitoramento. Todos serão acompanhados com o mesmo cuidado, sendo tratados como se fosse dengue, que oferece mais risco de morte. Sobre os casos suspeitos de zika, a gente prevê que os resultados dos exames saiam nos próximos dias.
Quais são as ações de combate ao mosquito Aedes Aegypti na Serra?
Tem as visitas cotidianas que os agentes de saúde fazem; as ações de mobilização da sociedade como no dia “D” que aconteceu no último dia 13 de fevereiro. E fizemos cinco aplicações de inseticidas em cada região, com ciclo de intervalos de três a quatro dias a cada aplicação.
A Serra também vai inserir mosquitos transgênicos para esterilizar a população de Aedes em médio prazo?
O Estado nos convidou e pediu para que nós indicássemos as áreas onde esse mosquito modificado possa ser introduzido. Indicamos essas áreas e estamos aguardo a confirmação por parte do Estado.
E os terrenos baldios que abrigam mais de 600 pontos viciados de lixo e entulho na cidade?
O município tem multado donos de terrenos baldios que não cuidam do seu imóvel. Nos depósitos (clandestinos) de lixo os agentes fazem tratamento químico com larvicida. Mas dependendo do lixo ou valão, ele não é ponto de reprodução, pois se estiver longe das casas o mosquito não deposita ovo, pois a área de voo do Aedes de 150 metros. Ele se reproduz em água parada e prefere ela limpa, embora já tenham sido encontradas larvas em águas sujas.
Especialistas tem apontado nosso modelo de urbanização, com imóveis muito próximos, sem áreas verdes e com saneamento precário como causa da proliferação do Aedes….
O adensamento populacional e a proximidade das moradias permite a maior disseminação das doenças pelo Aedes. No interior, apesar de haver casos, a disseminação é muito menor.
Vários trechos de praias da Grande Vitória, sete deles na Serra, estão impróprios para banho por conta do esgoto. Nossa política de saneamento fracassou?
Muito pelo contrário. Há um esforço muito grande de nosso prefeito (Audifax) nesse sentido. Obviamente essa política não é de capacidade de resolução por parte do município sozinho. Não sei o que houve no período que houve um piora na qualidade das águas, que também aconteceu em Vitória em Vila Velha.
Qual foi o orçamento previsto para a Saúde da Serra em 2015 e o que foi aplicado? E o que está previsto para 2016?
Foram previstos R$ 242 milhões, mas aplicados R$ 207, sendo R$ 141 milhões com recursos próprios. Houve queda na arrecadação, mas faltou muita coisa de repasses. Entre eles um fundo do Estado criado em 2014 e que deixou de nos passar R$ 9 milhões. Os recursos Federais para custeio vieram, mas não chegaram para investimentos. Para 2016 estão previstos os mesmos R$ 242 milhões, mas há uma tendência de que o ano seja tão ou mais difícil do que 2015.
O município tem estimativa do custo à saúde pública com o tratamento das doenças respiratórias provocadas pelo pó preto?
Não há metodologia que nos permita calcular quanto a poluição, de qualquer natureza, custe financeiramente à saúde. Mas não há dúvida que cause prejuízo à saúde das pessoas. Mas as doenças respiratórias são a primeira causa de procura pelos serviços de saúde. A siderurgia precisa minimizar os riscos à saúde das pessoas.
A cidade precisa ter mais atenção com as turfas, que quando queimam pioram os problemas respiratórios da população?
Dependendo da Unidade de saúde, houve aumento de 30% a 40% no atendimento nas unidades de saúde durante os meses de incêndio. Com o apoio dos Bombeiros, nossas secretarias tem tido um cuidado grande combater focos de incêndio impedir que se espalhem.
A falta de uma política de castração de animais de rua na Serra vem gerando críticas dos protetores de animais…
A castração não tem funcionado em lugar nenhum. A grande questão é a posse responsável. Aqui fazemos a castração limitada, foram 112 em 2016. Selecionamos animais que fornecem risco para pessoas. Estamos trabalhando para montar conselho de bem estar animal que irá acompanhar isso. A estimativa é que temos cerca de 15 mil animais de rua e semi-domiciliados.
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