Por Eci Scardini
Depois de um processo eleitoral turbulento, Neidia Maura Pimentel (SD) assume a Presidência da Câmara de Vereadores no biênio 2015/2016. E já chega tocando em pontos polêmicos, como a disputa Audifax x Vidigal na Casa, corte dos carros aos vereadores e redução de cargos nos gabinetes.
Os 23 carros à disposição dos vereadores estão parados na garagem da Câmara. O contrato já foi suspenso ou tem burocracia a ser vencida?
Isso é ponto pacífico. Os vereadores da Serra não têm mais carros e combustíveis às suas disposições pagos pelo contribuinte, são quase R$ 500 mil/ano de economia. O encerramento do contrato está sendo acertado da melhor forma possível pela Procuradoria da Câmara junto à empresa.
A senhora anunciou também a devolução dos servidores da Prefeitura que estavam à disposição da Câmara…
Existem servidores que estavam lotados em gabinetes de vereadores e na estrutura administrativa da Câmara, todos com ônus para essa Casa de Leis. Estamos devolvendo esses servidores, em torno de 20, e eu não tenho ainda o levantamento de quanto isso custa aos cofres da Câmara para saber quanto iremos economizar.
Ao assumir a Presidência da Câmara no dia dois de janeiro, a senhora encontrou o ar condicionado desligado com a galeria lotada de pessoas. E só dois vereadores (Luiz Carlos Moreira e Pastor Ricardo), que não são do grupo da senhora, foram à sessão de posse. Como avalia?
A falta dos 13 vereadores do outro grupo nós já esperávamos, a presença do Moreira e do Pastor Ricardo me deixou alegre, porque vi no ato deles uma demonstração de amadurecimento e de compromisso. Quanto ao ar condicionado vi como sabotagem, não sei se da ex-presidência ou se da empresa que presta serviços de manutenção no sistema. É muito estranho tudo estar funcionando num dia e no outro não. Isso causou muito constrangimento às pessoas que saíram de suas casas e vieram assistir à posse da Mesa Diretora.
Já constatou qual o problema?
Constatamos que uma empresa venceu uma licitação em setembro para prestar serviços de manutenção no sistema, ao preço anual de R$ 75 mil. Em menos de quatro meses ela já recebeu R$ 70 mil, ou seja, mais de 90% do valor do contrato. Esperamos explicações do proprietário da empresa, pois ficamos três dias sem ar condicionado. Queremos o cumprimento do contrato até o fim, já que ele recebeu.
A Presidência anterior deixou contas a pagar?
Ficou e não é pouco. Estudos preliminares indicam que passam dos R$ 2 milhões. Nesse caso temos que enviar a relação dos débitos e os nomes dos respectivos credores para a Prefeitura, que pode fazer o pagamento; uma vez que o orçamento do Legislativo encerra-se no último dia do ano e não pode ficar nada a ser pago no ano seguinte. Esse problema quem vai ter que resolver é o Executivo e os credores devem procurar o ex-presidente e o prefeito.
Existem outras medidas administrativas necessárias ao equilíbrio financeiro da Câmara?
Estamos no período de transição. Por meio de uma comissão administrativa, vamos fazer um balanço dos contratos com as empresas prestadoras de serviços para saber a situação de cada um. Certamente iremos fazer cortes, com muita responsabilidade, pois é o que a população espera da nova Mesa Diretora. Não podemos também descartar a redução no número de cargos nos gabinetes; hoje são 15. Se necessário, vamos ter que cortar na própria pele.
Como espera que seja a relação interna na Câmara, já que está explícita a formação de dois grupos?
Vamos trabalhar para restabelecer a harmonia entre os vereadores e em favor de nossa cidade. Aqui há várias tendências, umas pró-governo, outras contra e outras que se alternam: em algum momento contra e em outro é a favor, depende do que chega a essa Casa de Leis e depende da temperatura política lá fora, principalmente das movimentações e interesses das lideranças que estão em patamares acima dos vereadores.
E como será a relação com o prefeito Audifax Barcelos?
A minha relação com o Executivo é de chefe de poder. Vou respeitar a autonomia e a harmonia entre os dois poderes. A relação entre os dois poderes é institucional e vai depender muito dos projetos de leis que aqui chegarem. Não vejo nenhuma dificuldade nessa relação. Com o prefeito vai depender dos diálogos que passaremos a ter daqui para a frente. E aí vai depender mais dele do que de mim.
Como está a polarização Audifax x Vidigal na Câmara?
Não há como negar a divisão de forças aqui dentro hoje, que retrata o que está ocorrendo na política municipal. Há uma corrente grande pró Audifax, que deve buscar a reeleição. Há outra corrente muito clara pró Vidigal, que acredito seja candidato a prefeito. Existe o PT, que terá três assentos na Câmara a partir de fevereiro e pode ter candidatura a prefeito e há um ou outro que ainda não se posicionou. O que está em jogo é a reeleição de cada um dos vereadores e todos já começam a montar as suas estratégias. Entretanto, o que mais ditará os rumos é o próximo mandato de prefeito, de 2017 a 2020, quando o orçamento desses quatro anos deverá passar da casa dos R$ 6 bilhões. Gerenciar esses recursos é a grande cobiça.
Existem rumores de que a senhora pode disputar a prefeitura em 2016…
Eu sou uma mulher que amo minha cidade, mas é muito cedo para falar sobre esse assunto. No momento estou focada em fazer um mandato em favor da nossa cidade. Em 2016 eu e meu grupo vamos decidir o que fazer.