O bairro Laranjeiras já é quase quarentão. Apesar de ter virado o coração comercial da Serra com a circulação diária de milhares de pessoas, o que não faltam são histórias de moradores pioneiros que com suas iniciativas na arte, esporte e empreendedorismo ajudaram a fortalecer a identidade local.
“Cheguei em meados de 80 e montei o bar Batata Frita, que tinha concursos de música, poesia, culinária. Nesse bar surgiu a banda Duluar, onde toquei com parceiros. Em 1997 criei a banda Black Sete e ano passado a Mixtureba. Muitos músicos da Serra passaram por Laranjeiras”, conta Romero Figueredo, produtor musical.
Mas ele está desanimado com atual situação da cultura. “As perspectivas não são boas. A cultura está esquecida na cidade. A lei dos Bares atrapalha e os músicos não recebem. Fiz um show em janeiro para a Prefeitura e ainda não recebi”, reclama, ressaltando que a cultura poderia ser uma aliada no combate a violência que assola a cidade.
O esporte também esteve forte desde o princípio e a tradição segue. À frente do primeiro time de futebol do bairro, Veteranos Unidos de Laranjeiras (VUL), Ernani Patrocínio Passos conta essa história.
“O time iniciou em 1979 com um grupo de funcionários da Vale que veio morar no conjunto e existe até hoje. Temos três gerações de jogadores e jogamos todo sábado. Já disputamos o campeonato serrano de veteranos, mas hoje está difícil, pois não temos mais o campo, então usamos o do Banestes. Tem 36 anos que reunimos famílias. Pena que há pouco incentivo, mas faço minha parte”, aponta.
O handebol também é destaque. “Começou há uns 20 anos com o professor Jarbas, do ABL e depois foi para o antigo campo de futebol da Associação de Moradores. Foi meu 1º professor de educação física, exemplo no esporte e na vida. Daqui saíram vários jogadores para outros do estado. Hoje o projeto tem 60 alunos”, narra Rodrigo Almeida Ricelli, jogador de handebol do Gaha.
Comércio vira oportunidade para morador
Mas o que mais se destaca na formação de Laranjeiras são os empreendimentos, em especial o comércio. Um morador que apostou nesta vocação é Luiz Carlos Maioli, fundador e dono da papelaria Doce Saber.
“Aluguei o prédio para uma escola que fica lá até hoje e as lojas. Em uma delas abri a Doce Saber, em 1994. De 2000 a 2010 Laranjeiras se firmou como centro comercial da Serra e as locações e terrenos valorizaram. Investi em outras áreas, abri a Shangai. De uns três anos para cá, os preços estabilizaram e o movimento deu uma parada, por isso vou investir com cautela”, observa.
Para ele o bairro representa crescimento profissional e também pessoal. “Moro aqui até hoje e criei minha família aqui. Adoro Laranjeiras”, finaliza.
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