O conteúdo abordado tem o objetivo de promover um condensado estudo sobre o racismo dando ênfase nos ambientes escolares. Para isso, será feita uma sucinta contextualização do processo histórico do negro e seu espaço que ocupa na sociedade contemporânea. Com o intuito de posteriormente, realizar possíveis análises dos fatores do racismo nos ambientes educacionais com a finalidade de buscarem tentativas que amenizem tal situação na esfera educacional.
Antes de partirmos para a presente temática, torna-se necessário um breve aporte teórico a fim de compreendermos melhor as razões das discriminações e injúrias raciais por meio da cor da pele na sociedade contemporânea. Com o processo de exploração do território luso-brasileiro, o Brasil recebeu uma gigantesca quantidade de negros provenientes da África, principalmente quando foi colônia de Portugal. Como consequência houve o uso da mão de obra negra, rebaixando sua existência enquanto ser humano para condições inadequadas e miseráveis de vida.
Por mais de 300 anos (séc. XVI ao XIX) o processo escravista foi muito forte, com várias tentativas de resistências. Com a abolição da escravidão, muitos negros ficaram a margem da sociedade, o que não era muito diferente da realidade quando eram explorados. Nesse ínterim começaram mudanças no cenário brasileiro, onde os negros começaram a ocuparem os grandes morros das principais capitais brasileiras, outros não tiveram a oportunidade de conseguirem empregos, tornando-se mendigos e os que conseguiam trabalho realizavam pequenos bicos.
Assim, inicia-se novas ondas de marginalizações dos negros, desencadeando os problemas atuais no que tange ao racismo e as tentativas desafiadoras de amenizarem essas situações, onde há distinções entre as pessoas, por conta da sua pigmentação.
Dentro desse cenário, vale destacar um fragmento do texto de Antônio Olímpio de Sant’Ana, – História e Conceitos Básicos Sobre o Racismo e Seus Derivados:
Compreender esse panorama realizado é necessário, pois é a partir dele que serão abordadas as questões do racismo nos ambientes escolares e as tentativas de combaterem as segregações raciais presentes nos espaços educacionais. Em um primeiro momento cabe abordar como a imagem do negro é abordada na sala de aula, mais precisamente nos livros didáticos, notadamente no ensino e na didática. Percebe-se de início o negro nos livros didáticos, segundo, Ana Célia da Silva, em seu texto, -A Desconstrução da Discriminação no Livro Didático-, onde demonstra:
Essa questão não pode ser descartada, pois é a partir do ensino e da metodologia que começam as construções do referido conteúdo em sala de aula. Vale destacar que os alunos no ambiente escolar já possuem um “pré-conceito” sobre o assunto e quando se deparam com a caracterização do negro no livro tem-se uma visão mais profunda, em questão. Nessa ótica, a autora propõe:
A partir desse campo teórico vale ressaltar que o racismo é presente, gerando discriminações não só entre os alunos, mas também na relação com o professor e o aluno no âmbito educacional, como foi apontado no fragmento anteriormente. Verificase que se trata da maneira como são abordadas as questões históricas sobre o negro, ocasionando o racismo nos ambientes escolares. Todavia, um ambiente voltado para a educação, o ensino e o respeito ao próximo é palco também de segregações raciais.
Tem-se um grande desafio na contemporaneidade, pois há muitas lutas com o intuito de combaterem os racismos. É patente observar esse reflexo, o qual vivemos atualmente sobre essas formas de discriminações raciais decorrentes de um longo processo sócio histórico. Mesmo com a Lei Áurea (abolição da escravidão) e as Leis que zelam pelo racismo, como a Lei N° 7.716, de 5 de janeiro de 1989 que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor e a Lei N° 10.639, de 9 de janeiro de 2003 que se torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira, ainda há muitas injúrias raciais e práticas racistas, mesmo essas leis mantendo a tutela sobre o racismo.
Dentro desse ângulo, ganha configuração real a relação do racismo com a psicologia. De modo como foi abordado pela pedagoga e professora da Universidade do Estado da Bahia, Ana Célia da Silva, a visão dos alunos, a partir da incapacidade do professor de lidar com a problemática social em sala de aula, caracterizando uma discriminação no ambiente educacional, gerando desinteresses e consequentemente angústias nos alunos. A partir desse raciocínio, infere-se desencadeamentos de sofrimentos psíquicos nos estudantes decorrentes desse racismo presente no meio educacional.
Diante dessa ótica, é necessário buscar desafios e propostas de soluções para essas situações nos ambientes escolares na tentativa de atenuar o preconceito racial, em questão. Destaca-se a conciliação do professor com os alunos em sala de aula e a presença de psicólogos capacitados para fornecerem amparo aos estudantes que se sentem constrangidos diante do presente cenário, além de promoverem rodas de conversas e palestras sobre o racismo e formas de combate nas escolas.
No papel do professorado em sala de aula frente à discriminação, Ana Célia propõe propostas de soluções quando a situação ocorrer em sala de aula, bem como o educador lidar com a problemática. Em suas palavras, tem-se:
Continuando em sua argumentação:
Intercalando o raciocínio com os paradigmas de Nilma Lino Gomes no que tange a esse assunto e as propostas de soluções para o racismo nos ambientes escolares há um fragmento em seu texto, Educação e identidade negra, associando-se com a temática abordada:
Feito esse balanço teórico, a partir das buscas dos desafios contra o racismo não se pode negar a presença do psicólogo, onde o seu papel nesse cenário, de acordo com a resolução do Conselho Federal de Psicologia, N° 018/2002 que estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação ao preconceito e à discriminação racial e considerando os artigos da presente resolução, tem-se:
A partir das propostas de soluções tematizadas cabe aos professores e psicólogos exercerem o seu ofício com o propósito de colaborarem na diminuição das discriminações presentes nos ambientes escolares. Diante desse ângulo é uma tarefa desafiadora, em razão de ser um problema social persistente na atualidade. Analisando a abordagem feita e averiguando as buscas dos desafios contra o racismo demonstrados ao longo do artigo, acredito que não seja impossível. Entretanto necessita-se de paciência e muita dedicação pelos educadores e psicólogos, pois é uma situação complexa na configuração sócio espacial da realidade do âmbito escolar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOMES, Nilma Lino. Educação e Identidade Negra. Revista Aletria: alteridades em questão, Belo Horizonte, POSLIT/CEL, Faculdade de Letras da UFMG, v.06, n.09, dez/2002, p. 38-47.
SANT’ANA, Antônio Olímpio. História e conceitos básicos sobre o racismo e seus derivados. In: MUNANGA, Kabengele (Org.) Superando o racismo na escola. Brasília: MEC, 2005.
SILVA, Ana Célia. A desconstrução da discriminação no livro didático. In: MUNANGA, Kabengele (Org.) Superando o racismo na escola. Brasília: MEC, 2005.
RESOLUÇÃO CFP N.º 018/2002. Brasília-DF, 19 de dezembro de 2002. (ODAIR FURTADO – Conselheiro-Presidente).
Esse artigo é fruto do meu trabalho quando estava no 6º período em minha graduação (UFOP – Mariana/MG), cursando a disciplina de Psicologia da Educação. Assim dedico a todos os docentes da área, educadores e pedagogos que possuem a importante missão de ensinarem com carinho e zelo, mesmo diante dos obstáculos encontrados. O conteúdo abordado é recorrente na esfera educacional, mas diante das leituras e constantes revisões de especialistas capacitados, o bom senso, a colaboração e ajuda mútua entre professores e alunos por meio de muitas conversas e esclarecimentos sobre o tema, podemos sim fazermos dessa adversidade presente uma possível igualdade nas redes escolares.
Davi Silva de Carvalho – Licenciado em História pela Universidade Federal de Ouro Preto.
Em 2017 lecionou na turma de licenciatura (Pedagogia, História e Letras) do Departamento de Educação- DEEDU/ICHS/UFOP. No ano seguinte, desenvolveu seus trabalhos de manuseio e transcrição de documentos avulsos pertencentes ao Arquivo Histórico da Câmara de Mariana/MG. Após sua formação acadêmica (2018), obteve duas aprovações nos processos seletivos para cursar disciplinas como aluno especial no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Espírito Santo, PPGHIS/UFES. A primeira aprovação ocorreu em agosto de 2019 e a segunda em março de 2020. Já em 2021, seu artigo intitulado: Memória e História – Análise do documentário Que Bom Te Ver Viva foi aceito e publicado na revista Horizontes Históricos do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Sergipe, UFS.
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