Categories: Meio Ambiente

Instituto Nacional da Mata Atlântica no ES ganha força

 

 

A existência do Museu de Biologia Professor Mello Leitão em Santa Teresa motivou a escolha do ES para receber o Instituto da Mata Atlântica. Foto: Divulgação / Nill Jorge

Bruno Lyra

O Espírito Santo deu um passo importantíssimo para se tornar a principal referência nas pesquisas e, consequentemente, na orientação das políticas de conservação e recuperação da mata Atlântica, bioma onde vive cerca de 70% da população brasileira, abrange 17 estados e é um dos mais ameaçados.

É que finalmente foi regulamentado o Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), cuja sede fica em Santa Teresa, cidade das montanhas capixabas onde nasce o rio Reis Magos, que até o fim de dezembro deve ajudar a abastecer o município da Serra.  A regulamentação do INMA foi publicada em decreto federal do último dia 18 de outubro, que finalmente reconheceu o Instituto como uma das unidades de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Do Movimento de Defesa do Instituto Nacional da Mata Atlântica (MOVEINMA), o pesquisador Sérgio Lucena disse que um dos efeitos práticos é a garantia de recursos para o funcionamento e ampliação das atividades do Museu de Biologia Professor Melo Leitão.  O decreto tira o Museu de uma espécie de indefinição jurídica, pois antes da criação do INMA o Mello Leitão estava sob responsabilidade do Ministério da Cultura.

Cerca de 80 mil pessoas visitam o museu todo ano, sendo que boa do público é de estudantes. Foto: Arquivo TN/Bruno Lyra

O Mello Leitão fica em Santa Teresa e foi fundado em 1949 pelo cientista e ambientalista capixaba Augusto Ruschi (1915 – 1986), patrono nacional da ecologia e referência mundial na luta pela preservação ambiental. O Museu guarda parte expressiva da vasta obra de Ruschi e ainda é um dos principais pontos turísticos, de pesquisa e educação ambiental do ES, recebendo anualmente cerca de 80 mil visitantes.

Mesmo assim, em junho último, chegou a ser fechado para visitação. Fato inédito em seus 67 anos de história.

Lucena, que também é professor da Ufes e há anos desenvolve um projeto de conservação do macaco muriqui na mata Atlântica, disse que o decreto também vai permitir a manutenção das bolsas dos 17 pesquisadores  que atuam no local.

E que ainda será possível a incorporação de novas bolsas e também a realização de concursos públicos para a formação de um corpo efetivo de cientistas ligados ao Instituto. E até mesmo a migração de pesquisadores efetivos de outras instituições para o INMA.

Polêmica do nome e escolha da nova direção

Uma das polêmicas relacionadas à criação do Instituto seria a suposta extinção do nome do Museu Mello Leitão. Quanto a isso, Lucena defende que o nome do Museu seja mantido e crê que é isto que deverá acontecer.

“A tendência é a manutenção do nome Melo Leitão e a preservação de sua função de expor a obra de Ruschi e de exemplares da fauna e flora da mata Atlântica.  Ele é uma parte do Instituto, que no futuro precisará de um espaço físico maior para o desenvolvimento das pesquisas com a incorporação de um corpo técnico e científico mais numeroso”, explica.

E já há inclusive uma área de 119 hectares cedida pela Prefeitura de Santa Teresa na localidade de Aparecidinha para receber futuras instalações do INMA. Ela fica a cerca de 7km do Mello Leitão, nas nascentes do rio São Pedro, que abastece a zona urbana de Santa Teresa. O terreno já teve parte da sua área reflorestada sob a coordenação do ativista e ex-secretário de Meio Ambiente da cidade, Nilton Broseghini.

Agora o próximo passo do INMA é a definição da direção. Por enquanto segue respondendo pelo Mello Leitão, Hélio Boudet Fernandes, que há anos dirige o museu.

A Sociedade dos Amigos do Museu de Biologia Melo Leitão (Sambio), assim como os representantes do MOVEINMA, defendem que o Ministério da Ciência e Tecnologia constitua uma comissão de cientistas para a partir daí definir um nome e um pesquisador experiente, de notório saber e contribuição nas áreas da atividade fim do Instituto, assim como já é feito em outras instituições de pesquisa do país.

Campanha

A Sambio, que é presidida pelo pesquisador Arlindo Serpa, publicou em sua página no Facebook que agora “vai lutar pela publicação do Edital de Busca do Diretor do INMA”.  A entidade recentemente fez um abaixo assinado na internet pedindo a regulamentação do INMA e, depois de conseguir adesão de milhares de apoiadores e cientistas até de fora do país, entregou o documento ao MCTI.

Redação Jornal Tempo Novo

O Tempo Novo é da Serra. Fundado em 1983 é um dos veículos de comunicação mais antigos em operação no ES. Independente, gratuito, com acesso ilimitado e ultra regionalizado na maior cidade do Estado.

Últimas postagens

Stação Spacial abre as portas para criação, troca e cultura na Serra

Fredone começou sua trajetória artística no graffiti, inspirado pelo skate e pela cultura hip hop nos anos 1990/ Divulgação A…

2 horas atrás

Lagarto teiú é resgatado em escada de casa na Serra

O animal estava saudável e sem ferimentos/ Divulgação Fiscalização Ambiental Um lagarto teiú foi resgatado na manhã desta sexta-feira (24)…

2 horas atrás

Derrubada do Mastro na Serra nos bairros Pitanga e Santiago no fim de semana

A tradição e a cultura vão tomar conta da Serra neste fim de semana com a Derrubada do Mastro, evento…

4 horas atrás

Sejus confirma prisão de homem detido duas vezes na mesma semana por furto na Serra

Três dias antes de furtar um caminhão, Paul Saymon foi detido suspeito de roubar uma bicicleta/ Reprodução Redes Socias A…

4 horas atrás

Homem foi morto na Serra por cobrar dívida de R$ 400 de aluguel

Após matar Pedro Paulo a facadas, Robert é visto pelo Cerco Monitoramento trafegando com a moto roubada da vítima/ Reprodução…

4 horas atrás

Investir para viver bem: a importância do planejamento financeiro na terceira idade

Com o aumento da expectativa de vida no Brasil, planejar financeiramente o futuro tornou-se uma questão essencial para garantir qualidade…

5 horas atrás