Os moradores de um condomínio da Serra estão preocupados com a ‘invasão’ de cobras peçonhentas na área do residencial, que fica em Jardim Limoeiro, na Serra. Somente na última semana, foram cinco filhotes de Cobra coral que apareceram na área do Parque dos Pinhos II, o que tem deixado pais de crianças de cabelo em pé.
Vale ressaltar que, existem duas espécies de cobra coral: a verdadeira, que é extremamente venenosa, e a falsa, que é praticamente inofensiva. E no caso, do Parque dos Pinhos, a cobra é a verdadeira, portanto, é necessário ter muito cuidado.
Na manhã desta terça-feira (7), um morador viu uma Coral verdadeira, se mexendo embaixo do seu carro. “Fui olhar melhor e ela meio que se enterrou em meio a terra ao bloco de cimento. Nossa preocupação maior é com as crianças, se uma delas pisa sem ver numa cobra dessas, pode ser fatal. Precisamos que o poder público faça uma varredura aqui. Por que da última vez que vieram não acharam as cobras, porque elas estavam escondidas, e falaram que caso aparecesse era para gente capturar. Não podemos capturar uma cobra dessas, não sabemos como manejar”, disse um morador que não quis se identificar.
O Tempo Novo ouviu o biólogo Claúdio Santiago que confirmou que trata-se de uma coral verdadeira. “Trata-se da Micrurus corallinus que é extremamente perigosa e uma das mais venenosas em território brasileiro”, disse Cláudio.
Santiago disse que apesar de ser pequena, a Coral tem uma boca pequena e os dentes miúdos e dificilmente irá atacar alguém. “Mas pode acontecer de alguém pisar, sentar em cima, ou encostar a mão sem querer e se acontecer um acidente é extremamente sério. Essa peçonha é uma das mais sinistras que existem. Pode matar até uma pessoa adulta, se não matar, no mínimo vai dar um prejuízo muito grande”.
As corais vivem embaixo de folhas, embaixo de blocos, preferem ficar escondidas e se alimentam de lesmas, cobra cega, minhoca, lagartinhas. “É considerada uma das mais venenosas que temos no Brasil. A toxicidade da peçonha dela é muito forte e ataca o sistema nervoso, então não é como a jararaca que destrói tecido. Em caso de mordida de Coral, a instrução é procurar socorro urgentemente e rápido. O veneno dela age deixando a pessoa com dormência, visão turva, disfunção motora, depois não consegue falar, não consegue respirar e o coração começa a falhar. É muito tóxico é preciso ter muitíssimo cuidado”.
Cláudio disse ainda que seria interessante que os órgãos ambientais façam uma varredura na área para encontrar as cobras. “Principalmente porque se tem crianças brincando nessas áreas. Por mais que se avise e que se alerte, criança é criança e precisamos zelas por elas”.
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O recolhimento de animais silvestres pode ser acionado por meio da Secretaria de Meio Ambiente da Serra que atende pelo telefone 27 3291-7413.
A reportagem procurou a Prefeitura da Serra para falar sobre o assunto. Por meio de nota o município disse que a Secretaria de Meio Ambiente (Semma) informa que enviou, neste momento, uma equipe ao local para averiguar e tomar as providências necessárias. Além disso, o condomínio pode agendar uma ação de educação ambiental sobre a presença de animais silvestres, através do e-mail dea.semma@serra.es.gov.br ou pelo site da prefeitura, seguindo o caminho: Secretaria de Meio Ambiente, Educação Ambiental, Agendamento.
Atendimento para casos de acidentes
No ES, existe o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) que possui atendimento 24 horas por dia pelos telefones 0800 283 9904.
O Centro é um importante componente na promoção da assistência toxicológica. Por meio do teleatendimento, orienta e presta assistência ao paciente que foi exposto a algum agente tóxico. Cerca de 80% das pessoas que ligaram para o CIATox, receberam orientações no local e, assim, não houve necessidade de ir até um serviço de saúde.
Todos os acidentes com animais peçonhentos devem ser avaliados nas unidades básicas de saúde. Se envolver mordidas com perfuração, sangramento ou sintomas como formigamento, dor intensa e inchaço, a orientação é procurar imediatamente uma UPA.
Os municípios são responsáveis por armazenar e distribuir os soros (antiofídicos, antiescorpiônico e aracnídeo). Os critérios de utilização são definidos pelo governo do Estado, por meio do Centro de Intoxicação e as doses são ministradas nos hospitais Infantil e Jayme dos Santos Neves.