Yuri Scardini
“Nos orgulhamos desta invicta terra, recamada de glória e de beldade. E havemos de fazer de nossa Serra um sublime rincão, linda cidade […] avante serranos, trabalharemos confiantes num porvir mais bonançoso. A bem da Serra, unidos, caminhemos, para poder alcançar viver ditoso […] Não espero que percamos este ensejo. De rever nossa Serra mais querida”.
Estes são trechos do hino da Serra, um dos elementos de formação de identidade de nossa cidade, mesmo que desconhecido para grande parte dessa população que provém do caos migratório a partir dos anos 70. O hino foi escrito pelo professor Jaime de Abreu nos anos 60. A letra foi pensada para homenagear serranos ausentes. Mas talvez, nunca tenha sido tão contemporânea.
Ausência. É o sentimento que permeia o coração daqueles minimamente ligados com a vida, a história e o tempo da Serra. Paradoxalmente, essa ausência é representada exatamente por quem deveria nos representar. O extratado político mais próximo da população, ou seja, a Câmara e seus vereadores que deram as costas para seu povo, num processo político peçonhento e fisiológico, que já sobrepujou para a justiça e a polícia e caminha a passos largos para a tragédia.
Vereadores resgatem sua lucidez e olhem por aqueles que vivem as mazelas existenciais. Ainda há tempo de resgatar a si desse processo de embriaguez do poder e do abismo ególatra. Prefeito e vereador um dia passarão, tornando-se elementos de um passado vetusto. Mas o legado deixado por cada ficará. Como querem entrar para a história? Não vale tudo pelo poder.
Que haja diálogo entre os Poderes. A política da Serra ficou personalista à beira da irracionalidade. Voltamos ao século passado através dessa bandalheira. Conversando com figuras mais tradicionais do município, observa-se a lamentável vergonha ao falar da Câmara. Conversando com suplentes de vereadores, observa-se o alívio da reserva. Uma cidade tão próspera, uma pena.