Clarice Poltronieri
Domingo é Páscoa, data que no calendário cristão marca a ressureição de Jesus. E, mesmo com toda a modernidade, ainda há quem preserve as tradições passadas de geração em geração, em especial na religião católica. Jejum de carne e álcool, torta de bacalhau e palmito e até resguardo na Sexta da Paixão são exemplos de como muitos serranos encaram este período.
Flávia Garcia Schineider Ribeiro Rosetti, de Colina de Laranjeiras, aderiu há 10 anos à dieta da Quaresma, onde fica 40 dias sem consumir algo de que gosta muito.
“Comecei com a quaresma de carne e só comia ovo e peixe. Este ano fiz de álcool. Todo ano escolho algo de que gosto e abro mão. Só volto a consumir quando chega o Domingo de Ramos, depois de participar da procissão. Antes eu ficava até o sábado de Aleluia. Mas na Sexta da Paixão também deixo a carne de lado e mantenho a tradição de meus avós, fazendo torta de bacalhau.Todo esse sacrifício é em agradecimento pela vida”, explica.
Em Laranjeiras, Ilma Borges, mantém as tradições católicas. “Sempre deixo de fazer alguma coisa que gosto muito durante a semana santa. Evito tomar minha cerveja, faço alguns jejuns na quaresma. É como um desafio para mim e agradecimento à vida. E na sexta-feira da Paixão reservo o dia para meditação, evito limpar casa ou trabalhar e não como carne. Para mim é sagrado. Essa época é para refletir sobre a nossa existência humana e ter esperança e gratidão, por isso é preciso se guardar”, narra.
Na casa de Shirley Paulina Covre e Devilson Almeida, em Jacaraípe, a tradição fica por conta da torta capixaba, que é preparada por ele. “Ele é filho de pescador e trouxe essa tradição para nossa família. A torta é preparada por ele, eu só ajudo a cortar os temperos. E a nossa torta é sem mariscos, só com bacalhau e palmito. Fazemos uma reunião em família e convidamos alguns amigos para compartilhar e agradecer”, conta Shirley.
E ela ainda faz seu sacrifício pessoal. “Faço jejum de carne toda sexta-feira durante a quaresma e na sexta da Paixão, fico em jejum o quanto eu aguento”, finaliza.