Clarice Poltronieri
Jejum de carne vermelha, reunião de família para produção da torta capixaba, caça aos ovos… Estas são alguns costumes que a Páscoa traz para as famílias que, mesmo com as profundas mudanças sociais, buscam manter vivas tradições de várias gerações durante a Semana Santa, época emblemática para o mundo cristão, onde é lembrada a morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Para Bianca Carla Paredes, de Morada de Laranjeiras, é hora de passar para os filhos tradições que seus pais ensinaram. “Meus pais escondiam ovos para eu e minha irmã encontrarmos, quando crianças. Agora faço o mesmo para meu filho e minha sobrinha. Também comemos torta capixaba, salada de bacalhau com batata e faço um ovo de travessa como sobremesa”, relata.
Na família de Raquel Vieira Ribeiro, de Cidade Continental, a tradição é se juntar para fazer a torta na casa da matriarca. “Desde o tempo de minha avó, que vivia em Muribeca, os filhos se reuniam na quinta-feira para fazer a torta capixaba. Agora, a tradição é irmos para a casa de minha mãe em Bicanga. Juntamos os sete irmãos para fazer a torta e passamos o feriado inteiro juntos. Já chegamos a produzir 10 tortas”, narra.
A centenária Cecília Schunk, moradora de Feu Rosa, passou para os filhos a tradição da torta que veio da avó. “Minha avó fazia todo ano e passou a tradição para minha mãe, que levou o costume de Domingos Martins para São Rafael (Linhares), e ela passou para mim. Hoje quem faz são meus filhos, pois não consigo mais fazer”, relata a idosa que tem 100 anos.
E a filha de Cecília, Izélia Bonelli, conta como é o ritual: “Aqui fazemos a torta na sexta, mas quando morávamos na roça, fazíamos na quinta e na sexta, pois não tinha proibição e tirávamos o palmito da mata. Esse é o momento de reunir a família, mas agora nem sempre conseguimos juntar todos da família”, observa.
Shirley Paulina Covre, de Jacaraípe, mantém algumas tradições e se lembra de costumes estranhos. “Meu marido faz a torta e eu fico sem comer carne do Domingo de Ramos até o Domingo de Páscoa. Antigamente, havia costumes de não pentear cabelo e nem varrer casa na Sexta-Feira Santa”, lembra.