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Jogo engrossa na Câmara da Serra e eleição da Mesa Diretora pode ser antecipada

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Os 13 vereadores que assinam o requerimento. Arte: Ana Paula Bonelli

A pré-eleição interna da Câmara da Serra já está em pauta formal na Casa. Isso porque, na tarde desta segunda-feira (4), 13 vereadores deram entrada com um pedido de antecipação da Eleição da Mesa Diretora, que seria adiantada de 19 de novembro para os próximos sete dias, contados a partir da data do protocolo.

Movimento muito brusco e que escancara as negociações internas visando a escolha antecipada do próximo presidente do maior Poder Legislativo Municipal do Espírito Santo.

De um lado um grupo que ainda mantém aliança com o atual presidente, Rodrigo Caldeira, que quer emplacar um sucessor; do outro, um grupo que se rebelou após o racha interno envolvendo o ex-controlador geral Fabrício Alves de Oliveira, popularmente conhecido como Fabricinho.

Este último, arrebanhou vereadores de várias denominações partidos e orientações políticas, patrocinando ao lado de Saulinho da Academia (Patriota), um movimento para rifar Caldeira e seus aliados do poder na Câmara.

Saulinho foi o escolhido pelo grupo dos 13 para encabeçar a disputa e tentar ser o próximo presidente; informações internas apontam para um jogo político pesado e que envolve quantias generosas de esforços para aglutinar demais parlamentares.

No meio político, não é novidade para ninguém que a eleição da Câmara seria conturbada e recheada de grandes somas de dedicação, em especial, após Rodrigo se definir como pré-candidato a deputado federal e ainda estar impedido pelo Regimento Interno da Câmara de tentar a reeleição.

O grupo dos treze é formado por Adriano Galinhão (PSB), Serrinha (PDT), Jefinho do Balneário (PL), Elcimara Loureiro (PP), Fred (PSDB), Raposão (PSDB), Paulinho do Churrasquinho (PDT), Rodrigo Caçulo (Republicanos), Saulinho da Academia (Patriota), Sérgio Peixoto (Pros), Wellington Alemão (PSC), William da Elétrica (PDT) e William Miranda (PL).

Este grupo é politicamente andrógeno e agrega vereadores ligados grupos políticos distintos e a deputados estaduais com domicílio eleitoral na Serra. O que é bastante curioso, já que dentro de um arranjo municipal, são líderes que se conflitam, o que demonstra características fisiológicas; nada também muito diferente do grupo oposto, liderado por Rodrigo.

Ou seja, é um movimento predominantemente interno dos vereadores, com interferências externas não tão intensas como no passado recente, se comprado as últimas eleições.

Ao que indica a tônica da eleição está pautada em altas cifras de rivalidades, que fizeram com que os dois grupos entrassem em rota de colisão. Rodrigo, que sempre conseguiu manter vereadores bem atendidos em suas demandas parlamentares, se vê agora diante de um grupo que sabe jogar o mesmo jogo; e tem conseguido unir aliados sob a égide de valores igualmente sólidos, como o sentimento de renovação e de repartição de poder interno advindo da alternância do comando da Câmara.

A união de Fabricinho e Saulinho tem gerado bons frutos para parlamentares desejosos por renovação; já Rodrigo, muito concentrado na pré-eleição para deputado federal, tem dividido esses esforços com a manutenção de uma base de apoio para não perder as rédeas.

Para que a eleição interna seja objetivamente colocada em pauta é preciso que o documento passe pela Procuradoria, Comissão de Justiça e outros trâmites antes de ser aprovada em plenário. Entretanto, se tratando da Câmara da Serra, não é possível excluir situações imprevisíveis; nos últimos anos, elas vem se intensificando, ainda mais quando se vê o empenho em governar uma Câmara com orçamento de R$ 40 milhões; montante que se bem aplicado nas boas práticas administrativas, pode dar muita visibilidade e poder ao vereador regente.

O multiverso da Câmara, só que real

Não é um filme de gênero ficcional, mas uma tragicômica história baseadas em fatos reais. Há algum tempo a Câmara da Serra é protagonista de cenas impróprias para maiores de 18 anos.

Como por exemplo, quando o ex-vereador Aldair Xavier (então PTB) em 2014 se despiu dentro do plenário como forma de protesto contra um projeto que exigia uma nova eleição da Mesa Diretora.

Ou nas disputas entre os ex-vereadores Guto Lorenzoni e Neidia Maura (idos de 2015); ou na sequência de conflitos de baixo calão em 2016 que aprovou a nomeação de Guardas Municipais, quando até a energia elétrica da Câmara foi cortada e a PM foi acionada para impedir a glaciação de vereadores.

Ou quando parlamentares fizeram uma sessão na rua, que beirou a clandestinidade, para autorizar um empréstimo a pedido do Poder Executivo, já que a oposição tinha passando corrente e cadeado nos portões da Câmara.

Ou a fatídica eleição de 1º de janeiro de 2017 quando a então presidente Neidia pulou de grupo no último momento da eleição e causou algumas das cenas mais vergonhosas,

desastrosas e violentas do Legislativo Municipal.

E mais recentemente as decisões judiciais que derrubaram, depois reconduziram e depois derrubaram novamente Neidia do poder;

E mais recentemente ainda, a guerra institucional entre Caldeira, já na condição de presidente, contra o ex-prefeito Audifax, que gerou uma crise institucional sem precedentes;

E que neste ano foi sumariamente deixada de lado, no mais autêntico pragmatismo políticos, após com uma cordial e nada ingênua visita de Audifax a Câmara, que gentilmente confraternizou com Rodrigo Caldeira, de quem trocou acusações mútuas de crime organizado.

Fato é: antecipação da eleição da Câmara posta na mesa, às vésperas do pleito nacional e que tem tudo para escrever novos capítulos do tragicômico multiverso em que a Câmara se afundou, com personagens já conhecidos, com os ex-amigos Rodrigo Caldeira e Fabricinho em lados opostos; Vidigal no lugar de Audifax na Prefeitura, e personagens novos, como Saulinho brigando firme pelas cabeças, entre outros.

Para quem quer a benção de ser presidente da Câmara, precisa olhar com mais cuidado a maldição

Um alerta, lembre-se da maldição da cadeira de presidente da Câmara da Serra: Adir Paiva e as nacionalmente conhecidas cadeiras massageadoras (2005-2006); Aloísio Santana e o aumento dos salários de vereadores, que não foi perdoado nas urnas (2007-2008); César Nunes, que sofreu por anos para se defender de processos dos órgãos de controle (2009-2012); Guto Lorenzoni (2013-2014) que está aí tentando se reerguer na política; Neidia Maura (2015-2018) condenada em 1ª instância a 5 anos de prisão… e segue o baile.

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